Um mestre que renuncia ao fausto e à fama preferindo exercitar a sua arte solitário, numa cabana construída num jardim. Um discípulo que tudo quer aprender para mais rapidamente chegar ao ápice de sua carreira. O mestre é Saint Colombe, o maior virtuose da época de Lully e de Luís XIV. O discípulo, Marin Marais, que costumava se esconder para ter o privilégio de saborear a música de um violista assombroso.
Construindo com eles uma parábola sobre a arte e seus desígnios, Pascal Quignard exibe uma técnica invejável, onde a extrema elaboração comparece travestida de simplicidade, onde a densa erudição nunca falseia a literatura. Livro escrito ao mesmo tempo em que elaborava o roteiro para o filme de mesmo nome, de Alain Corneau, 'Todas as manhãs do mundo' revela um autor capaz de fabricar dois textos totalmente distintos tendo como ponto de partida o mesmo tema. Solo de viola, a um tempo sensual e funesto, sábio, sem ser rebarbativo, saboroso e cruel, eis um livro que fica nos olhos e nos ouvidos muito depois de terminar.