Resenhas - Coração Apertado

Bruno Oliveira 11/04/2024

QUANDO QUEM TE OPRIME É A PRÓPRIA IDEIA QUE VOCÊ FAZ DE VOCÊ MESMO
Coração apertado, de Marie NDiaye é, surpreendentemente, uma leitura difícil, dada a temática que aborda e, também, surpreendentemente, uma leitura fluída, graças à ótima mão da sua autora. Sua leitura é difícil porque a personagem Nadia que acompanhamos, é a que conta a sua história e, justamente por isso, não é uma narradora confiável, pois, ao longo do livro, vamos percebendo por meio dos diálogos dela com os outros personagens que ela tem algum problema (ou problemas) e não é uma pessoa tão boa assim (SEM SPOILERS, POR FAVOR!)... O tema imigração não está explícito, mas está lá e é o que mais ajuda os leitores a entenderem o que a autora quis dizer. Por ter um texto límpido, mas não cru, e que exprime bem a ação na atualidade (presente do indicativo, certo?), acompanhar a personagem Nadia se torna uma tarefa difícil para os curiosos: você meio que se obriga a entender ou a descobrir quem realmente é essa mulher tão contraditória, tão estranha que está passando por momentos tão cruéis e igualmente estranhos – o que é real? O que é fantasia? Ela está realmente passando pelo que ela diz passar ou é tudo uma viagem dela?? Dizem que há um pouco de Kafka por aqui, então se preparem, desde já, para encarar a força opressora que há aqui, bem no fundo de um coração.

Slytheus 29/01/2024

Um livro que para mim, não fez sentido nenhum
Tentando entender o que foi que eu acabei de ler. O livro em si, é muito bem escrito, ele deixa uma angústia, um quê de suspense para que o leitor queira continuar a encarar aquele mistério sem querer abandonar o livro, o problema disso, é que o livro beira a um nosense. Em determinada parte do livro, logo no começo, é entregue o que a sinopse entrega da narrativa, porém, logo após isso, a história parte para outra coisa, deixando tudo sem respostas concretas, e que no máximo, talvez, alguns leitores, possam interpretar o que se foi lido. A autora é bastante conhecida na França, no Brasil, esse havia sido o seu primeiro livro publicado, então, pode ser que, por falta de mais conhecimentos sobre o trabalho da escritora, possa também atrapalhar o entendimento da obra como um todo. Eu li algumas resenhas e vi alguns vídeos sobre o romance, e nenhuma resolve a nebulosidade que ficou com o final sem respostas de nada. Eu vou dar duas estrelas, apenas pela escrita que induz o leitor a querer saber mais e mais do que está lendo, pois, se for pelo contexto da obra, eu não daria mais, já que, confesso que não entendi o que a autora que transmitir. Vi algumas pessoas dizendo que é sobre preconceito envolvendo imigração, ainda sim, não vejo sentido, uma vez que, é deixado claro, que o marido foi ferido, e que ele não teria sido, se não fosse por causa de sua mulher. Não vou negar, apesar de ainda ser janeiro de 2024, não tenho dúvidas que esse livro, já vai estar na lista de piores livros lidos no ano.

@vilmar_martins 13/03/2020

Ler, dói...
Já leram um livro que dói? Não? Então este o caso, pois a obra vai em uma crescente de angústia, tensão, mistério e sofrimento. Acompanhamos os passos da personagem sofrendo a cada martírio, indignados com as injustiças e sem entender "oque ta contesseno". Um sofrimento mesmo gratuito, mas compreendido pode ser tolerado, agora um sofrimento incompreensível e descabido que foge da nossa percepção, dói mais ainda. Recomendo a leitura, mesmo com o risco da realização do título, pois ler a obra é ficar com o "coração apertado".

Vinicius.Correa 16/02/2020

Um livro complexo, esplêndido e profundamente realista que faz juz ao nome, "Coração Apertado" realmente te deixa com o coração apertado e com uma angustia intensa do começo ao fim... é o tipo de livro que te deixa sem ar durante a leitura e com uma pulga atrás da orelha no final.

