Os demônios

Os demônios Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Os Demônios


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Irene 30/01/2019

Uma brilhante aproximação das ideologias políticas surgidas no Séc. XIX
Dostoiévski sempre teve uma capacidade incrível de trabalhar com os fatos históricos para montar uma narrativa profunda e densa. Em ?Os demônios?, longe de ter um juízo pré-concebido sobre um determino grupo que emergia na Rússia da segunda metade do século XIX, o autor busca compreender a complexidade psicológica das personagens em sua articulação com os eventos políticos de então. Ler esta obra como uma denúncia das ideologias autoritárias que surgiriam décadas depois é superficial. Dostoiévski não estava interessado em dar sua opinião, mas sim desenvolver uma rede de relações de personagens que pudessem retratar de forma mais dialética as ideias que estavam se formando então, com suas contradições e incertezas, mas nem por isso inválidas em sua visão. ?Os Demônios? é muito mais do que um julgamento, é uma massiva obra de análise histórica, com todas suas nuances e caminhos oblíquos que o escritor russo sempre gostou de percorrer.
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Lismar 27/02/2018

Um livo de demonologia psicológico
Provavelmente o livro mais difícil que já li.
Não vou negar, encarar Os Demônios não foi fácil, pois possui muita informação, personagens, eventos, diálogos longuíssimos e complexos, apresentando filosofias e ideologias aos borbotões que suga bastante a energia do leitor.
É um livro em que Dostoievski não possui pressa alguma em desenvolver seu calhamaço, uma decisão que pode fazer que alguns leitores a achem bastante cansativo, pois são as passagens em que os personagens são apresentados, e ficamos sabendo de seus históricos, relacionamentos e modo de vida, ou seja, são passagens em que o autor põe as peças nos tabuleiro.
Mas são nesses momentos em que um gênio se sobressai, onde um autor limitado fracassa.
Ao longo desse desenvolvimento o russo fica inserindo elementos que vão aguçando o interesse do leitor, como a expectativa pela chegada de certos personagens.
Após essa fase o livro pega fogo, sempre tendo em vista o ritmo do autor: diálogos afiadíssimos e filosofias impactantes.
Contudo, como já disse anteriormente, não foi parada fácil. caso decida enfrentá-lo vá bastante descansado, relaxado e tranquilo. A sensação pós leitura é de que foste atropelado por um rolo compressor.
E sem falar nos debates contidos no produto. Dosto decide abordar temas espinhentos demais, como uma discussão entre dois niilistas sobre o suicidio. Cacete, pesado demais. Se fores sugestível ao tema, não aconselho a leitura, pois aqui o escritor atinge um local bastante perigoso: o psicológico. A maestria dele é tão impressionante que é capaz de tu leres isso, e pensar "ei, isso faz sentido". Completamente aterrador.
Apesar de ser a única obra de Dostoiévski com fins panfletários foi a que eu mais adorei. Sim, inclusive achei melhor que Crime e Castigo. Apesar deste ter me impactado bastante, mas não como em Os Demônios.
Mas voltando ao título em si, este é uma crítica ao Niilismo. Principal ideologia dos personagens integrantes de uma célula socialista que visam abalar os alicerces da Rússia através de ações terroristas e subversivas; e como ponto de partida decidem fazer uma experiência na cidade presente no livro. Nisso, seus integrantes recorrem a assassinatos, incêndios, divulgação de panfletos revolucionários e à corrupção e deterioração do modo de vida russa: a religião, família e cultura.
A edição da editora 34 é belíssima, em brochura, mas um pouco pesado, além de apresentar umas gravuras perturbadoras em seu interior. A tradução é muito boa, fazendo que a leitura flua bem, além de muitas notas de rodapé, com explicações e referências que Dostoievski baseou-se para criar seus folhetins.
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Bruna 19/10/2017

Uma obra magnífica, após ler vários livros de Dostoiévski faltava esse romance psicológico escrito em 1872,que motivou o autor a escrever baseado em um fato verídico ocorrido na Rússia, ao qual um estudante metido em causas socialistas radicais,foi assassinado por discordar das ideias do grupo que ele integrava.

