Quincas Borba

Quincas Borba Machado de Assis
Machado de Assis




Resenhas - Quincas Borba


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Amanda3913 21/04/2018

Semelhanças cansativas
Machado de Assis, na minha opinião, não é muito criativo. Nos dois livro que li dele, Memórias Póstumas de Brás Cúbas e Quincas Borba, acontecem fatos muito repetitivos. Acabei de ler o segundo, demorei um tempo longo para ler, pois tinha outros livro para ler que eram minha obrigação e também acabei esquecendo um pouco do livro devido a essa repetição de episódios e ações.
O livro, Quincas Borba, tem como título não o homem Quincas Borba, aquele que morreu no Rio de Janeiro ao lado de seu amigo Brás Cúbas e que tinha uma teoria chamada humanitismo, "Ao vencedor as batatas", mas sim o cachorro de Quincas Borba que possui o mesmo nome, Quincas Borba. O cachorro aparece mais no começo do livro e no final, durante não se fala quase nada dele, porém o título é devido a ele.
Depois que Quincas Borba, ele mesmo, morre, Rubião, um amigo, fica com sua herança sob a condição de cuidar do cachorro. Rubão então resolve ir para o Rio de Janeiro. No meio do caminho conhece o Palha e sua mulher, Sofia, que se tornam seus mentores no Rio. Assim como Brás Cúbas, Rubião tem a chance de se casar, porém rejeita e acaba se apaixonando por uma mulher casada, Sofia, no caso de Rubião.
Outra fato repetitivo é a morte das personagens. Tanto Brás Cubas, Quincas Borca e Rubião morrem solitários, sem filhos e sem esposas. Ainda Quincas Borba e Rubião tem mais em comum no aspecto morte, antes de morrerem intensificam a ideia do humanitismo e a explicam com muita seriedade. Outro fato comum entre esses três personagens é que eles são de classe alta, contudo nunca exerceram profissão para obter dinheiro.
Mesmo o livro se tratando de fatos e episódios muito semelhantes, o livro é bom, representa uma realidade da época, que pode ser percebida tanto na fala como nos objetos usados e no ambientes que as personagens se encontram. Também tem como qualidade o fato de ser escrito por um dos melhores escritores brasileiros, Machado de Assis, que tem grande renome e boa escrita.
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Daniel 23/03/2018

Ao vencedor, as batatas!
O enredo conta a história de Rubiao, um professor do interior amigo do filósofo Quincas Borba (personagem de Memórias Póstumas). Antes de morrer, Quincas deixa para Rubiao toda a sua fortuna, mas com a condição de que deve cuidar de seu cachorro - também chamado Quincas Borba. Entusiasmado pela riqueza repentina, Rubiao troca a vida pacata da província pela agitação da capital do Império, onde trava relações com vários personagens curiosos e se apaixona por Sofia, a bela esposa de seu amigo Cristiano Palha.

Tipicamente machadiana, a obra traça um retrato fiel da sociedade carioca do séc XIX, em meio a um ambiente de falsidade, ambição, egoísmo, individualismo exacerbado e hipocrisia, assentado num sistema político - econômico pautado na desigualdade social.
O Humanitismo, a "filosofia" criada por Quincas Borba, nada mais é que uma crítica irônica ao darwinismo social, teoria sociológica da virada do século que tentativa aplicar o princípio da sobrevivência do mais forte de Darwin à sociedade. Machado satiriza essa teoria e seus efeitos desumanizadores, que reduzem os seres humanos a meros animais em luta constante para sobrepujar uns aos outros. Daí surge a célebre máxima: "Ao vencedor, as batatas". Apesar do tom crítico, considerando as idéias pessimistas cultivadas pelo autor, fica impossível saber se essa também não era a visão de mundo do próprio Machado.

De toda as personagens do romance, a única que é imune à cobiça e à falsidade é o pobre cachorro Quincas Borba. Fiel e companheiro, o animal tem verdadeira adoração por Rubiao, embora o dono não o trate que a devida atenção e carinho e no fundo só cuide dele por medo de perder a herança.

A narrativa segue a mesma estrutura de Dom Casmurro e Memórias Póstumas, com capítulos curtos, linguagem fluida e um narrador intruso que se dirige diretamente ao leitor.
Fernanda Diogo 28/03/2018minha estante
Só uma pergunta: consigo ler Quincas Borba sem ter lido memórias póstumas de Brás cubas?


