Resenhas - Úrsula

Carol.Cuofano 20/11/2022

Necessário
Mais uma leitura concluída! "Úrsula" de Maria Firmina dos Reis.

Temos neste livro um romance romântico ao melhor gosto da Segunda Geração Romântica: paixões a primeira vista arrebatadoras, amores idealizados e impossíveis de serem concretizados.

Enquanto narrativa, não é um texto que chame a atenção por nada de grandioso. Na verdade, a narrativa é bem chatinha em alguns momentos (colabora o fato de eu não gostar de textos dessa época kk).

Mas a grande importância desse texto está no fato de ser o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher negra. Ele tem uma grande relevância história e, ao lê-lo, percebemos os motivos de seu "sumiço".

O primeiro motivo me parece bem óbvio: ele foi escrito por uma mulher negra. Vivendo na sociedade de meados do século XX não seria aceitável admitir que esse texto ganhasse destaque.
O segundo aparece na leitura do texto: Maria Firmina fez uma descrição dos senhores de escravos os mostrando cruéis e implacáveis, capazes de cometer as maiores atrocidades.

Além disso, Suzana, é uma personagem preta que conta sobre sua vida em África antes de ser sequestrada e vendida como escravizada.

Dá para imaginar o quanto incomodou a elite branca ler que uma escravizada tinha vida: família, marido, filhos e trabalhava na agricultura em seu país.

Fato é que esse livro, mesmo que tardiamente, chega aos leitores do século XXI e precisa ser lido e conhecido. Vale lembrar que Maria Firmina dos Reis é a autora homenageada da FLIP 2022.

Recomendo fortemente a leitura.

Laura Gonçalves 18/11/2022

Li para fazer o vestibular, mas acabei me interessando muito pela leitura. O livro apresenta de maneira bem descarada as características do ultrarromantismo (o que não é algo que eu curto tanto), mas tem seus diferenciais, com uma postura abolicionista, Maria Firmina dá voz à personagens negros, expondo seus sentimentos e sofrências, uma novidade na literatura da época que tratava negros como meros elementos da paisagem. A história da vida de Maria Firmina e suas propostas durante a vida faz com que eu admire demais essa mulher e suas obras, apesar de ter meus contras ao romantismo

@eudeviaestarlendo 17/11/2022

Úrsula e outras obras

Eu conheci nossa autora pioneira, mulher e negra! A maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917).
Seus romances tem uma grande importância histórica para o nosso país, por tratar de temas como o indianismo, a opressão feminina e a escravidão.
Este livro é composto por quarto obras.

Úrsula é uma trágica estória de amor.
Úrsula vive isolada com sua mãe inválida e muito idosa, tem sua monótona rotina quebrada por um acidente de um rapaz que é levado para a sua casa e deixado sob os seus cuidados.
Úrsula percebe seu prazer em ver nascer um amor terno por aquele desconhecido...

Gupeva é o cacique da tribo tupinambá e pai da mocinha Épica, por quem um mancebo chamado Gastão está apaixonado.
Esta também é uma trágica estória de amor.
Sua narrativa é concentrada em uma outra estória que o cacique conta ao militar Gastão, para explicar-lhe o porquê ele não pode unir-se a Épica.

A Escrava, é sobre os ideais revolucionários de abolição da escravatura.
Uma história que me fez perceber como situações absurdas são perpetradas e tratadas como normais durante séculos e como há tanta resistência e sofrimento para dá fim a isto.
E até hoje sentimos essa ferida inflamada, que chamamos de racismos.
E agora repetimos o mesmo terrorismo praticando a homofobia com a mesma violência e desrespeito.

Cantos a beira-mar, são poesias dedicados a mãe de Maria Firmina dos Reis e também para seus amigos.

Paola 15/11/2022

Clássico Romântico
Úrsula é um importante clássico por causa de sua crítica à escravidão, primeiro do tipo e por sua autora mulher e negra, primeiro livro publicado por uma brasileira.

Úrsula é uma história do período romântico com muita influência religiosa. Aa obra foca no caso de amor entre Úrsula e Tancredo, que se veem desafiados por vários obstáculos em seu amor.

O romance é lindo, com palavras rebuscadas e momentos de puro sentimentalismo. Pata mim, foi uma experiência muito bonita, recheada de tristeza e resignação.

Como uma boa obra romântica possui muita dramaticidade e todos os fatos possuem uma reflexão com sentido religioso, como a resignação à vontade de Deus ou ao amor puro.

As obras dessa época se mostram muito boas de ler, pelas grandes emoções que são capazes de passar. Mas ao mesmo tempo não possuem subjetividade, sendo que não era de interesse dos autores. Para mim isso enfraquece qualquer leitura, por que temos que nos resignar à opinião do artista e é limitado o nosso poder de interpretação e nossa criatividade.