Stiepan Trofímovitch um intelectual respeitável,ex professor que nutria uma estranha amizade com uma viúva rica e influente na sociedade local, Varvara Peitrovna,essa não só o admirava por sua inteligência,mas também o sustentava,entre eles existia uma amizade longeva.
Nikolai Vsievolódovitch filho de Varvara, e Piotr Vierkhoviénski filho de Steipan Trofímovitch que estudavam fora,voltam a cidade,eles faziam parte de um grupo revolucionário niilista, e tinham um plano arquitetado,uma revolução social e política.Porém, tinham medo que um dos integrantes do grupo os denunciassem, e então tiveram a pérfida e cruel ideia de matá-lo,e assim fizeram.
A partir desse ponto todo o grupo se desestrutura, e vamos desvendando os personagens, sentindo a consciência cobrar cada um dos membros,seu medos e demônios sobem à tona.
No apêndice do livro,que só foi publicado após a morte do autor,por ser considerado muito realista pela editora ,fazendo que Dostoiévski na época reescrevesse o texto várias vezes, no intuito agradar a editora,mas não conseguiu que fosse aceito.
No apêndice vemos Nikolai Vsievolódovitch bastante perturbado, pela consciência, ele procura o bispo que vivia em um mosteiro e faz um catarse, confessando todos seus crimes inconfessáveis.
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Andrade 10/07/2017

NIILISMO,CAOS E SOCIALISMO..
“Os Demônios é um livro escrito por Dostoiévski em 1872. A obra foi motivada por um episódio verídico: o assassinato do estudante I. I Ivanov pelo grupo niilista liderado por S. G Nietcháiev em 1869.”
O enredo se passa em Petersburgo, no século XIX, onde o Niilismo era muito presente. Então o que é o niilismo? O niilismo é uma filosofia que acredita que a vida não tenha significado. Não é um livro que agrade a todos, pois no mundo de Dostoiésvki nos deparamos com o caos, onde muitos leitores não estão acostumados. Dostô também fala muito sobre o socialismo, então o que o socialismo trouxe? Destruiu as velhas forças e não introduziu novas.

Citações:
Para mim a felicidade não é vantajosa, porque logo me meto a perdoar todos os meus inimigos. (Página 622).
O homem é infeliz porque não sabe que é feliz. (Página 238).
Haverá toda a liberdade quando for indiferente viver ou não viver. (Página 120).
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Volnei 07/07/2017

Os demônio
Esta é uma obra difícil de ser compreendida pois o autor não segue uma linha lógica de raciocínio, muito comum em outros romances. Não consegui chegar ao fim do texto pois ao chegar na metade do livro ainda não tinha me ambientado na história
Wayner.Lima 05/08/2020minha estante
Se não concluiu a leitura não devia classificar o livro.