Daniel 29/03/2018minha estante
Dá pra ler sim, sem problemas.


Fernanda Diogo 05/04/2018minha estante
Obrigada!


Henrique_ 24/05/2018minha estante
Muito boa a sua contribuição sobre o Humanitismo do Quincas, Daniel. Acabei de ler o livro e fiquei maravilhado com a destreza de Machado em evidenciar todo 'jogo' para se chegar às batatas. A relação entre o Palha e o Rubião deixa claro quem, na verdade, chegou ao outro lado da montanha (Rubião talvez tivesse imaginado que teria sido ele quando herdou a fortuna, tanto que ao final só repetia o bordão). No contexto geral da história, não vi vilão, nem mocinho. Vi que alguns sabem aproveitar melhor as oportunidades que outros não aproveitam tão bem.




Isotilia 25/02/2018

Saiba mais no blog!
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site: https://600livros.blogspot.com/2018/02/falta-amor-nesse-livro-ou-seria-na-vida.html
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Mr. Jonas 08/02/2018

Quincas Borba
Após a morte de Quincas Borba, narrada no livro Memórias póstumas de Brás Cubas, a fortuna herdada por ele foi deixada para seu amigo Rubião, professor de Barbacena, cidade onde residia o filósofo. O dinheiro vem acompanhado do compromisso de cuidar do cachorro, também chamado Quincas Borba.
Subitamente enriquecido, Rubião se muda para o Rio de Janeiro e já na viagem conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que se comprometem a apresentar-lhe a corte e cuidar para que ele não seja alvo de aproveitadores. De fato, Sofia e Cristiano logo incluem Rubião em seu círculo de amizades.
Com a convivência, nasce o interesse de Rubião pela bela Sofia. Ela logo percebe a paixão que provoca, utilizando-se disso para envolver ainda mais o milionário. Acreditando-se correspondido, Rubião se declara à amada durante um baile. Sofia comenta com o marido a ousadia do convidado, mas Cristiano tenta diminuir a ira da esposa, comentando que já devia muito dinheiro a Rubião. O marido ainda sugere que ela alimente aquele sentimento, para que eles possam continuar a explorar o pobre milionário.

Folha de rosto da 1ª edição do livro Quincas Borba (Foto: Reprodução)
Frustradas suas tentativas amorosas, Rubião decide deixar o Rio de Janeiro. Cristiano fica preocupado com a notícia, que o afasta de sua principal fonte de renda. Por isso, insiste com o amigo para que fique, acenando com futuros reencontros com Sofia. Acompanha-o nessa tentativa certo Camacho, político que também tira vantagem da bondade e da ingenuidade de Rubião. Convencido, este decide permanecer no Rio de Janeiro.
Rubião e Cristiano se tornam sócios em uma importadora, Palha & Cia. Com o tempo, o capitalista passa a administrar os bens e a fortuna do mineiro. A condição de vida do casal Palha melhora a olhos vistos. Rubião continua a frequentar-lhes a casa. Passa a sentir ciúmes crescentes do jovem Carlos Maria, que dirige gracejos a Sofia. Atingindo o estado de desespero, Rubião chega certa vez a gritar com Sofia, insinuando o adultério. A mulher contorna a situação e prova sua inocência, posteriormente confirmada com o casamento de Carlos Maria com Maria Benedita, prima de Sofia.
Cristiano rompe a sociedade com Rubião, alegando a necessidade de desligar-se da empresa a fim de capacitar-se a assumir cargos no sistema financeiro. Na verdade, já estabelecido, Cristiano quer continuar a conduzir sozinho os seus negócios. Sofia também se afasta de Rubião, recusando seus insistentes convites para passeios.
Enlouquecido de desejo, Rubião visita Sofia, mas a encontra de saída. Quando ela sobe na carruagem que a espera, ele também entra, intempestivamente, baixando em seguida as cortinas. Mais uma vez, declara-se a ela, desta vez acrescentando ser Napoleão III e ela, sua amante. Sofia percebe a demência de Rubião.
Logo, a notícia se espalha por toda a cidade. Seus delírios se acentuam à mesma proporção em que seu patrimônio diminui. Por insistência de amigos, os Palha assumem a responsabilidade de cuidar do doente. Como primeira providência, transferem-no para uma casa mais humilde. Os acessos de loucura continuam e Rubião acaba internado em um hospício.
Rubião foge e, acompanhado do cão, retorna a Barbacena. Ninguém os recebe e os dois acabam dormindo na rua. No dia seguinte, Rubião morre, ainda acreditando ser um imperador francês.

