O deserto dos tártaros

O deserto dos tártaros Dino Buzzati




Resenhas - O Deserto dos Tártaros


183 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Robson 05/11/2024

A eterna espera
A experiência de comparar as últimas páginas de O Deserto dos Tártaros com as iniciais é algo que mexe com a gente. Com atenção, você perceberá as pequenas nuances de antecipação do que estar por vir.

A rotina e a passagem do tempo são as temáticas centrais na obra e refletem na busca pelo grande objetivo de vida, aquele que fará todos o sacrifícios valerem a pena, obter o reconhecimento devido frente aos esforços do dia-a-dia.

Mas será que o Tártaros virão mesmo?

É um livro belíssimo e reflexivo que nos faz observar a vida de Giovanni Drogo, acompanhar suas escolhas, seus pensamentos e sonhos mais íntimos, suas desventuras e dores. É certo que, durante a leitura e, principalmente, após ela, em algum grau todos nós como humanos iremos enxergar em nós mesmos, em nossa vida rotineira, um pouco de Giovanni Drogo.
comentários(0)comente



Lanny 15/10/2024

O Tempo é fugaz!
É um romance alegórico, que explora a profundidade psicológica de seus personagens. Um tanto pacato, melancólico e, por vezes, monótono. Mas nada disso diminui a grandeza dessa obra.

Acompanhar as angústias, indecisões, expectativas e frustrações de um personagem, fazendo com que nos aproximamos ainda mais da nossa própria realidade, é o que torna uma obra inesquecível.

Giovanni Drogo, no auge da juventude, com grandes expectativas em sua carreira militar, se vê, ao longos dos anos no mesmo lugar, num território inóspito, à espera dos tártaros. Indeciso, o tempo escorre entre os anos de esperança e consome ali a melhor parte de sua vida, a juventude.

Não é só um romance, mas uma dualidade, uma reflexão sobre a nossa própria vida, o que fazemos e o que deixamos de fazer, a espera de que dias melhores virão. Enquanto isso, o tempo nos rouba a jovialidade, o vigor e a disposição daquilo que não podemos recuperar jamais.

? O Tempo entretanto corria, marcando cada vez mais precipitadamente a vida com sua batida silenciosa, não se pode parar um segundo sequer, nem mesmo para olhar para trás. ?Pare, pare!?, se desejaria gritar, mas vê-se que é inútil. Tudo se esvai, os homens, as estações, as nuvens; e não adianta agarrar-se as pedras, resistir no topo de algum escolho, os dedos cansados se abrem, os braços se afrouxam, inertes, acaba-se arrastado pelo rio, que parece lento, mas não para nunca.?


Você não tem mais tempo, e nem o tempo que passou.
nelmitix 15/10/2024minha estante
eu quero lerrrrr


Lanny 15/10/2024minha estante
Já pode começar, vale a pena a leitura.


Flávia Menezes 15/10/2024minha estante
Que resenha, Lanny! Já quero ler!


Lanny 16/10/2024minha estante
Flávia, com certeza irá gostar!




Fabio Di Pietro 29/09/2024

A inexorável passagem do tempo
Que livro simples, mas de uma profundidade que quase escapa se não nos conectarmos com a obra e seu protagonista, o que não é difícil de acontecer.
A leitura é bastante fluida e objetiva, com descrições bem diretas, mas precisas e poéticas.
Quantos de nós nos deparamos com o vigor e todos os anos vindouros da juventude e vimos o tempo passar, esperando pelo nosso momento e quando vemos, anos ou até décadas passaram.
A simbologia da história é genial. Esse é um livro sobre a espera, sobre o passar dos anos sem que se tome as rédeas da vida e ela se esvai lentamente, mas com uma velocidade gigantesca.
Será um livro incômodo para muitos, será um livro de despertar para outros, será um livro enfadonho para alguns. Mas é inconteste que há lição nessas páginas e que a verdadeira batalha é interior, somos nós consigo mesmos.
comentários(0)comente



Thamires 24/09/2024

Já tem um tempo que tenho refletido sobre as expectativas que criamos e o papel delas ao buscar um sentido ao longo da vida e foi com base nisso que escolhi essa leitura. Todas as resenhas que li prometeram um livro reflexivo e de fato ele cumpre esse papel. A narrativa acompanha a vida de Giovanni Drogo um jovem soldado ou tenente que chega ao forte Bastiani com o sonho de ter uma grande carreira militar. Acompanhamos toda a vida dele nesse curto livro, mas a vida dele não é marcada por grandes acontecimentos apenas por suas expectativas e frustrações. É impossível não fazer um paralelo com a própria vida, com cada expectativa criada e a esperança de que algo importante virá e mudará tudo. Para muitos isso não se cumpre, a vida passa e se comprova que é o que sempre foi. Durante quase toda narrativa acompanhamos o personagem confabulando um grande inimigo à espreita, e fico pensando: Se não fosse essa ficção criada por ele para alimentar seus próprios sonhos, como teria sido sua vida? Nós sabemos que podemos nos distanciar da realidade e não fugir dela, mas se nos atermos somente a ela? Sermos realistas nos garante uma ?não frustração?, mas não a felicidade. Talvez só a confabulação, só a ficção, só a promessa da felicidade já seja um pouco felicidade.
comentários(0)comente



