Ranier.Ferreira 10/01/2022
José de Alencar nunca errou?
Lucíola, ficção urbana de José Alencar publicada em 1862, dá voz à Paulo Dias, que conta, por meio de cartas o romance que viveu com uma cortesã chamada Lúcia. Nesta fase de Alencar, dos chamados, ?romances urbanos?, o cotidiano e os costumes de uma sociedade burguesa são relatados e criticados duramente através dos personagens e suas mazelas. Na literatura desse momento, a figura principal do Romantismo deixa de ser o índio, a natureza, e passa a ser o povo, com seus enfados e virtudes, procurando reafirmar a recente independência do país.
Na busca de ter um panorama geral da obra de Alencar, durante o mês de janeiro me propus a ler três obras de três momentos diferentes da literatura de Alencar. Lucíola (urbano), Iracema (indianista), Til (regionalista). Com a experiência de já ter lido ?Senhora? que também compõe a fase urbana, a obra escolhida para primeira semana foi ?Lucíola?.
As críticas ponderadas desta obra são dignas de um clássico, pois não se desfizeram com o tempo, machismo, degeneração da classe mais rica, e barganha de princípios em troca de status sociais, são temas abordados de forma magistral pelo autor, que faz um retrato romântico, porém com pinceladas no movimento realista, do qual quase inaugurou não fosse o seu contemporâneo Machado de Assis o fazer.
Necessário lembrar o futuro leitor de que o homem é um produto de seu tempo, e apesar do autor fazer várias críticas às desigualdades e injustiças praticadas à época, o mesmo, tem uma necessidade imensa de fazer a personagem feminina se redimir, por seus ditos ?pecados?, marcando o'que pintada por ele mesmo como mulher forte e inabalável, por diversas humilhações e um fim duvidoso, pela simples necessidade da purificação do seu corpo.
Estou à espera de algum livro de José de Alencar que me decepcione, um gênio, e escritor fantástico, merece cada vez mais o porto de autor favorito nacional.