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Josué Brito 13/01/2018

Quincas Borba e a angústia humana
Escrever uma resenha do Machado de Assis é sempre um atrevimento. Sou atrevido. Quero as batatas que já ilustrava a filosofia do Quincas Borba; todos nós queremos. Essa é a essência desse clássico brasileiro. Quincas é um livro de difícil leitura, fácil compreensão e com um tema muito caro ao autor: a sociedade.
Nessa brilhante estória, Quincas é um filósofo adoentado que cria a teoria do Humanitismo. Essa uma síntese da teoria do mais forte. Esse homem é cuidado pelo amigo Rubião e pelo cachorro que lhe é homônimo. Rubião, apesar de amigo, apresenta interesses na fortuna do homem, permitindo a viagem do amigo a corte, mesmo supondo que isso o mataria; na esperança de se tornar herdeiro de alguma coisa.
Rubião, para sua surpresa, torna-se herdeiro universal de uma fortuna de aproximadamente trezentos contos de réis. Possuidor de tal riqueza, decide se dirigir a corte. Na viagem conhece o Palha, um homem ambicioso e sem escrúpulos e sua paradoxal e bela mulher, dona Sofia. Está nesse ponto fincado todos os infortúnios do nosso inocente herói.
Será mesmo que as batatas vão para o Rubião? É ele mesmo um vencedor? Esses questionamentos serão respondidos ao longo do livro, com uma pitada de melancolia, drama e muita ironia do nosso mestre.
Quincas é para mim um dos melhores e mais completos romances machadianos, não lhe falta uma sociedade com uma miscelânea de críticas à ambição, à hipocrisia e também amores não conclusos devido a acasos próprios. Esse romance é guiado por uma palavra inocência.

Josué Brito
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Lucas 09/01/2018

"Há entre o céu e a terra, Machado, muitas coisas mais do que sonha a vossa vã ironia"
Quincas Borba (1891) foi o segundo livro publicado da chamada trilogia realista de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), que reunia também Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e o eterno Dom Casmurro (1899). Usando de muito pessimismo e, essencialmente, ironias, Machado monta uma narrativa marcada por certo niilismo e muito materialismo.

A obra parte da história de Quincas Borba, filósofo amigo de Brás Cubas e que aparece em suas "memórias de defunto". Aqui, o leitor adquire um maior e mais claro esclarecimento a respeito do humanitismo, a fictícia filosofia que Borba apresenta na narrativa anterior. Ela não corresponde a apenas considerar o homem como centro nevrálgico do mundo; é também uma teoria que incentiva a lei do mais forte. É, inclusive, a partir desse esclarecimento (que ocorre nas primeiras páginas da obra) que a trajetória do verdadeiro protagonista vai se desenrolando.

"Pedro Rubião de Alvarenga; mas Rubião é como todos me chamam". É assim que o verdadeiro protagonista se apresenta, em um momento bem importante do livro (tão importante que é a única vez em que o leitor passa os olhos pelo nome completo dele). Por questões próprias da narrativa, Rubião (natural de Barbacena/MG) acaba tomando para si o posto de principal personagem da história. Parte para o Rio de Janeiro, a capital do Império (a história se passa de 1867 a 1871) junto com o cãozinho de Quincas Borba (homônimo do dono), que adquire durante a narrativa um papel importante e tocante. Lá, eles se veem diante de um ambiente repleto de materialismo, classes sociais ascendentes e decadentes, mas indiferentes a importantes questões sociais (como a pobreza e a formação do que viria hoje a ser as favelas nos morros cariocas) e ao aspecto emocional dos indivíduos. Há nesse contexto uma exacerbação da riqueza, que encobre praticamente todo o tipo de afeição emotiva pura e verdadeira.