Não que eu esperasse algo diferente deste livro, que é um lindo clássico importantíssimo para a época, que eu com certeza recomendo.

Daniela Botelho 15/11/2022

Digna a homenagem na FLIP
Eu já havia ouvido falar da autora na escola, mas não me lembrava do conteúdo do seu livro. Foi uma grata surpresa. Comprei em razão de ser autora homenageada da Flip de 2022 e fiquei muito feliz com a história e com as informações que obtive depois sobre a ela. O final é bastante interessante, não era o que eu estava esperando, mas gostei mt. Recomendo o livro.

Giselle132 14/11/2022

ORAI PELA INFELIZ ÚRSULA!
É uma história típica do período romântico. Cheia de sentimento!
É também sobre as relações humanas, e aqui, é muito interessante ver de onde a sociedade brasileira herdou tudo que nós vivenciamos nos dias atuais.
Esse é um dos melhores clássicos que já li!

"O amor, que se nutre no coração do homem generoso, é puro e nobre, leal e santo, profundo e imenso, e capaz de quanta virtude o mundo pode conhecer, de quanta dedicação se possa conceber. Ele o eleva acima de si próprio, e as suas ações são o perfume embriagador desse sentimento, que o anima: mas o amor no peito do homem feroz e concupiscente é uma paixão funesta, que conduz ao crime, que lhe mata a alma e a despenha no inferno."

sammy 04/11/2022

Uma das melhores leituras de 2022!!!
Maria Firmina dos Reis escreveu uma narrativa crítica contra a escravidão em um Brasil ainda pré-abolicionista, por meio de protagonistas estereotipados de elementos românticos, com o intuito de colocar em um primeiro plano a mãe África pela primeira vez, e assim trazendo todo um discurso e reflexão acerca da vida das pessoas escravizadas antes de serem sequestrados para o território nacional. "Úrsula" foi uma das muitas obras esquecidas no tempo e que foram resgatadas há pouquíssimo tempo, e merece todo o seu sucesso e repercussão dentro e fora do campo literário. Recomendo essa leitura para todos que se interessam por essa temática ou que tem curiosidade de conhecer a primeira autora negra do Brasil.

Uiny 28/10/2022

A fama desse livro é totalmente válida!
Acho sempre uma experiência extremamente rica mergulhar no universo romântico brasileiro do século 19, nossas obras são excepcionais e com Úrsula não poderia ser diferente. “A arte e a escrita têm dessa; atemporais, porém provas e documentos essenciais do que já fomos”
Muito já havia lido sobre a importância histórica desse livro, sendo o primeiro escrito por uma mulher negra na américa latina, o primeiro que retrata os escravizados pelo que realmente foram: vítimas de uma violência absurda. Ainda assim, chegando a ele cheia de referência me surpreendi com o conteúdo.
Um dos personagens que me marcou muito no começo, gerando até uma pequena revolta, foi o Túlio. Embora proposital por parte da autora, é muito difícil acompanhar esse homem extremamente bondoso que já passou por tantas coisas ruins e ainda assim ao ser alforriado escolhe se “algemar” em nome de uma gratidão ao homem branco. A forma como Túlio seguidamente enaltece o mancebo por tratamento como igual me revolta e ao mesmo tempo me comove, em que momento a humanidade decidiu que existia uma raça inferior pela cor de sua pele? “Túlio obteve por dinheiro aquilo que Deus lhe dera, como a todos os viventes”.
Além dos personagens negros muito marcantes deste romance, acho interessantes as descrições romanescas e femininas. De um lado temos amores à primeira vista tão intensos nos quais é mandatório a correspondências aos sentimentos do homem. Por outro lado, temos as descrições extremamente caricatas do que é uma mulher boa e uma mulher má (Úrsula e sua pureza X Adelaide e sua ambição).
A escrita de Maria Firmina nos proporciona um vislumbre especial da época, temos acesso a mais elementos do que é a sociedade patriarcal e como ela se molda neste tempo. É assustador o quando conseguimos nos identificar com a violência sofrida pela mulher e pela subserviência que espera-se do negro – independentemente deste ser livre ou não. De Úrsula a todas as violências noticiadas em 2022 contra as mulheres, nós estamos sempre à mercê da boa vontade masculina de ser “bom”.
Citações que me marcaram:
“A dor da perda da pátria, dos entes caros, da liberdade, foi sufocada nessa viagem pelo horror constante de tamanhas atrocidades”
“Porque as grandes e profundas dores do coração só acham alívio na expansão ilimitada da dor, e na fadiga do corpo e do espírito...”
Críticas à edição:
Apesar de ter amado a obra, definitivamente a edição só é bonita e interessante quando se desconsidera o conteúdo. As imagens (da capa a capítulos) não conversam com a história, como é comum nas edições da antofagica. As notas de rodapé nem alinhadas foram, incomodando visualmente a leitura.

