Mariana 27/09/2022
"Uma deusa, uma louca, uma feiticeira, ela é demais..."
Lúcia, Maria da Glória, Lúciola. Uma mulher misteriosa, com o encanto ideal de uma amante romântica. A obra de José de Alencar retrata Lúcia através da perspectiva de Paulo, um homem que muda-se para o Rio de Janeiro e conhece a moça em uma das festas da Corte, apaixonando-se por ela. A relação entre ambos discorre-se ao longo das páginas e pouco sabemos tanto de Lúcia, quanto de Paulo, mas vemos muito sobre o contexto social, a aristocracia, as pressões sociais, as diferenças entre gêneros e julgamentos acerca do que se espera de um homem e de uma mulher, tanto em relação a postura, a finanças, a vestimenta, a linguagem, a ingestão de álcool e idas a bailes, entre outros exemplos. Aos poucos vamos desvendando mais sobre a história dos personagens e entendemos como Lúcia chegou até ali, após a perda dos pais e dificuldades financeiras. Em diversos momentos achei a conduta de Paulo muito julgadora, conservadora e machista, e obviamente me lembrei do contexto e da época em que a obra foi escrita. Além disso, é claro o quanto as mulheres são retratados de forma "devassa, louca, feiticeira" simplesmente pelo fato delas extrapolarem as convenções sociais - o que na época realmente imagino ser uma blasfêmia.
De forma geral, a linguagem empregada me é muito cansativa, embora compreendo seu valor. Ressalto que gostei dessa edição, pois no final ela traz uma contextualização da obra e perguntas de vestibular (não que eu ache necessário, mas sim interessante para testarmos nossa interpretação e memorização da história).