Tiago 25/03/2017

A SINFONIA DO TORMENTO
No século XIX centenas de grupos revolucionários radicais – niilistas, socialistas e anarquistas – agitaram o cenário político da Rússia imperial. Em 21 de novembro de 1869 o estudante S.G. Nietchaiev, na companhia de mais quatro membros da organização “Justiça sumaria do povo” (Naródnaia Raspava) assassinaram o estudante I. I. Ivanov. O crime teve repercussão em todo o país. Preocupado com os rumos destrutivos dos movimentos da esquerda radical, Dostoievski escreve o magistral romance “Os Demonios”, cujo objetivo é expor a face dos verdadeiros demônios da sociedade de sua época: o fanatismo, a busca por dominação absoluta, a subordinação total do individuo a lógica e ao rigor cientifico e o estoicismo político diante de um propósito comum. O próprio ateísmo é duramente atacado pelo autor que defende a importância da fé religiosa na constituição de uma esfera moral. Embora se trate de um conceito primitivo e contestado por filósofos contemporâneos, como o francês Jean Paul Sartre, essa noção de que a fé purifica o homem ganhou ressonância nas palavras de um grande escritor. Não se trata apenas de uma reprodução literária de um fato real ou de uma simples propaganda antirradical e anti-ateísta. Dostoievski vai muito além desse conceito inicial criando uma obra que explora os perigos da sociedade russa de sua época.
Stiepan Trofimovitch é um professor acadêmico que havia construído uma carreira promissora no exterior. Apesar desse seu aparente sucesso profissional seus dois casamentos haviam sido um fracasso. Devido a “um turbilhão de circunstancias” - que o narrador não acha apropriado esclarecer - Stiepan é afastado de seu cargo na universidade e parte para a propriedade Skvoriechniki, uma magnífica fazenda da família Stavroguin. A proprietária era uma rica viúva chamada Varvara Pietrovna Stavroguina, amiga de longa data de Stiepan, descrita como ossuda, de rosto longo e “rancorosa ao ponto do improvável”. Ambos possuíam uma estranha relação de amizade. No passado Stiepan havia recusado duas propostas da rica e solitária viúva para que se encarregar-se da educação particular de seu único filho. Após a morte de sua segunda esposa Stiepan, sem emprego e sem saída, resolve aceitar o convite.
Assim que chega a Skvoriechniki, Stiepan se encontra diante de uma segunda proposta, dessa vez de casamento. A ideia teria partido da própria Varvara que queria unir Stiepan a uma mulher chamada Daria Pavlovna. Varvara escondia suas reais intenções por trás dessa união arranjada: circulavam rumores de que seu filho já havia tido um relacionamento com Daria no passado e diante da expectativa do seu retorno, Varvara pretendia retirar Daria do caminho de seu único herdeiro. Stiepan, que parecia nutrir um amor platônico por Varvara sofre com a ideia do casamento, mas não encontra meios de recusar a união. Esse dilema familiar que inicia a obra “Os Demônios” se arrasta até o primeiro marco importante da obra: a recepção oficial do noivado de Daria e Stiepan. Aqui os dois principais personagens aparecem: Piotr Stiepánovitch e Nicolai Stavróguin, filhos de Stiepan e Varvara respectivamente.
Nicolai, um jovem de 25 anos, bastante conhecido por sua libertinagem havia levantado suspeitas depois que um envelope com dinheiro enviado em seu nome a Maria Timofêievna, uma mulher extremamente magra, de pescoço longo, coxa e aparentemente louca, havia sido interceptado pela própria Varvara. Os boatos de que Nicolai teria se casado em segredo com Maria preocupavam sua mãe que traçava planos diferentes para seu filho. Esse típico drama familiar da sociedade europeia do século XIX é apenas um preâmbulo do magistral romance de Fiodor Dostoievski.
Dividido em 23 capítulos e três partes a obra possui um imenso quadro de personagens, todos eles descritos em sua forma física, moral e social, tendo, portanto uma densidade absurda e fascinante. Essa construção em três dimensões expõe uma valorização estética, que na realidade está subjugada ao conteúdo moralizante da obra. Trata-se, sobretudo, de um romance da moral, aqui analisada em termos políticos é praticamente condicionada aos valores religiosos do individuo como ser social.
O que começa como uma espécie de crônica do mundo burguês, cômica e com certa dose de sarcasmo, sofre uma reviravolta espetacular a partir da terceira parte, marco clássico da obra, onde cada personagem se desdobra e revela sua verdadeira identidade moral. O autor se vale de sua genialidade criativa e nos expõe a verdade por trás da face social de cada personagem, alimentando o típico comportamento humano de consolidar a impressão inicial como uma verdade absoluta. É ali que os verdadeiros focos da narrativa emergem em sua plenitude: o niilismo - movimento caracterizado pela descrença absoluta -, e o radicalismo revolucionário.