Regis2020 28/10/2022

Um livro importante
Úrsula é considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, essa mulher sendo negra e nordestina, do Maranhão, longe do Rio de Janeiro onde figurava os grandes autores da época.
É um romance precursor da temática abolicionista, pois é anterior a poesia de Castro Alves.
O livro foi lançado em 1859 assinado por Maria Firmina com o pseudônimo "uma maranhense".

Tancredo D. é um advogado que sofre uma queda com seu cavalo ficando com o pé preso embaixo do animal. Ele é socorrido por Túlio, um escravo de bom coração que o leva para casa de Lúcia B. mãe de Úrsula, uma jovem doce e cheia de compaixão que cuida dele.

Uma clássica história de amor impossível, mas que destoa do nacionalismo vigente no período. O livro também retrata mulheres e negros com personalidades que confrontam a mentalidade da época. Os escravos não têm variação linguística de seus senhores ou de qualquer outro membro da sociedade.
Tornando-os personagens ricamente descritos e com seus anseios e sofrimentos reconhecidos, retratados de forma sensível por alguém que conhece profundamente essa realidade. Diferente dos romances com temática abolicionista posteriores narrados por homens brancos.
A autora também representa o patriarcado e a opressão de negros e mulheres no Brasil do século XIX.

Úrsula é uma história de amor trágica, com personagens simples, com vilões e mocinhos bem definidos (características típicas do Romantismo).
Nela se destaca a denúncia dos maus tratos e da situação inumana em que viviam os negros. 
A autora foi corajosa ao abrir caminho e abordar tais temas, sendo mulher e negra em um meio dominado por homens brancos.

Entretanto, Úrsula é também uma história de inveja, maldade, obsessão e injustiça. O final me tocou e causou enorme revolta.

Gostei muito do livro e com certeza recomendo a leitura desse clássico que há pouco foi resgatado do obscurantismo.

Luisa 28/10/2022

pra uma leitura superficial, puramente pela história a ser apreendida ali no enredo principal (que é como eu costumo ler muitas coisas e até como inicialmente pensei que tava lendo essa), é um livro meio cansativo e difícil de apreender o sentido. mas é muita ingenuidade tentar ler esse livro só dessa forma e eu demorei até pra perceber, só no fim tive certeza do que a autora buscava com a história contada ali.

os protagonistas por aqui, aparentemente, seriam o casal úrsula e tancredo e o vilão fernando (que eu entendi que era o pai de tancredo e tio de úrsula mas a linguagem usada aqui é de difícil leitura pra mim então é capaz de eu ter deixado passar e ter trocado coisas no meu caminho), mas não são. enquanto essa história se desenrola de uma forma tão dramática e até meio sem sentido, o que se destaca desde o início é a construção de maria firmino dos reis de suas personagens pretas, túlio e susana. é através de uma história boba de brancos que a autora dá voz ao que realmente importa pra ela aqui: a liberdade do povo negro.

fui boba de não ter assistido o vídeo 1 da antofágica com a lívia natália antes de ler, com certeza teria conseguido entender melhor e mais rápido o desenrolar das coisas. os dois vídeos são maravilhosos, o segundo confirmou isso tudo que senti no final da leitura e vale muito assistir.

romulorocha 27/10/2022

Úrsula, de Maria Firmina Dos Reis - 9,5/10
Maria Firmina dos Reis foi uma escritora brasileira. É considerada a primeira romancista negra do Brasil. Ela publicou em 1859 o livro Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil.

Em Úrsula, a personagem principal, que leva o nome do livro, é uma jovem órfã de pai e que um certo dia vê chegar em sua casa o homem por quem irá se apaixonar, Tancredo. O cenário em que os dois se encontram não é nada romântico. Na verdade, Tancredo, que ainda é um estranho, chega em sua casa maltrapilho por vagar sem rumo devido uma desilusão amorosa. Ele é acolhido por túlio, um escravizado da família de úrsula e que ganhará bastante protagonismo na trama, só então os dois se conhecem e logo após se juram amor. Este amor logo será abalado com a entrada do tio de úrsula na trama. Desejoso pela mão da sobrinha, ele irá até as últimas consequências para ter o que quer.