PS: Sugiro que depois de ler a última página do livro aguarde dois dias para firmar seu pensamento. Neste dia, ou noite, as cenas começam a voltar, e outros sentidos e lembranças surgem. Ainda assim garanto que você será uma pessoa mais feliz duas semanas depois de ter lido este livro, e sofrido o pão que NDiaye amassou. (Beatriz Bracher)


O Romance conta a história de um casal de professores que começam a ser hostilizados de uma hora para outra e sem que entendam o motivo... narrado por Nadia o livro coloca o leitor na posição de protagonista, fazendo você: ver, pensar e se apavorar do mesmo modo que Nadia e Ange (Marido de Nadia) se sentem. Involuntariamente você se envolve tanto no trama e no horror da história que a raiva e a vergonha presentes no livro, o mesmo horror que é praticado com o casal de professores, se tornam um incomodo, que nós incomoda do começo ao fim.

Nadia e Ange, um casal de professores que moram em Bordeaux, são hostilizados de uma hora para outra sem que entendam o motivo, os alunos que passam do afeto á provocação, eles são literalmente riscados do mundo, totalmente ignorados, e maltratados pelos que não os ignoram.

Ange aparece machucado, Nadia sem saber o que fazer, quer leva-lo ao médico, mas o seu vizinho diz que é melhor não, um homem muito suspeito, o único que demonstra solidariedade ao casal. Ele passa a cuidar das refeições do casal, cozinhando alimentos e acrescentando muita gordura em suas deliciosas receitas, afinal o que esse arrogante e suspeito vizinho, que foi tão ignorado e humilhado por Nadia e Ange, pretende fazer ao casal? O que ele quer? E por que só Nadia não o reconhece como ele é descrito por seus conhecidos?

Ao longo do livro você começa a refletir e odiar a protagonista, por que afinal, ela mesma pode ser a culpado por tudo isso, ela pode ser causadora de tudo, ela fez tantas coisas ruins que faz com que você perceba que ela pode acabar merecendo todo o mal que ela sofre... O livro é cheio de perguntas e poucas respostas... Com um final que cada um tira dele suas próprias decisões e interpreta do jeito que quer!

site: http://decidindose.blogspot.com/2014/05/coracao-apertado.html

Priscilla Akao 29/08/2017

Nonsense, surreal
Há uma recomendação na contracapa do livro :para esperar 3 dias para tentar compreender melhor este livro. Não adiantou .
Foi tão incompreensível que fiquei curiosa para saber se no final haveria algum esclarecimento. Mas não. Alguma das resenhas atribui esse clima de incompreensão e angústia à situação dos imigrantes na França , mas eu neta de imigrantes aqui no Brasil, nem um pouco perfeitamente aclimatada e também discriminada por meus traços e costumes ...não, também não senti nem me identifiquei.
Interessante. Incomoda.

@lidcomisso 15/11/2016

Impressões
Um livro que te obriga a ir até o final, pois incomoda. Uma escrita semelhante ao estilo de Kafka. Uma história que continua, mesmo depois que acaba. Uma analogia. Várias interpretações. "[...] e eu devia parecer então com alguns dos meus alunos que, quando os interrogo, se lançam perdidos no abismo, na certa rezando para que a queda tenha a lentidão flutuante e a eternidade dos sonhos [...]"

site: https://www.instagram.com/lidicirilo/

Martha Lopes 24/04/2010

Sobre o livro
Com tom nonsense semelhante ao de Franz Kafka, o livro exibe o absurdo desencadeado por motivo desconhecido, como em "O Processo", do autor. Através de metáforas, mostra a opressão dos diferentes. E remete, levando-se em consideração a proveniência da autora, ao contexto atual da França, em que existe um processo latente de não-aceitação dos imigrantes e de seus filhos, já cidadãos franceses. A pressão social que leva o sujeito a se sentir realmente diminuído é atestada na obra pelas práticas de quase bullying que levam os alunos, colegas e até parentes a destratarem os professores.

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