lightweaver 02/07/2021
Um prato cheio para o neurodivergente e que o cachecol esteja com você, sempre.
Essa obra de arte conta com dois protagonistas e vários outros personagens secundaríos que vão aumentando na medida que a história vai expandindo e eu vou usar esse relatório para falar de um personagem específico, Thorn, o protagonista dessa maravilhosa história.
THORN, SUPERINTENDENTE DO POLO: Thorn é, em sua essência, rabugento, indiferente, e várias outras coisas peculiares, tenho certeza que poderia ficar aqui até amanhã listando todas elas, brincadeira é claro. Apesar disso ele é extremamente profissional e formal o tempo todo, ele é o tipo de personagem que foi criado pelo seu ambiente e ele teve mesmo um passado extremamente trágico, nenhuma novidade aqui, mas o que torna Thorn um personagem de estudo é que ele poderia facilmente ser classificado como um personagem tóxico qualquer, o que não é o caso. Mesmo ocupando um posto de renome e importante no Polo ele ainda é considerado um bastardo e é abertamente odiado por todos os aristocratas da corte, corte essa que é extremamente hostil e predatória, em todos os sentidos da palavra. Thorn tendo crescido sendo abusado e isolado por grande parte de sua vida e vivendo em uma sociedade que pode ser extremamente perigosa para todo mundo, ainda mais para pessoas consideradas fracas, ele simplesmente não poderia ser uma pessoa boa ou decente nem mesmo se ele quisesse ser uma e acabou sendo frio, indiferente e completamente autoritário. Mas em seu cerne, eu acredito mesmo que ele seja uma boa pessoa, apenas uma não muito sociável, o tipo de pessoa que é mais ações do que palavras. Uma pessoa com ansiedade social poderia facilmente se identificar com o Thorn no decorrer da leitura, a luta dele para se comunicar normalmente com os outros é palpável, ele pode agir formalmente e profissionalmente o quanto quiser mas quando o assunto é informal e amigável ele começa a agir como se estivesse sendo feito refém e fosse obrigado a ser honesto e isso somado a um cenário onde ele é obrigado a se isolar ainda mais na Intendência, onde ele trabalha, e só lidar com a burocracia que é o seu trabalho não melhorou em nada as coisas. Um dos pontos altos dessa história é que a outra protagonista, Ophélie, também tem sérios problemas de comunicação e várias outras coisas notáveis e é extremamente satisfatório a forma como os dois evoluem no decorrer dos livros e aprendem a se comunicar um com o outro, juntos, esse é o cerne do romance deles e eu mesmo sendo uma pessoa socialmente estranha senti uma conexão muito maior com o romance dos dois que qualquer outro romance que eu tenha lido em qualquer outra história.