Stepanovitch e Stavróguin fazem parte de um grupo niilista de proporções internacionais que os encarrega de iniciar uma revolução na cidade onde vivem. Juntos eles formam um grupo radical de indivíduos desprovidos de qualquer traço moralizante, movidos unicamente por um propósito comum. Chigalov, o ideólogo do grupo, teoriza um método de governo extremamente autoritário onde nove décimos da sociedade seria submetida ao controle rigoroso do décimo restante, composta pela elite intelectual.
“No esquema dele [Chigailov] cada membro da sociedade vigia o outro e é obrigado a delatar. Cada um pertence a todos, e todos a cada um. Todos são escravos e iguais na escravidão, nos casos extremos recorre-se à calúnia e ao assassinato, mas o principal é a igualdade. A primeira coisa que fazem é rebaixar o nível da educação, das ciências e dos talentos. O nível elevado das ciências e das aptidões só é acessível aos talentos superiores, e os talentos superiores são dispensáveis! Os talentos superiores sempre tomaram o poder e foram déspotas, sempre trouxeram mais depravação do que utilidade; eles serão expulsos ou executados. A um Cícero corta-se a língua, a um Copérnico furam-se os olhos, um Shakespeare mata-se a pedradas – eis o Chigaliovismo.”
Kirilov, tomado pelo “demônio de voluntarismo”, defende a teoria segundo a qual o homem que comete suicídio se torna Deus:
“Se Deus existe, toda vontade lhe pertence, e fora dessa vontade nada posso. Se ele não existe, toda vontade me pertence, e devo proclamar minha própria vontade. (...) Tenho que meter uma bala na cabeça porque o suicídio e a manifestação suprema da vontade.(...) Deus é a dor do medo da morte. Quem vence a dor e o medo se tornará Deus.”
Chátov acredita na existência de um “Deus nacional”, sendo este representado pela supremacia de um grande povo sobre os povos restantes. Além destes estão Virguinski, Liputin, Tolkatchenko, Erkel, e os dois protagonistas: o libertino Stavróguin e o insuperável Stepanovitch, a mente mais perversa da obra e um dos personagens mais diabólicos da literatura universal. Todos eles se admiram e se odeiam com igual intensidade dentro de um circulo restrito onde a idéia de revolução se deforma diante de uma lógica tão absurda que se torna destrutiva. Para cada um deles a violência é o aparo lógico de um dogmatismo que, apesar de embrionário, já manifesta sua natureza refrataria e intolerante. O ceticismo radical que os domina só realça o típico ser dostoievskano, em movimento constante entre a certeza e a incerteza.
Da terceira parte em diante o romance mergulha num turbilhão de conspirações, assassinatos, traições, suicídios até atingir o ápice da narrativa: o incêndio que toma conta da cidade e cujo objetivo era desviar a atenção da população para longe do assassinato brutal que acontecia dentro de uma das residências de um quarteirão afastado. Vemos uma sequência de atos deploráveis e indescritíveis, como o abuso de uma menina de apenas doze anos por um dos integrantes do grupo e cujo tormento moral o leva ao suicídio. O caos, a destruição, a descrença e o estoicismo fanático dão um ritmo alucinante à narrativa cujo desfecho não poderia ser menos trágico.
Ler “Os Demônios” e adentrar numa narrativa pesada, intrigante e apaixonante do inicio ao fim. Ao perceber que as ações humanas não possuem a moral como regra única, Dostoievski soube explorar esse aspecto negro e moldá-lo como recurso de criação artística antecipando a tragédia que se abateria sobre o século XX, imposta pelos exemplos de fanatismo político e ideológico como o Nazismo e o Stalinismo. Através da exposição dos males da modernidade ele extrapolou os limites de criação literária e compôs o que a historiadora Anna Carolina Huguenin chamou de “sinfonia de vozes atormentadas”.

AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

site: http://cafe-musain.blogspot.com.br/2014/05/a-sinfonia-do-tormento-os-demonios-de.html
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Gustavo.Hjort 07/02/2017

O livro é bom, apenas acho um pouco maçante a forma como ele descreve os cenários e o passado dos personagens. Porém, os diálogos são os melhores que eu já li. Principalmente os diálogos entre Kiríllov e Piotr Stiepánovitch.
Tiago 06/05/2017minha estante
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Franc.Assis 04/01/2017

Impressionante Atualidade
Uma mediana província russa é o palco onde diferentes conceitos de mudanças filosóficas e sociais entram em choque, podemos identificar diversas correntes de pensamento: socialistas, niilistas, socialistas utópicos, fourieristas, anarquistas, cada um julgando ter o sistema melhor para a humanidade. O romance entre Stavróguim e a bela Lisa permeia toda a história, contada de uma forma inovadora e peculiar. Encontra-se nessa obra do genial autor russo elementos profetizadores do que o mundo se tornaria.
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Gustavo Kaspary 31/07/2016

De Kiríllov
Os ''doentes sagrados'' de Dostoiévski são, grande parte, intelectuais atormentados. Se Raskolnikóv sofre por uma ideia, Ivan pela moral e o Homem Subterrâneo pela a incapacidade de lidar frente à realidade, o arbítrio e, por que não, a existência inteira perseguem Kiríllov, um dos personagens mais intrigantes de Dostoiévski.
Ama a vida, mas quer se suicidar; cita a bíblia, mas carrega em seu cerne um ateísmo fanático; e, mais fantástico do que tudo, acredita ser indiferente a todos, mas suas convicções tremem nos momentos decisivos.
Para ilustrar esse ser extraordinário, deixo um diálogo que teve junto a Nikolai Stavogruin, personagem tão complexo quanto, na qual Kiríllov premedita o Homem-Deus, livre de qualquer superstição.

