@vcdisselivros 18/04/2020Uma leitura de tirar o fôlegoSe você já leu O sorriso da hiena está familiarizado com a qualidade da escrita do autor Gustavo Ávila, bem como, com a personalidade única do detetive Arthur Veiga.
Para nossa alegria, ambos estão de volta em um livro que traz grandes reflexões sociais, na medida que inicia uma investigação que faz o leitor perder o fôlego.
Na narrativa, moradores de rua começam a desaparecer durante a noite sem que ninguém suspeite, afinal, eles são os alvos perfeitos já que passam tão despercebidos pela sociedade.
No entanto, o cenário muda quando um morador de rua surge na delegacia anunciando o sumiço do amigo. Afetado pela monotonia das férias, o detetive Arthur Veiga passa a investigar o caso, descobrindo um padrão no desaparecimento de pessoas que estão em situação de rua.
No decorrer das páginas, somos apresentados a uma série de personagens, que de alguma forma irão desempenhar seu papel em algum momento do livro. Em um primeiro momento, a quantidade de coadjuvantes assusta ao ponto de o leitor questionar o que o autor fará com tudo isso.
AME OU ODEIE
O detetive Arthur causa um misto de emoções sem precedentes. Muitos não conseguem sentir apatia pelo personagem, devido a falta de habilidades sociais que ele apresenta como resultado da síndrome de Asperger.
O que muitos precisam entender, é que a síndrome atua como o dom dele, já que a falta de floreios faz que o detetive desempenhe seu papel de modo objetivo e prático, permitindo que ele visualize fatores que com certeza escaparia da atenção de outros. Como dizem, o diabo mora nos detalhes, então acredite, ele irá vê-los.
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA SÃO GENTE
Uma coisa que Quando a luz apaga evidencia é o preconceito que gira em torno dos moradores de rua, a invisibilidade dessas pessoas.
Gustavo Ávila explora como classificamos todos como drogados ou alcoólatras, quando na verdade não sabemos o que de fato levou a maioria a aquilo. Não sejamos hipócritas, o livro mostra a verdade, alguns perderam tudo justamente por sustentar algum vício, mas a verdade, é que como tudo na vida, não podemos generalizar.
A violência da rua e a condição dos abrigos também são bem vívidos ao longo do livro.
TAPA NA CARA
Se você em algum momento desconfiou o que o autor pretendia com a trama e as subtramas, sinta vergonha disso. As amarras são tão bem feitas e as últimas páginas trazem uma mensagem tão forte, que fica difícil processar tudo na hora. A análise que o autor faz, realça que as pessoas vivem uma farsa, alimentando uma fantasia somente para se encaixar.
Ao escolher como leitura ?Quando a luz apaga?, esteja preparado para sair do livro se sentindo em uma versão pessoal mais evoluída e melhorada.