Resenhas - Quincas Borba

Camille.Pezzino 27/07/2020

RESENHA #134: SOBRARAM AS BATATAS
Você já se imaginou ganhando uma fortuna? Imagine, então, que um amigo seu “muito querido” veio a falecer e lhe deixou como herdeiro universal de sua riqueza e, como condição, você só teria que cuidar de seu cão.

A tarefa soa fácil, não é mesmo?

Mas não para Rubião, porque, embebido pelo luxo e dinheiro, cercado de homens corruptos e interesseiros, o modesto professor se atira a Corte oitentecista para viver e aproveitar o que nunca teve oportunidade antes. Sendo esse o começo de seu declínio, claro.

Machado de Assis, um dos mais incríveis escritores da literatura nacional, traz – através de seu estilo realista – aspectos intrínsecos da sociedade de seu período, o que faz com que Quincas Borba seja uma obra fenomenal tanto no viés histórico quanto no trato psicológico e social.

De praxe, com obras atemporais como essa, há muito o que se explorar dentro dos ditos e não ditos do enredo. No entanto, vamos começar pelo título duplo e ambíguo: Quincas Borba.

Dentro da trama, encontramos dois personagens com esse nome peculiar: o primeiro é o filósofo e amigo morto, personagem presente desde Memórias Póstumas de Brás Cubas; o segundo, não menos importante, é o próprio cão, cujo nome é o mesmo de seu dono falecido.

Mas por quê?

Ao contrário dos outros dois romances da trilogia (Memórias e Dom Casmurro), em Quincas Borba, encontramos a narração em terceira pessoa. Essa narração se deve, sobretudo, a condição existencial de Rubião. Ao contrário de Brás e Bentinho, o personagem não vem de uma camada social abastada, pelo contrário, dando a entender que o pobre/proletário, mesmo endinheirado, não tem voz de fato. E, caso adquira algum status, é mero recurso aos interesseiros.

QUER SABER MAIS? ACESSE EM: https://gctinteiro.com.br/resenha-134-sobraram-as-batatas/

