Fred Fontes 31/12/2012
Descendo às raízes
Não me caberia aqui falar de Homero e nem da Odisséia. Um os livros mais lidos, comentados, discutidos e estudados da história não precisa e não merece a produção de mais uma resenha por um reles leitor qualquer.
Limito-me portanto, a dizer o que eu senti ao ler esse livro, explicar por que resolvi o ler e o que mudou em mim após sua leitura.
Já há algum tempo na minha estante, a Odisseia lançava-me seus olhos milenares a cada vez que eu passava em frente à estante na qual dormiam Ulisses, Telêmaco, Penélope, cíclopes e outras figuras. Mas não foi esse olhar sedutor que me venceu. Foi ao ler "Os sofrientos do jovem Werther", de Goethe, e ver ali a paixão do protagonista por Homero, o qual ele carregava debaixo do braço para onde quer que fosse, que me interessei em espiar por cima do ombro de Werther para ver o que tanto o encantava.
Tomei coragem. Como seria minha primeira leitura de um clássico grego, senti um certo medo do que haveria à frente; senti-me diante das brumas sobre o lago navegado por Caronte. Mas logo às primeiras páginas, a névoa de dissipou, descortinando uma narrativa leve, divertida e fácil. A perfeição do roteiro, resultado de três mil anos de lapidação, fez dessa jóia uma das mais bem acabadas do baú de tesouros da literatura. Impossível não se deixar seduzir pela história e pela forma com que essa história foi registrada, uma prosa poética maravilhosa.
Depois dessa experiência, abre-se um apetite voraz por tudo que é grego ou romano. Parti então para mil anos adiante, para o século I de nossa era, para ler Petrônio, mais precisamente Satiricon, o qual também me olhava enamorado da mesma estante, e que, é claro, também faz referência a Homero e à Odisséia. Mas isso é uma outra história...