Embora a personagem principal seja Úrsula, os personagens negros Túlio, Susana e Antero são quem realmente roubam a cena. Talvez de propósito e de forma brilhante, Maria Firmina dos Reis não só dá "cor" a estes personagens, mas lhes dá voz, memória e protagonismo, feito que não observamos em nenhum dos autores considerados "abolicionistas". E detalhe, isso muito antes da abolição da escravidão no Brasil.

Úrsula deveria ser um livro obrigatório nas escolas, bibliotecas e ocupar diversos outros espaços do nosso país, pois não se trata de apenas um romance, mas uma anatomia de um tempo e um povo que não pode mais ser esquecido, nem silenciado.

#rResenhasDoRomulo
#LiteraturaBrasileira
#Úrsula
#MariaFirminaDosReis

Thali 24/10/2022

Deveria ser adotado como clássico brasileiro nas escolas
Esta edição é uma coletânea de obras de Maria Firmina dos Reis, considerada primeira escritora brasileira, negra e pioneira na denúncia da opressão a negros e mulheres no Brasil do século XIX.
A coletânea inicia com o romance Úrsula, publicado em 1859. A história principal é basicamente uma história de amor BEM romântica e trágica, os personagens não são complexos, há uma divisão clara entre os mocinhos e os vilões, com muitas descrições cheias de adjetivos, bem romantismo mesmo... A obra não se destaca por isso, mas sim pelas passagens em que fala dos personagens negros, denunciando os maus tratos e condições deploráveis em que viviam. São nos pesonagens negros que encontramos o poder dessa obra, sempre nos lembrando do contexto em que foi escrita e publicada. Me chamou a atenção principalmente a passagem sobre Susana, negra escravizada que em determinado momento conta como foi raptada na África e trazida em um navio negreiro ao Brasil, em condições deploráveis.
Algo que também me chamou a atenção são as frequentes passagens religiosas (católicas).
As obras de Romantismo em si não me agradam, não fazem "meu tipo" rs, mas esse livro deveria, com toda certeza, ser um clássico brasileiro e ter mais visibilidade, além de ser trabalhado nas escolas por exemplo, já que tem uma história de fácil compreensão, mas possibilita discussões muito profundas a respeito da escravidão, movimentos abolicionistas, papel da mulher na sociedade antigamente, etc.
Nesta mesma obra, destaque também para o conto "A escrava", muito bom !

soaresrai 24/10/2022

Obra de arte em formato de livro, Maria Firmina, trouxe personagens negros com sua importância e suas histórias, mais bem construídas e relevantes do que os personagens principais.

Br_biah 23/10/2022

Amor não é obsessão!
No livro "Úrsula", de Maria Firmina dos Reis¹, compreenderemos melhor a época em que se consolida o enredo. Escrito no século XIX, a obra recoloca o leitor num estado de supervisão e análise crítica.
A autora se aprofunda num romance que detém características do estilo do romantismo, e dá início a primeira história abolicionista do nosso país (a que se tem registro).
Em "Úrsula" conheceremos o começo e o fim trágico de um amor interrompido pela obsessão e o incesto. Nossos protagonistas: Úrsula e Tancredo serão alvos da ira de um homem perverso. Que vem a ser o próprio tio da nossa personagem principal. O nosso antagonista é provido de uma índole vil e repugnante.
Este clássico da literatura brasileira deve ser aclamado por todos. É uma leitura indispensável para quem gosta de um drama, e para quem tem curiosidade de reavivar suas raízes e o seu passsado. A leitura ocorre de forma orgânica, o que significa que ela flui perfeitamente e é objetiva.
Ao se interar com a narrativa criada pela escritora Maria firmina dos Reis, o leitor fica a frente do pretérito dos seus antepassados, e da forma cruel como pessoas de diferentes etnias eram tratadas pela sociedade intolerante. Além de sensibilizar-se com o amor do casal; ambos padeceram muito em suas jornadas, e no outro encontraram uma alma amiga. Vê-los sendo separados por um homem doente que pratica o incesto contra a própria sobrinha é de implorar que tamanha imundície seja apenas fruto da ficção, e não da realidade.

¹ Maria Firmina dos Reis é uma figura feminina importante de resistência da nossa história. Era negra e nasceu no maranhão. Seu livro "Úrsula" é considerado o primeiro romance abolicionista. A romancista quando o publicou, em 1859, usou o pseudônimo de "uma maranhense".

Debora 21/10/2022

Reconheço o valor histórico da obra. E 2 dos capítulos são interessantes pra entender o sofrimento do negro e a escravidão. Claro que isso, pra época, foi um grande avanço. Contudo, seu ultrarromantismo faz com que a leitura seja, no mínimo, enfadonha. Tem livros que são pra pesquisadores mais do que literatura interessante.