carlosmrocha 09/09/2014
Neste romance somos apresentados a mais um dos típicos mundos de Brandon Sanderson, ou seja: personagens cativantes, tramas interessantes e como sempre, sistemas de magia inovadores. Nele, há um tipo bizarro de magia relacionado às cores. Todas as pessoas possuem uma energia BioCromática chamada de Sopro, (sopro vital, ou Breath). Quanto mais sopros uma pessoa acumula, mais efeitos mágicos ela pode produzir, sendo o mais notável a animação de objetos e seres mortos, habilidade conhecida como Despertar (Awekening). Diferente da maioria dos livros do autor, não faz parte de uma série, mas não é por isso que tem ambientação ou sistemas de magia inferiores.
No pano de fundo deste romance estão dois reinos vizinhos, Idris e Hallandren, que já foram unificados. No passado, a família real abandonou a capital para se estabelecer em Idris, nas montanhas, e o restante do reino passou a ser governado pela dinastia dos Reis-Deuses e sua corte de Deuses Vivos. Neste mundo, uma pessoa pode voltar da morte carregando uma grande quantidade de sopros consigo, e em Hallandren, os Retornados, como são conhecidos, são venerados como Deuses. Já os Idrianos possuem outra religião, que venera um deus único e imaterial chamado Austre.
O enredo segue a trajetória de duas princesas de Idris, Siri e Vivenna, que vão para T’Telir, a grande capital de Hallandren. Uma delas está destinada a casar-se com o atual Rei-Deus. Este casamento arranjado, supostamente colocaria fim nas tensões antigas entre os reinos e evitaria uma guerra eminente. Mas é claro que as coisas são mais complicada do que isso, e na medida que o enredo se desenvolve descobrimos intrigas, conflitos de natureza religiosa e vamos conhecendo o contraste entre visões das culturas destes reinos. Aí entram outros personagens principais como o Deus, Lightsong, o próprio Rei-Deus, Susebron, Bluefingers, o escriba chefe e administrador do palácio do Rei-Deus, um pequeno grupo de mercenários e o misterioso Vasher, um homem muito proficiente na arte do despertar e é claro, sua espada inteligente (e sanguinária): Nightblood.
Lightsong, o Deus ateu e preguiçoso, certamente foi meu personagem favorito no livro. Os diálogos dele são impagáveis e memoráveis. Um dos temas mais presentes no livro é o contraste entre as visões das culturas e suas religiões. O grupo de mercenários liderados por Denth também é hilário. Ele e seu braço direito, Tonk Fah, sempre estão fazendo ótimas piadas em torno dos preconceito contra a profissão de mercenário.
O próprio autor aponta como tema central do livro a reversão de posições/pontos de vista. Ou seja, o tema central é o preconceito e a eventual dissolução deste. É um livro que praticamente todos os personagens vão mudando e junto com eles, a própria percepção do leitor. As cores são um elemento narrativo muito usado e que faz parte da visão cultural dos povos, assim como do sistema de magia.
É um excelente livro, do tipo “virador de páginas” que você não consegue largar.
Depois de tudo, a boa notícia é que este é um romance que o autor liberou na internet gratuitamente. Li na plataforma Wattpad e gostei muito da experiência: Veja aqui. Está disponível em outros formatos também: veja aqui.
site: http://www.wattpad.com/story/6828459-warbreaker