site: https://gctinteiro.com.br/resenha-134-sobraram-as-batatas/

Leeh 26/07/2020

Quincas Borba
Primeiramente, o autor levanta uma questão a respeito ao título do livro, onde não se sabe se o livro foi entitulado por causa do filósofo ou pelo cão.
O livro começa contando sobre o filósofo Quincas Borba que criou sua filosofia HUMANITAS, o qual foi baseada pela frase ?Ao vencedor as batatas!?. O filósofo estava à beira de sua morte, porém não tinha herdeiros vivos e, devido aos cuidados que o professor e amigo Rubião; a herança foi deixada para ele, assim como o seu cachorro que também se chamava Quincas Borba.
O filósofo morre quando vai ao Rio de Janeiro visitar seu antigo amigo Brás Cubas.
Depois de receber a herança, Rubião decide que vai se mudar de Barbacena (Minas Gerais) para a capital do país (Rio de Janeiro).
No trem o personagem acaba conhecendo o casal Cristiano Palha e Sofia. Pôde-se notar que o Rubião não conteve-se em informar o casal de desconhecidos que estava rico. Dessa forma, Cristiano se aproveitou disso e se fez de amigo, dando conselhos a respeito da corte.
Com a aproximação do casal com o personagem Rubião, o mesmo se apaixona por Sofia, pois ela era uma mulher muito encantadora, além de usar vestes que exaltavam o seu corpo e despertavam o interesse dos homens da época.
Além disso, Rubião conhece novos ?amigos? chamados de Carlos Maria e Camacho.
Camacho é um personagem ligado muito a política e que decide fazer um jornal, mostrando suas opiniões a respeito da política do país e que é apoiado pelo personagem principal.
Carlos Maria já é um personagem que, mais para frente, desperta os desejos íntimos de Sofia e se casa com sua prima.
Rubião, devido a sua paixão por Sofia, se declara a ela em meio de um baile na casa da moça, onde, por pouco, não foram ouvidos pelo Major Siqueira.
Sofia responde mal à declaração, além de se sentir em uma péssima situação, já que o marido dela era grande amigo de Rubião e decide contar ao marido (Cristiano Palha); que no começo parecia ficar bravo com isto, mas pensou melhor e não ligou para o que aconteceu, devido ao seu suposto interesse pelo dinheiro do amigo, uma vez que ele o controlava indiretamente.
Da mesma forma que acontece a história contada pelo filósofo Quincas Borba para explicar o princípio de Humanitas, acontece com Rubião. Ou seja, em um dia Rubião que estava indo a editora de seu amigo Camacho, viu que um menino se desprendeu da mãe e correu para o meio da rua, justamente quando um carro estava vindo em sua direção. Rubião se lança em frente ao carro e salva o menino. Este mesmo menino zombará do personagem mais para frente, quando ele está com problemas psicológicos.
Rubião foi reconhecido por sua atitude e sua ação foi publicada no jornal de Camacho.
Mais tarde, na casa de Sofia aparece a presença de sua prima Maria Benedita que era do interior e que decide ficar na corte para estudar e arranjar um marido. Depois de muitas indas e vindas da prima, ela decide ficar oficialmente na corte, especialmente na casa de Sofia, depois da morte de sua mãe.
No meio do livro, pôde-se notar uma aproximação da parte de Carlos Maria e de Sofia, especialmente no eventual baile, onde Carlos Maria tira a moça para uma valsa, onde eles já tem uma certa intimidade nas conversas.
Rubião também deduz que haja um relacionamento entre os dois e decide tirar satisfações com Sofia, porém ela explica que sua prima e Carlos Maria irão se casar.
Carlos Maria definitivamente mexe com os sentimentos de Sofia. No entanto, ela se contém ao máximo devido ao fato dela ser casada.
Mais tarde, sabendo que não há chances dela ter um relacionamento com Carlos Maria, Sofia decide casá-lo com sua prima Maria Benedita que gostava muito do rapaz, porém não transparecia.
Neste momento do livro, aparece a prima de Carlos Maria, D. Fernanda e seu marido Teófilo (importante homem na política, sendo vereador e que possuía intenções de ser ministro) que, principalmente D. Fernanda, incentiva super o casamento entre ambos.
Assim dito, ambos casam-se e vão para a lua de mel na Europa, onde Maria Benedita envia uma carta a sua prima lhe contando as novidades que estava grávida. Sofia fica com raiva/ciúmes e ignora as demais cartas da prima.
Ao longo dessa parte da história, pôde-se notar a presença de características que insinuavam o começo da loucura de Rubião, como o fato dele dar a mão as demais pessoas para beija-lá e cortar a barba e o cabelo igual ao de Napoleão III.
Rubião definitivamente mostra que está louco, pois ele começa a achar que ele é o imperador Napoleão III, tendo lapsos de memória.
Quando o seu quadro psicológico já se encontra em um quadro avançado, os supostos amigos como Camacho e Carlos Maria, o evitam e até mesmo o expulsão de suas casas. Já Sofia e D. Fernanda que nem era próxima do rapaz, decide o ajudar internando em uma clínica psicológica, onde os médicos diziam que ele tinha a possibilidade de ficar bom novamente.
No final do livro, Rubião melhora bastante o seu estado psicológico comparado a quando foi internado, porém faltando 2 meses para concluir seu tratamento, Rubião deixa uma carta informando D. Fernanda e Sofia que fugiu para Barbacena (sua terra natal) junto com Quincas Borba.
Quando o Rubião e o cachorro chegam a terra natal, começa uma tempestade e nota-se que o personagem, apesar de afirmar que já estava melhor de suas condições mentais, aparece confuso e atordoado sem saber para onde ir, então ele decide depois de muitas vezes subindo e descendo ladeiras junto ao cão faminto e exausto. Então ele decide dormir na escadaria da Igreja.
No dia seguinte, é acolhido pela cumadre dele que o reconhece e que percebe Rubião está delirando. Ela decide chamar a vizinha, que contou para outras pessoas, para saber o que fazer com o pobre moço. Então, ela decide chamar um médico, que cuidou também do falecido filósofo Quincas Borba, e que determinou que ele estava delirando.
No final, Maria Benedita tem seu filho com Carlos Maria; Rubião morre em Barbacena, devido ao seu delírio e doença (febre) e também o cachorro Quincas Borba morre, por causa que ele fugiu depois da morte de Rubião para procurá-lo e depois de três dias foi encontrado morto na rua.

