spoiler visualizarNalia 18/09/2020
Feito em meados de 1830, a obra se adere ao realismo português, narrado em primeiro pessoa pelo escritor Eça de Queiroz em sua fase mais crítica.
O protagonista, e também narrador, Teodorico Raposo, se revela órfão desde muito jovem, sendo apadrinhado por Dona Patrocínio, uma senhora macabra, rica e muito religiosa. Ao passar dos anos, o rapaz passa a se interessar pela vida mundana, onde a religião não tem voz, ao perceber a reprovação de sua tia, e a possível perda da herança, começa a se mostrar devoto, piedoso, compassivo e temente a Deus. Dona Patrocínio presenteia o rapaz com uma viagem a Jerusalém, a terra santa, e pede ao mesmo que busque uma santa relíquia, que possa estabelecer uma conexão divina com Cristo.
Teodorico, entendiado, é forçado a aceitar, mesmo querendo ir pra Paris. Ao passar pelo Egito, se envolve com Marr, uma vendedora inglesa, e logo depois precisa deixá-la, para dar procedência a viagem. A moça o presenteia com uma camisola e uma carta de amor, tem uma despedida difícil, porém a herança era mais necessária.
Ao chegar em Jerusalém, tem a brilhante idéia de fazer uma coroa de espinhos, como um artefato real do acessório de Cristo, e o embrulha. Antes de Partir, seu amigo lhe informa que a inglesa Marry, ja tem outro amante, e Teodorico joga o mimo recebido no mar.
Chegando em casa, é muito bem recebido por todos, e ao entregar a relíquia para a tua, se surpreende ao ver que jogou ao mar, a coroa falsa, e sua tia, pasma, o expulsa de casa. Pouco depois, descobre que a tia lhe deixou de herança, apenas os seus sombrios óculos, e todo o dinheiro foi para o amante de sua ex namorada, agora convertido a padre.
Essa leitura é sem dúvida, uma das mais divertidas que já li, embora tenha um caráter crítico, Teodorico é um hipócrita esperto e me fez rir várias vezes, falando que tinha que lutar contra Deus, por medo de que a igreja levasse o dinheiro de sua tia. E ao fim, nós aconselhando com os seus erros, nós induzindo a mentir e enganar mais, sempre que possível. Essa leitura é esplêndida!