Denise.Marreiros 20/02/2020A primeira vez que tive contato com esse livro foi na adolescência em uma dessas leituras obrigatórias na escola, e de fato não me recordava de muito do que se passava na obra.
O autor sempre foi um queridinho pois escreveu meu clássico nacional favorito, "Senhora" , que compõe a Trilogia Retrato de Mulher da qual Lucíola também faz parte.
Gosto muito de livros de época, acho gostosinho aquele joguinho de gato e rato que sempre acontece entre os protagonista, esses livros são nossos romances mais idealizados. Os romances históricos e esse é um romance urbano histórico, trazem uma bagagem mais pesada, retrata a sociedade tal qual ela era em sua época, nos dá detalhes realistas em uma história idealizada.
José de Alencar mostra muito bem a sociedade brasileira de sua época, com toda a sua mesquinhez, e nos apresenta um protagonista fraco que não consegue lidar com uma mulher de personalidade forte e que sabe o que quer, quando quer. Em muitos momentos Lucíola não mereceu o homem fraco a quem entregou seu coração, ainda bem que o autor sabia o que estava fazendo e da sua forma o redimiu.
Lucíola ou simplesmente Lúcia, é na verdade nossa Dama das Camélias brasileira e ouso dizer que carrega o título com muito mais propriedade que a heroína de Dumas. E dá a nós leitores o verdadeiro exemplo de doação ao ser amando.
Nossa história é a de uma prostituta que tem no amor a redenção de todos os seus pecados. Uma atitude corajosa do autor que não pôde se furtar da moral da época e nos deu o final trágico que toda cortesã merece.
Esse romance que é epistolar e narrado por Paulo alguns anos após os acontecimentos narrados no livro, me encheu de amor por mais uma mulher forte, dona de si e por isso a frente do seu tempo. Quantas Lucíolas não existiram ao longo dos anos em nossa sociedade corrupta e ainda assim moralista? Quantos finais não foram piores e mais trágicos que o de Lúcia?
José de Alencar me encantou mais uma vez com sua escrita, espero que encante você também, uma vez que a leitura torna-se prazerosa e não mais uma obrigação.