Renan GM 17/07/2020

Rubião, o louco descapitalizado
Perdão pelo título, ele tem um breve Spoiler.

É genial a forma como o Bruxo do Cosme Velho descreve o rápido processo de enriquecimento do ex-peofessor Rubião, e o longo e doloroso (para o leitor) processo de loucura do protagonista aliado a um casal nojentinho!

Recomendo a leitura

Monique 14/07/2020

Quincas Borba
É uma história triste e pesada.
Acho que é um período que os escritores da literatura estavam meio deprimidos, pois os finais costumam ser densos - ou o problema está em mim que tenho o psicologico fraco.

Quincas Borba, a princípio, é o personagem que a gente conhece em Memórias Postumas de Brás Cubas, mas também é o seu cachorro e bom companheiro, aquele por quem a pessoa tem muita estima e consideração.
Infelizmente, ele não dura muito e tudo passa para as mãos de Rubião, uma pessoa meio ingenua do interior e amigo de longa data. E a história se centraliza no que acontece a partir dai tanto com a herança deixada, quanto no destino dos personagens principais.

Acho que Machado de Assis estava influenciado por Gogol neste livro, só acho.

Quincas Borba, o cachorro, é o único personagem que realmente me interessa durante todo o narrar da novela, pois torço pelo seu bem-estar - o que nem sempre acontece e isso fragiliza meu psicologico.

Apesar de tudo, Rubião tem certa estima por ele e os dois permanecem juntos como companheiros.

Enfim, é uma história que ficou marcada para mim tanto pela influência que Gogol pode ter tido em Machado de Assis quanto por Quincas Borba - o cachorro.

emilybarbosa 13/07/2020

Ai gente, só queria dizer que o Quincas Borba (o cachorro) merecia um vida melhor e mais feliz!
É o único realmente bom de coração nesse livro!
As pessoas não merecem os cachorros!

Vicioouss 12/07/2020

Clássico de Machado de Assis, porém fiquei sem entender o fim, é como se faltasse o fim

TCN 12/07/2020

Uma farofa de narração
Foi muito difícil para eu terminar essa leitura.
Logo no início já foi meio decepcionante ver que o personagem Quincas Borba, o mesmo que aparece em Memorias Póstumas de Brás Cubas, não tem grande relevância na história. Ele é só quem deixa a herança para Rubião, mas poderia ter sido qualquer outra pessoa. Essa tentativa de conectividade entre as obras, na minha opinião, foi falha.
Falando do Rubião. Foi um personagem difícil de engolir. Em muitos momentos ele é um completo babaca. E trata o cachorro muito mal, o que rendeu várias cenas ou me irritei demais com ele.
Na verdade, esse livro está repleto de personagens com falta de caráter. Grande parte são egoístas, prepotentes, não empáticos e vaidosos.
O livro é em terceira pessoa, então a narração vai de um personagem ao outro, mostrando vários pontos de vista, mas no final você não consegue se apegar a nenhum personagem porque nenhum é realmente explorado.
Os pontos positivos são a quebra dessa quarta parede, quando o narrador se refere diretamente ao leitor, e algumas pegadinhas do narrador, onde ele coloca acontecimentos que dão a entender alguma coisa, mas depois de alguns capítulos ele nos mostra como não havia ligação de uma coisa com a outra.
Eu "entendo" o que o Machado quis com ele livro, mas sendo contrária a muitas opiniões, acho que esse livro é uma tentativa de ser como Memórias Póstumas, mas sem sucesso.