Luis Felipe S. Correa 15/09/2024

Mais profundo a cada releitura
Estou em período de releituras e tem sido uma experiência reveladora. Em específico, a releitura deste livro foi realizada em caráter de intepretação das experiências pessoais. Costumo pensar no livro como uma obra sobre os não acontecimentos da vida, sobre a passagem do tempo, apesar das nossas vãs tentativas de fugir dele. O tempo é um Senhor implacável. Mais do que entretenimento, o livro me deixou em profundo estado de reflexão sobre os rumos da minha vida e nisso reside a magia da obra.
Certamente é um dos favoritos da minha vida. Uma leitura que vai ficar para sempre
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



BeatrizLeone 26/08/2024

Nada acontece no livro, muito acontece na sua cabeça
Não é uma leitura para todos, mas para quem está disposto a mergulhar nas sutilezas, esmiuçar a existência

Sinto que essa leitura me levou para lugares mais ?pra baixo?, com aquelas reflexões que te fazem questionar a vida toda, todas as escolhas; ao mesmo tempo em me trouxe aquela energia de valorizar as pequenas coisas, não esperar os grandes ?turning points? da vida - até porque, existe a possibilidade de eles nunca chegarem, né?
Lanny 15/10/2024minha estante
O seu título resumiu precisamente o livro.




Paiva 23/08/2024

É uma metáfora da vida, a passividade de que seu objetivo chegue até onde vc está. O medo de mudar os hábitos, de trilhar novos caminhos e fazer acontecer.
O tempo não para, os anos passam e quando chega a hora da ação seu corpo físico não é mais capaz de agir.
Leitura monótona, mas não poderia ser diferente já que deve transparecer o tédio da espera.
comentários(0)comente



Livia Marangoni 08/08/2024

Ermo laranja. Relógios derretendo o tempo numa planície de ausências. Ao fundo, longe, a expectativa do inimigo canalizada pela visão da luneta, que enegrece o redor e focaliza o ponto alvo da vontade. Manchas pretas se movem e materializam uma guerra que nunca se dá. Giovani Drogo, jovem militar do romance de formação do italiano Dino Buzzati, é designado a servir no forte Bastiani, lugar mítico que encerra primordialmente expectativas. As de cada soldado, as da unidade que eles se tornam.

Buzzati opta por um enredo árido, que entorpece pela fácil empatia que sentimos com Drogo. É uma transição das mais comuns a que se dá com o rapaz, do mundo de expectativas passa-se à acachapante, inevitável e deliciosa? sensação de perceber-se normal, mesmo na norma, mais um fraco no forte. Tár-ta-ros. É a bonita sonoridade dos inimigos que dão vida à planície de cada um. Cobiçados são os horizontes de vidas militarmente verticais. Presença de homens, ausência de indivíduos, mas Drogo persiste na luta em busca da luta. É isso não ser medíocre?

Existem tipos de espera. Drogo é o tempo. E sua espera é pelo pior. Simpatizamos com ele porque também devemos querer o pior. Precisamos dos tártaros. Será? Ou é a falácia do tratado da mediocridade: hão todos de querer guerrear, o conforto e a paz tornam-te medíocre. E assim Drogo vai envelhecendo e, como é comum às histórias de aprisionamento, vai se misturando ao exílio, desejando cada vez mais o naufrágio.

Até que a guerra chega e, quando chega, Drogo já perdeu o viço. Velho, doente e enxotado vê-se exilado do próprio exílio. As coisas que vislumbramos na luneta hão de acontecer num certo tempo. Nossos tártaros nos desejam moços. Desejar é fazê-lo num tempo e espaço. Mas Drogo permanece, no seu desejo perene, interminável, de no fundo, viver.

Buzzati, vence pelo enredo. Sem fazer-se notar, é preciso e elegante. ?A persistência da memória? é o quadro de Dalí, nove anos depois o italiano o transcreveria para o papel. Valeu a espera, Drogo, viva a guerra.
comentários(0)comente



Lara 23/07/2024

Uma bela edição da TAG. Um livro que traz uma história simples, propositalmente monótona, e uma reflexão que foi muito importante para mim: o que tem sido o seu ?bastião?? O que está lhe impedindo de seguir em frente?
comentários(0)comente



agabrielamaia 10/07/2024

Um grande livro, sobre a ESPERA.
Ao longo de todo o livro, é possível perceber a "situação" na qual o protagonista se insere, e tudo e todos que ele deveria abdicar, em prol dessa, para conquistar o reconhecimento de um "Grande Feito".

