Entre o querer dizer e o dizer demais, entre a rosa multifoliada e o mísero grão, entre o silêncio e a redundância. No ocaso das coisas comuns, na geleia geral dos clichês do mundo, na capa do disco que, decupada, decuplica-se em rangido e ausência de forma. Assim vai Natalia, com seus vários caderninhos, sua relutância em usar o Word, seus lápis de ponta bastante estragada que, mal riscam, operam sóis azedos em línguas lânguidas. Assim vai Natalia: porque sabe que conto pequeno não é miniconto, porque sabe que é importante (não: é imprescindível) repetir-se, porque sabe que não reluta dentro do hipocampo a medusa da sorte, a medusa do pertencimento, ou a medusa da potência. Sabe - Natalia - que se insere neste ambíguo vazio falante chamado tradição, mas pulsões imensas nela tratam de projetá-la contra a máquina de fabricar doidos da solidão.
Contos / Ficção / Literatura Brasileira