Yas 04/07/2020

????
Uma grande obra, pessimista e irônica, representando muito bem a literatura Machadiana, perfeito !!

Esther 04/07/2020

Ler Machado de Assis é sempre uma dádiva. Este livro marca bem sua fase realista: o jeito que as personagens são construídas, a linguagem erudita e etc.
A única coisa ruim é que é um livro enrolado, devido a todo o trabalho da construtção psicológica.
minhas partes favoritas são as que o quincas Borba cao aparece. que cãozinho lindo!

Sara 01/07/2020

Quase não consigo superar o meio do livro, pois é bem maçante, mas o início e o final compensam

MCzinhah 28/06/2020

A genialidade machadiana
É impressionante como Machado consegue retratar uma sociedade do século 19, extremamente egocêntrica, vaidosa, apática, gananciosa e destacar pontos que lembram situações nas sociedades atuais.

Thay 25/06/2020

Quincas Borba
Não é uma leitura pra mim! Gosto de leituras que vão me tirar da realidade e aqui não temos isso. Com certeza não captei todas as críticas, referências, ironizações, etc.
Mas enfim, comecei não gostando da leitura e dos personagens, a certo ponto (apesar da dificuldade de entender certas questões, como a política citada) a leitura fica mais fluida, consegui reconhecer os pontos bons e ruins dos personagens (mesmo que julgasse um e outro, ou não me afeiçoasse a nenhum), gostei das dinâmicas do autor (brincar com o leitor, se dirigir a nós), mas fiquei meio (bem) mal com o final. É muito triste e agonizante ver a decadência de um ser humano assim. Não era o que eu precisava nesse momento de pandemia, então vou logo tratar de procurar algo levinho pra compensar kkkkk
Menção honrosa ao doguinho Quincas, coitado, mais injustiçado desde o inicio!

estantedajaquinha 25/06/2020

Ao vencedor as batatas
Quincas Borba é o segundo livro da tríade realista escrita por Machado; nele é narrada a história de Rubião, homem interiorano ingênuo, que recebe uma grande herança do filósofo Quincas Borba, personagem que também aparece no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas. De posse da herança e com a incumbência de cuidar do cachorro do filósofo Quincas Borba, Rubião muda-se para a corte e depara-se com uma corte permeada de interesse e mentira.

Por se tratar de uma obra do realismo, a obra traz críticas a outra escola literária da época: o naturalismo; ironizando o darwinismo por meio de um personagem louco que defende ideias, como, por exemplo, a de que a guerra é algo natural, mediante a necessidade de fortalecimento e sobrevivência da espécie. Além disso, temos uma abordagem mais psicológica do elenco que compõe a história, deixando de lado o cientificismo.

Há ainda no livro uma crítica ferrenha à sociedade carioca da época, que usurpa o protagonista rico e bobo enquanto sua fortuna lhe faz útil, o que me fez remete mais uma vez a ideia do darwinismo, em que o mais esperto sobrevive sobre o mais fraco (no caso, burro).

O narrador é um aspecto que vale a pena ser ressaltado, que, apesar de onisciente, é quase um personagem vivo da história, uma vez que expõe suas opiniões críticas, com um toque ácido de ironia, sobre os personagens que compõem o elenco da obra.

No que diz respeito à linguagem, achei Quincas Borba o livro mais tranquilo de se ler dentre os que fazem parte da tríade realista de Machado de Assis. Não me causando grande dificuldades com palavras de uso incomum.

Este foi um livro que gostei bastante e recomendo a leitura a todos. Espero que nossa literatura clássica seja desmistificada e bem aproveitada.


site: https://www.instagram.com/estantedajaquinha/