''- Aquele que ensinar que todos são bons concluirá o mundo!
- Aquele que ensinou foi crucificado.
- Ele há de vir, e seu nome é Homem-Deus.
- Deus-Homem?
- Homem-Deus, nisso está a diferença.''

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Tiago sem H - @brigadaparalela 07/10/2014

A história é ambientada em uma província da Rússia, onde começamos a acompanhar a história de Stepan Verkhovenski e sua amizade com Varvara Pietrovna ao longo dos anos. Pela locução de Anton, um amigo de Stepan, serão descritos a sociedade da época, seus costumes, as intrigas e todos os entrelaçamentos decorrentes dos conflitos gerados por seus habitantes.

Nunca pensei que o primeiro livro que leria do autor fosse outro se não Crime e Castigo, até pela importância e fama que a obra tem no meio literário. Graças ao RGBC, Os Demônios passou na frente e mesmo que o livro tenha me consumido quase 2 meses de leitura, foi uma experiência única.

Os Demônios também é conhecido como Os Possessos em edições antigas e como nunca li nada do autor, não tenho padrões para comparar entre suas obras, porém, posso afirmar que o livro é muito atraente. Primeiramente pelas descrições que Dostoiévski faz dos cenários e das roupas da época, o leitor consegue personificar quase com precisão o ambiente criado, além das descrições dos personagens. À medida em que mais e mais personagens são acrescentados à história, temos os detalhes de suas roupas, suas fisionomias e em certos casos até um pouco do seu passado, caso seja pertinente naquele momento e esse padrão vai desde os personagens principais e coadjuvantes a até aquele figurante que tem apenas uma fala.

Temos como núcleo principal no início da história, o desenrolar da estranha amizade de Stepan, um professor aposentado e Varvara, uma viúva muito rica e importante da província, contudo, com o decorrer dos anos e da trama, os núcleos são alterados e logo, a história é focada em Piotr (filho de Stepan) em Nikolai (filho de Varvara) e na sociedade secreta por eles organizada, sociedade esta chamada de Os Demônios.

Desde o primeiro momento, cada personagem, por mais simples que ele seja, irá significar uma peça importante para o quebra-cabeça montado por Fiódor e aquele livro que começou um pouco lento e arrastado, começa a ter uma sequência de mortes importantes para a trama e que deixa o leitor de boca aberta.

O meu grande problema com o livro foram os nomes russos, sendo que lá na metade do livro, não sabia quem era quem...o que tive que fazer? Voltar a leitura toda e fazer anotação dos personagens, ai sim a trama fluiu do jeito que eu esperava e que o livro merecia.

O ponto religioso também terá influência na obra e temos conflitos da existência ou não de Deus entre os personagens, conflitos estes bem sustentados por diálogos inteligentes e sagazes que só quem sabe escrever muito bem é capaz de articular.

Com uma história intricada, que absorve o leitor para a Rússia e permite que ele sinta todo o ambiente criado pelo autor, Os Demônios é um bom início para as obras de Dostoiévski, apesar de que são mais de 700 páginas de narrativa, o que pode cansar a alguns leitores.

site: http://brigadaparalela.blogspot.com.br/2014/10/rgbc-01-os-demonios-fiodor-dostoievski.html
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Franc.Assis 04/01/2017minha estante
Há uma pequena inconsistência: Nietzche não poderia profetizar acerca dos personagens deste livro já que o mesmo o antecede em pelo menos uma década. Na verdade o personagem Kirilov seria quem poderia estar profetizando Nietzche.




Arsenio Meira 28/07/2013

Dostoiévski: gênio e profeta


E o encanto permanece intacto: a experiência de ler mais um Dostoievski foi arrebatadora, apesar do início meio travado, pois a primeira das três partes do livro se arrasta.

Fiódor Dostoiévski apresenta o perfil de alguns personagens, dá algumas pistas sobre o contexto social da Rússia na segunda metade do século XIX, e retrata o ambiente rural de um vilarejo chamado Skvoriéchniki.

A sensação de tédio que toma conta da leitura parece ser proposital, pois não creio que exista algo casual em Dostoievski. Com o cuidado de um pintor de pinceladas lentas e cautelosas, ele vai retratando o lugar pequeno, os intelectuais da província, vidinha sem novidades, gente que vem do exterior, blá-blá-blá sem fim de saraus que não levam a lugar nenhum. Rotina.

É preciso ter paciência. Perseverança. Acredite: é uma beleza a arquitetura desse romance e o leitor paciente será recompensado logo depois.

A primeira parte, aliás, me fez lembrar um texto menor que li deste russo genial, uma novela chamada "A aldeia de Stiepanchikov e seus habitantes", escrita 12 anos antes de "Os demônios" e cujos elementos parecem ter sido usados como matriz para compor o cenário do romance, tanto que um dos personagens principais se chama Stiepan e é um sujeito meio pateta, que posa de grande intelectual, mas que nunca produziu nada de interessante.

Em "Os Demônios", Dostoievski não oferece nada de graça para o leitor. Dois parágrafos acima usei a expressão “dá algumas pistas”, um jeito bom para definir o que ele faz o tempo todo ao longo do romance.

Os confusos e incompletos diálogos da primeira parte contêm indícios do papel que cada personagem irá representar no desenrolar da trama.

A prosa muda de rumo e velocidade a partir do início da segunda parte. Aos poucos, a confusão de falas, ataques histéricos e a multidão de personagens começam a fazer sentido e o leitor vai montando o quebra-cabeça.

Quem já leu Nélson Rodrigues vai identificar fácil, fácil o estilo literário que impactou e influenciou o nosso maior dramaturgo.

A história contada pelo barbudo Fiodor com seu arsenal de recursos técnicos, seu estoque de imaginação e sua genialidade expõe os grupelhos radicais e de escassa ideologia que se espalharam pela Rússia nas décadas finais da monarquia czarista.

Em alguns momentos, ele também recorre ao humor, elemento raro em sua obra. Mesmo sem perder o prumo da história e da sociologia do seu tempo, Dostoievski desce à esfera dos indivíduos, vai direto no coração, na alma das pessoas que se mobilizavam para mudar a Rússia, o mundo, alguns por convicção, outros por idealismo, outros mais por revolta mesmo. E muitos por ambição, mesquinharia ou sede de poder.

Seus personagens revelam as extremidades do idealismo. E revelam mais: como um sujeito pode alcançar a proeza de manipular os idealistas, os convictos, os ambiciosos e os revoltados para que se cometa um crime em nome de uma etérea “causa comum”, que nada tem de causa e pouco tem de comum.

Não falta sangue em "Os demônios", com o perdão do involuntário trocadilho sombrio. Dostoievski não economiza realismo quando o assunto é assassinato, ele não poupa personagens nem leitores do sofrimento. Não há eufemismo, suaves plagas, intuições tergiversais, conversa fiada.

Sobre "Os demônios" as resenhas e textos críticos – como o ótimo texto do ótimo tradutor Paulo Bezerra, no final do volume – costumam dizer (com acerto) que o livro antecipou as ideologias totalitárias que serviram de arrimo para os crimes genocidas de Stálin, de Hitler, dos generais latino-americanos, de Bush, de Israel e dos fundamentalistas islâmicos.

É verdade, mas o barbudo faz isso com enorme talento, identificando na aldeia, aquilo que é universal. Ou melhor, o que ainda viria ser universal, muito antes de ocorrer. Além de Gênio, um Profeta.
Bruno 06/05/2020minha estante
resenha incrível, meu parceiro!!!




RH 04/12/2011

Os Demônios - Fiódor Dostoiévski.

Quando comecei a ler este livro as primeiras 50 páginas não me pareceram o início da história, pensei que fosse o prefácio, mas à medida que fui lendo e vi que não acabava folheei o livro e constatei que a história já tinha começado!
O estranho é que as 100 páginas iniciais não davam a entender que a história tomaria o rumo que a contra-capa disse.
Mesmo achando chato não desisti da leitura, o que foi bom pois no final descobri uma trama intrincada, em que tudo se encaixa e que nos mostra como Dostoiévski foi um gênio de sua época.


Autora da resenha: Radige Hanna.
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