Barbara.Tomaz 19/08/2023
Achei fraco :/
É um livro autobiografico de um pastor protestante que foi para o catolicismo. Nas páginas lemos alternadamente em cada capítulo uma parte escrita por Scott e, na sequência, uma parte escrita por sua esposa.
Os capítulos iniciais são bem curtos e retratam a juventude de Scott e seu contexto social e religioso. Vale lembrar que esse livro é antigo (sua primeira publicação foi em 1994).
Ao todo sua conversão levou cerca de 6 anos, sendo que o livro narra bem superficialmente os acontecimentos em alguns momentos. Assim, não espere detalhes nem citações bibliográficas ou referências de livros e cia, muitos argumentos e iniciativas do autor foram baseadas no que ele sentiu e pesquisou (sem ter dado ao leitor quais foram as muitas citações do que ele diz ter lido, nem autores etc).
Logo, não leia como se fosse algo tão atual e como se as coisas acontecessem num piscar de olhos, e nem como de um dia para o outro tudo mudasse. Pois levou tempo!
Para católicos, imagino que esse livro seja como se fosse um tipo marco de reafirmação de crenças. Pessoalmente, achei fraco as justificativas que Scott argumentou e usou a respeito da descoberta de sua nova fé. Senti falta de argumentos bíblicos melhores e de mais citações bibliográficas, conversas com outros pastores, pesquisa etc .
A postura inicial dele foi um tanto confusa, pois ele se declarava "anti-católico" e bem "crente", beirando ao "inabalável" todavia a radicalidade de seu posicionamento não tinha raízes. Ele descreveu bem rápido alguns acontecimentos relacionados a fé dele, de modo que, mesmo estudando em boas faculdades e seminário, participando de ministério de evangelismo no campus, ele não soube ponderar a utilidade de autores católicos para cristãos protestantes, muito menos considerar algumas afirmações bíblicas sobre a perspectiva de alianças e família que autores protestantes, já haviam abordado a questão da aliança na igreja. (Particularmente achei isso bem estranho porque com tanto estudo ele nunca leu alguém escrever sobre isso e nem ouviu alguém ensinar sobre a dispensação das alianças).
Desse modo, ele não soube idenficar nem reconhecer que algumas igrejas protestantes compartilhavam de princípios parecidos a respeito de questões envolvendo a dispensação de alianças. E ao descobrir esses assuntos, ele simplesmente usou, como uma de suas principais justificativas para mudar de credo. Achei a reação, bem rápida e simples, baseada mais na emoção do que no estudo**.
Como por exemplo, mais para o final do livro, ele apenas afirma dogmas já estabelecidos e aceitos pela instituição, mas não se propõe a desenvolver o assunto para o leitor, ele simplesmente aceita e pronto.
Ele também ignorou algumas questões relacionadas a historia da igreja, não fazendo nenhuma citação ou comentário sobre a postura exploradora de alguns lideres e tradições da igreja católica em determinados períodos da história, nem comentou ou se aprofundou em determinados temas mais polêmicos.
Me pareceu que os autores basicamente ignoraram o que não deu certo na igreja, como se os problemas e dilemas fossem "apagados", e apenas, o que eles acharam legal e útil para seu testemunho, fosse engrandecido para afirmar suas novas perspectivas de fé.
A respeito de sua personalidade, percebi que, como ele diz no livro nas primeiras páginas (usando outras palavras) : "ou é tudo ou é nada". De modo que para ele seria o fim se não concordasse com algum comentário bíblico bom de autores católicos. Tipo, ele não percebeu que podia ler escritos católicos e até concordar com alguns assuntos e mesmo assim continuar sendo protestante. Com essa dificuldade de personalidade, juntamente com outros fatores, Scott se deixou levar a crer que só através de um estudo a respeito da igreja católica romana ele chegaria a genuína fé cristã da igreja primitiva.
No livro também encontramos as respostas dadas para alguns questionamentos que sua esposa fazia, a maioria foi superficial e, algumas vezes, sempre usando de argumentos emotivos e alegóricos, ao invés da Bíblia no contexto certo. E teve vezes que quando citava alguma parte da Bíblia, usava com um tiquinho de manipulação só para enfatiza ou favorecer sua opinião. E ficava por isso mesmo.
Por fim, um aspecto positivo do livro foi a participação de sua esposa. Poucos autores se dispõe a incluir a participação de suas esposas nos relatos. Como ela sempre desejou ensinar a respeito de fé, imagino que ela tenha ficado bem feliz com essa oportunidade. Além disso, fico feliz por eles terem conseguido superar suas dores e tristezas oriundas do quadro de saúde sensível em que sua esposa apresentou algumas vezes.
Se você for um católico novo na fé, leia. Mas não se impressione com as respostas aparentemente bem construídas, pois se cada uma for avaliada uma por uma, não são tão boas e fortes como aparentam ser.
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**(Ele tratou isso como se tivesse descoberto a América, mas a perspectiva de dispensação de aliança já existia em igrejas protestantes. O que pode ter acontecido é que o acesso ao conhecimento e a informação de seu tempo era limitada e regional mesmo estudando em faculdades consideradas por ele "boas").