Ley 09/08/2020Eu não sabia que precisava ler esse livro até realmente lerThe Outsiders é um livro que originalmente foi lançado em 1967, e uma curiosidade interessante, é que a autora tinha apenas quinze anos quando começou a escrever a história. Para um livro lançado nessa época, imaginei que ele teria um conteúdo e uma escrita mais densa. Contudo, me deparei com uma escrita fluida, uma história emocionante e uma leitura que me levou a refletir bastante.
Assim como o livro é lançado em 1967, a história é ambientada na mesma época, contando sobre uma realidade distante para mim, mas que um dia foi real para muitos. A história é sobre Ponyboy, e é narrada em primeira pessoa por ele.
Ponyboy faz parte de uma gangue, assim como seus irmãos. Ele faz parte de uma classe mais baixa e característica de adolescentes, que na época era denominada Greaser. Eles eram conhecidos pela rebeldia, a participação em facções como gangues, entre outras características facilmente associáveis à época.
O protagonista e seus irmãos são órfãos e cuidam de si da maneira que podem. O que eu logo me chamou atenção após conhecer esse mundo de Ponyboy, foi que aos olhos de uma sociedade distante da realidade do protagonista e seus irmãos, é simples associá-los à marginalidade e a uma espécie mais obscura de criminalidade, quando na verdade não é bem assim.
Os Greasers são muito mais do que integrantes de gangues. Depois de ter contato com história da gangue de Ponyboy, vi ali um laço de amizade construído através de muitas batalhas individuais e em conjunto. E de certa forma, uma espécie de apoio, como válvula de escape devido aos seus muitos problemas.
Os personagens não estão distante dessa marginalidade a qual citei, porém isso é bem mais delicado do que julgá-los por algo. As circunstâncias em que vivem são um dos principais motivos para isso. Foi uma surpresa saber que Ponyboy tem apenas 14 anos quando nos conta sua história.
Novamente isso me fez refletir sobre como somos obrigados a crescer precocemente. E assim como Ponyboy, todos os personagens são novos, mas vemos que a pouca idade não impediu os acontecimentos desastrosos acontecerem em suas vidas e afetá-los.
Os Greaser são constantemente desafiados e vivem em guerra com os Socs, que também fazem parte de gangues, e possuem rebeldia. Mas o que os diferencia um do outro, é a condição financeira. Enquanto para os Greaser a marginalidade muitas vezes não é uma opção, e suas vidas não são fáceis por conta de traumas e etc, para os Socs há uma facilidade em conseguir as coisas por conta da sua condição, mas muitas vezes suas vidas também não são tranquilas.
Acabei me afeiçoando bastante aos personagens, e mesmo sem ter vivido na época, tentei me colocar em seus lugares para entender melhor como seria. Os acontecimentos do livro são, de certa forma , dura e realista, e nos faz querer não acreditar que aquilo é real, quando pode ser.
A trajetória dos personagens é difícil, nos fazendo lembrar que há injustiça no mundo, mas também tentar aprender outros tipos de lições. Ponyboy é um garoto novo e sua forma de pensamento ainda é ingênua em alguns momentos, mesmo que ele seja precoce em outros.
Há referências durante a leitura. Elas são bem mais próximas da época, e por isso não consegui identificar todas, mas amei ver a obra E O Vento Levou ser mencionada várias vezes na história. A leitura é surpreendentemente rápida, com trechos e mais trechos reflexivos. O livro é emocionante do início ao fim, e me transmitiu diversos sentimentos dos mais variados.
A obra possui uma adaptação, porém aparentemente não fez tanto sucesso quanto ao livro. A edição da editora Intrínseca é tão bela quanto a história contada nele, e tem um conteúdo extra sobre a autora e adaptação. Este foi um livro que imaginei que me tiraria da zona de conforto, mas acabei me apaixonando.
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https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/06/resenha-outsiders-vidas-sem-rumo.html