Carous 11/11/2018Eu obviamente sou um ponto fora da curva na minha avalição sobre o livro, pois não AMEI como todo mundo que já resenhou aqui embora não tenha achado abominável.
Eu sigo a Marina no Instagram e fiquei supercontente quando soube que ela escreveu um livro sobre uma personagem com Esclerose Múltipla (doença que a autora também tem e eu descobri poucos meses antes do anúncio do lançamento do livro).
Aproveitei a promoção de ebook grátis do livro (anunciada pela autora no Ig) ignorando todas as vezes anteriores que furei minha TBR anual e me decepcionei com a leitura porque eu estava ansiosa demais para saber como Marina Mafra se saía como escritora. E porque pode não parecer, mas eu apoio escritores nacionais sempre que posso.
O livro tem seus altos e baixos. Para quem é marinheiro de primeira vez até que está muito bom. Minhas partes favoritas vão da "nota especial" até o capítulo 2. Não que as demais partes decaiam, mas foi esse pedaço que prendeu minha atenção e mexeu comigo.
A redação da Marina é muito gostosa. Eu já li tanto livro em que a escrita parecia engessada, os diálogos pobres que me surpreendi com a qualidade das palavras aqui.
Além disso, a autora soube equilibrar as informações médicas com a parte de ficção sem deixar maçante, soar falso.
(Embora eu vá consultar alguém da área da Saúde para confirmar que anestesia geral é a solução que médicos chegam quando um paciente se recusa a fazrler ressonância. Pareceu algo tão drástico que me fez pensar que deva existir um meio termo. Eu tenho mais medo de tomar contraste do que de fazer o exame)
Trata-se de uma história de uma escritora estreante e não pareceu que ela estava tentando além da conta. E tem tantas citações maravilhosas...
O ponto baixo é que... desculpe, mas eu não consegui comprar o romance da história.
O problema nesse caso nem foi o instalove, que é algo que me incomoda (e é algo que minha amiga chegou a comentar comigo:"Já reparou que em todos os livros que você lê os personagens se apaixonam à primeira vista?'' Sim, reparei, amiga. Acredite: se eu pudesse mudar isso eu o faria), mas como Mitali descreveu o súbito amor que despencou de paraquedas no minuto em que ela e Dimitri foram apresentados um ao outro. E todas as cenas entre os dois a partir dali. O lado bom é que ao menos o sentimento entre Mit e Dimi era recíproco. O ruim é que os trechos pareciam exagerados e forçados demais a ponto d'eu ler por alto esses pedaços porque, francamente, estava cansada de revirar os olhos.
Mitali, Aurora, Maurice, Enrico, Melissa pareceram tão REAIS, foram tão bem desenvolvidos, mas Dimitri e Filipi foram personagens completamente superficiais (mas, na boa, quem se importa com o Filipi?).
Estou feliz que a escritora não optou por um personagem que se manda quando a pessoa amada mais precisa, mas senti falta de personalidade em Dimitri.
E eu acredito em alma gêmea, mas não sei se aprovo pessoas que confiam cegamente nessa crença e dão chaves da casa para quem mal conhecem, afirmam que seu maior sonho é realizar o desejo da pessoa amada e fim e todas afirmações melosas e apressadas ditas por Dimitri e Mitali.
Eu sou adulta e esses casais sem personalidade que não desgrudam não me soa mais como um romance que eu gostaria de viver. Soa como uma doença que eu jamais quero pegar.
Embora durante a leitura eu tenha escrito que não via a hora de finalizar a leitura (eu devia estar numa das partes em que Mitali e Dimitri estavam juntos reafirmando o quanto se amavam e não viveriam sem o outro), eu fico feliz de ter dado uma chance ao livro.
EDIT: Outra coisa que me chamou atenção e eu simplesmente adorei foi o fato da autora não ter colocado a descrição de nenhum personagem. Achei uma excelente sacada que deu a sensação de que a Mitali poderia ser eu descobrindo uma doença ou eu poderia ser o Dimitri descobrindo que minha namorada/o tem EM, ou eu podia ser a Aurora tendo que enfrentar que minha amiga tem uma doença grave e assim por diante.
A gente não vê isso em livros ultimamente.