spoiler visualizarPaulinha 04/02/2014
Francisco Azevedo tem uma forma bem peculiar de escrever. A narrativa detalhista, poética, envolvente e emocionante traz uma história bem próxima da realidade, mas permeada de sonhos e ilusões. Lindo mesmo, o "O Arroz de Palma" encanta. Conta a história familiar de imigrantes portugueses, seus sonhos, o trabalho, a formação, a tradição e o que construíram na vida. O cenário é o mais cotidiano possível: almoços em família, local de trabalho, o campo. Paralelo à simplicidade da história, o autor sabe fazer o leitor emocionar-se, descrevendo cada mínimo detalhe, que quase sempre ignoramos, enchendo-o de sentimento - que, quase sempre sentimos, mas que quase sempre sufocamos. Assim, entre mesclas de percepção e materialização de sentimentos, o autor faz uma bela história. Por exemplo, o arroz é, basicamente o símbolo do amor. Como mágica, o arroz, ingerido por alguém atinge o coração dessa pessoa, tornando-a uma pessoa melhor. Uma conclusão do livro me chamou muito a atenção. Segundo Antônio, o narrador da história, quanto mais amarga ou nervosa é a pessoa, menos amor ela sente. E tendo o amor lhe tomado conta da alma, o temperamento dessa pessoa modifica, ainda que sem modificar a essência de sua personalidade, tornando-a mais amável. Há, também no livro, uma receita de um arroz com lentilha, que foi a que eu usei no reveillón 2013/2014, que promete a bonança: saúde, prosperidade e amor. Como o desejo de mudanças já é inerente à virada do ano, atualizarei esta resenha se houver algum resultado amoroso com aqueles que participaram da ceia...! Leitura recomendada.