Samuca Silva 15/01/2022Escrito em língua inglesa, o livro Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley (1894-1963) é um dos romances distópicos mais influentes do século XX. A trama se passa em futuro longínquo, século XXVI, no qual a Terra está dividida em 10 regiões administrativas e possui 2 bilhões de habitantes os quais são manipulados geneticamente e estão divididos em 5 castas, e suas subdivisões, são elas: alfas, betas, gamas, deltas e ipsílons. Não existe mais famílias, o “nascimento” ocorre em laboratórios através de incubações, não há espaço para religiões nem para o avanço científico e as relações monogâmicas são proibidas.
O romance centra-se em Londres e dentre as inúmeras personagens da obra destaca-se Bernand Marx e John, O selvagem. A versão, em português, aqui resenhada é a 22° edição de 2014. O romance se dividi em dezoito partes.
Apesar de seus quase 90 anos da publicação, Admirável Mundo Novo continua a suscitar inúmeras reflexões e problemáticas relacionadas a diversas temáticas desde o totalitarismo e suas implicações a questões de identidade, governo mundial, clonagem, condicionamento social bem como questionamentos filosóficos ligados a felicidade, amor, ciência e religião, por exemplo.
Em meio a esse leque de discussões levantadas pela obra de Huxley, uma que talvez seja central é a felicidade que na sociedade futurística do livro é algo permanente conquistado à custa da liberdade individual e da paralisação cientifica a partir do uso da droga soma, estratificação social geneticamente pré-definida e o não envelhecimento. É esse entorpecimento social que mantém as coisas em seus devidos lugares.
Assim como no livro atualmente há uma homogeneização dos indivíduos, principalmente, no sentido cultural que já era algo perceptível nos dias de Huxley e elevou-se ao ponto de nos dias atuais a cultura pop calcada na indústria cultural, conceito desenvolvido por Adorno (1903-1969) e Horkheimer (1895-1973), ter o controle sobre a vida das pessoas ditando o que devem ouvir, falar, vestir e ver tudo isso sem a necessidade de condicionamentos biológicos e químicos do Admirável Mundo Novo, o que torna o presente ainda mais assustador.
O romance de Aldous Huxley é uma obra essencial para os que querem ser apresentados a um pouco provável, mas possível e terrível futuro que aguarda a humanidade. Pode ser visto também como um exemplo de como a inadequação à sociedade das massas é algo perigoso.