Nisso, a espera (dos inimigos, da guerra, da "grande oportunidade") se faz presente, mais do que nunca, na vida do protagonista, o tenente Giovanni Drogo, que releva, inclusive, as poucas oportunidades que encontra, no caminho, de reencontrar a sua família e sair daquilo, mesmo percebendo a sua infelicidade, cada vez mais, cotidiana.

E, assim como Drogo, muitas vezes, ao longo da vida, nos percebemos à espera de "algo", que nem mesmo nós sabemos o que é, ou se de fato existe. À espera da "oportunidade perfeita", e, nisso, o tempo vai passando, sem interrupção.

De fato, um livro triste, mas que não deixa de ter o seu teor filósofico e reflexivo, sobre "o que a gente faria, se estivesse no mesmo lugar do personagem?". E a resposta vai depender, justamente, do quanto esse livro vai mexer com quem o lê.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Tiago.Cecconello 24/06/2024

A busca pelo sentido da vida pode ser um deserto árido
Para entender o deserto tártaro, podemos trabalhar com metáforas. O forte é a vida, com suas monotonias, rotinas, rituais e protocolos. Não a vida nua, a vida biológica, mas a vida prenhe de cultura e consciência. O deserto visível é o perímetro que rodeia a vida, é tudo aquilo que conhecemos, nossa família, nosso trabalho, nossa casa. Conhecemos tanto que ele acaba se tornando, muitas vezes, monótono e banal. Porém, existe um horizonte nesse deserto para além do qual está o desconhecido e os mistérios da vida. Projetamos todos nossos sonhos e expectativas para esse horizonte desconhecido, tentando nele encontrar um objetivo para nossa vida. No caso de Drogo, personagem principal, o objetivo de vida é o reconhecimento oriundo do heroísmo vivido em uma hipotética Guerra. Uma guerra que, mesmo que seja evidente que nunca virá, acaba sendo uma obsessão criada para dar um sentido para o absurdo da vida. Traduzindo para a linguagem do cotidiano humano, a guerra pode ser a busca pela felicidade, pela fama, pelo acúmulo de riqueza, pela essência. Coisas que são efêmeras e que vivem escapando nas nossas mãos, como ondas que uma criança tenta agarrar inutilmente no mar.

A leitura do livro é fluida e agradável. No início, ele parece simples demais. Porém, conforme a história vai progredindo, vamos sentindo toda angústia junto com o personagem. Por utilizar pouca ação no livro, privilegiando a monotonia, o autor consegue fazer o tempo da história parecer ter sido perdido e passar voando, criando um efeito temporal interessante, fazendo o leitor sentir a passagem do tempo da mesma forma que o personagem sente.

Como crítica, acredito que o autor poderia ter explorado ainda mais a questão temporal, como fez Thomas mann em a Montana mágica, mas o objetivo do livro era ser uma novela mais curta. Talvez, se fosse um livro mais longo, poderia ser ainda mais poderoso.
comentários(0)comente



Ivandro Menezes 21/04/2024

O deserto dos tártaros, clássico do italiano Dino Buzzati, é um romance delicado e engenhoso.

É delicado por sua temática. Trata da ansiedade da espera, dessa expectativa de uma mudança imenente na paisagem vasta e árida. E essa também é a paisagem interior, essa vastidão desértica de quem deseja viver por um propósito maior e acaba por viver da expectativa, encastelado atrás dos muros de uma fortaleza.

O engenho de Buzatti é traduzir na paisagem, no forte, na fronteira inóspita as tramas, os nós, os desejos realizados e frustrados de cada um de nós. Giovani Drogo, que vê a juventude se esvair sem perceber a passagem dos anos, vivendo na expectativa de algo nobre, de um destino glorioso.

Sem que se dê conta, o leitor também vai página a página experimentando o marasmo, a expectativa, a angústia do protagonista, e sentindo o peso dos anos e da inércia, da erosão da esperança e do desencantamento diante da nobreza gloriosa de uma existência.

Viver encastelado pode custar caro. É vievr sem o contato, sem a beleza da decepção, sem a imensidão do toque, sem a partilha tão necessária para fazer de nosso deserto jardim.

Um livro memorável, daqueles para se retornar, revisitar e novamente se emocionar. Recomendadíssimo.
comentários(0)comente



emileysz 30/03/2024

O deserto dos tártaros
Demorei bastante pra ler esse livro relativamente curto e senti a leitura engrenar só depois da metade. me senti igual ao tenente drogo: esperando algo acontecer. a atmosfera desse livro é completamente melancólica e realmente faz refletir sobre como a passagem do tempo é implacável.
comentários(0)comente



183 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR