“Elias tornou a levantar os braços para os céus:
'Meu povo afastou-se do Senhor por causa da beleza de uma mulher. A Fenícia pode ser destruída, porque um sacerdote pensa que a escrita é uma ameaça aos deuses. Por que Aquele que criou o mundo, prefere usar a tragédia para escrever o livro do destino?'
Os gritos de Elias ecoaram pelo vale, e voltaram aos seus ouvidos.
'Você não sabe o que diz', respondeu o anjo. 'Não há tragédia, mas o inevitável. Tudo tem sua razão de ser: Você só precisa saber distinguir o que é passageiro, do que é definitivo'.
'O que é passageiro?', perguntou Elias.
'O inevitável'.
'E o que é definitivo?'
'As lições do inevitável'.”
No dia 12 do mês de agosto de 1979, eu fui dormir com uma única certeza: aos 30 anos de idade, eu estava conseguindo chegar ao topo de minha carreira como executivo.
Quando acordei, recebi um telefonema do presidente da gravadora: acabava de ser despedido, sem maiores explicações.
O inevitável aconteceu, justamente no momento em que eu me sentia mais seguro e confiante. Penso que não estou só nesta experiência; o inevitável já tocou a vida de todo ser humano na face da Terra. Alguns se recuperaram, outros cederam – mas todos nós já experimentamos o roçar de asas da tragédia.
Por quê? Para responder a esta pergunta deixei que Elias me conduzisse pelos dias e noites de Akbar.
Ficção / Literatura Brasileira