Machado de Assis usa desse contexto para descrever, sempre sob uma forma indireta e por vezes metafórica, a sociedade da época, e seu forte apego à posses e promiscuidades, algo recorrente nas outras obras realistas do autor. Bailes, saraus, passeios, tudo é cercado de uma pompa inútil, que Machado critica inteligentemente nas suas entrelinhas. Nesse ângulo, as mulheres são, de uma forma geral, obcecadas pelo matrimônio, quase que única razão da existência das mesmas. Aqui, podem-se citar outros personagens importantes, como o casal Cristiano de Almeida Palha e Sofia Palha. Ele, comerciante em ascensão, representa bem uma espécie de "seguro de vida" que as mulheres almejavam para si ao casarem-se. Prova disso é o raciocínio até assustador com que Fernanda, esposa de um político que surge na metade final da história, indica um casamento a uma amiga: "Um marido, ainda mau, é sempre melhor que o melhor dos sonhos".

No lado masculino, o raciocínio é quase o mesmo, mas o "matrimônio" nesse caso é confundido com a política e finanças: a busca por influência e capital é simbolizada pelo já citado Cristiano Palha e pelo Dr. Camacho, proprietário de um jornal de caráter oportunista. As várias mudanças dos gabinetes ministeriais que D. Pedro II fez na época, e que provocavam enorme agitação nesse núcleo da obra servem para explicar a ganância com que cargos e oportunidades diversas eram disputadas. Rubião, então, é inserido nesse meio e, dono de muito capital, mas ingênuo como todo "interiorano", é usado como um trampolim para que outros indivíduos subam em suas costas e alcancem o céu, ressaltando assim muito do conceito de "amizade por interesse", que ainda hoje não é raro no país.

Se não é tão aclamado quanto as outras obras da trilogia realista de Machado, Quincas Borba oferece uma visão contextual bem diferente da doentia e viciada percepção de Bento Santiago e da existência niilista de Brás Cubas. Aqui, tem-se uma narrativa construída em terceira pessoa, por um narrador onisciente e que dirige o seu olhar para diversos ângulos, fornecendo assim uma visão inegavelmente menos distorcida da realidade em questão. O realismo como expressão literária é usado nessa construção para que se demonstre uma sociedade onde o amor e o afeto são legados a um segundo plano: aspectos possessivos adquirem uma importância desmedida.

Esta é, aliás, uma forte característica da prosa machadiana, que rompe-se com o romantismo literário em voga na época (segunda metade do século XIX) e apresenta no Brasil o chamado realismo: uma representação da vida, nua e crua, como ela é, sem traços de "contos de fada". Essa quebra de estilo (que ocorreu com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas) é decisiva para a carreira literária do autor, que, a partir dela, tornou-se inegavelmente o maior escritor da história da literatura nacional (isso pode ser realmente discutido, caro futuro leitor, mas não se pode confundir escritor favorito com o maior escritor. Raciocínio semelhante também pode ser aplicado a livros em si). Seja de uma forma premeditada ou não, o autor apenas trouxe ao Brasil a influência literária da Europa, por meio do realismo exacerbado (naturalismo) do francês Émile Zola ou a descrença prática de Dostoiévski. Não se quer aqui comparar Machado de Assis com esses europeus, mas há certa semelhança entre os escritos realistas do "Bruxo do Cosme Velho", especialmente com as obras do russo.

Essa similaridade é plausível sob o ponto de vista narrativo porque ambos, Machado e Dostoiévski, viveram o auge de sua literatura quando se puseram a relatar a realidade viva da sua respectiva sociedade, mas fazendo isso sem que abandonassem por completo uma veia romântica, que se adequava perfeitamente a esse contexto mais sombrio. O romance, inclusive, era em muitas vezes tratado como um destruidor ou impulsionador da solidez moral de personagens marcantes, como Bentinho Santiago (Dom Casmurro) ou Rodion Raskólnikov (Crime e Castigo). Talvez, por fatos pessoais próprios da vida de Dostoiévski (que ficou 10 anos preso em trabalhos forçados na Sibéria), seus textos a partir do fim de sua reclusão (1859) adquiriram uma verve mais sombria e psicológica, que acaba diferindo-o de praticamente tudo que existe em literatura. Mas, a essência principal do realismo com uma "pitada" leve de romantismo e a grandeza que cada um possui na literatura do seu respectivo país são pontos que sustentam a defesa da comparação.

Distante de qualquer ludicidade, mas carregado de metáforas que representam a sociedade brasileira dos tempos do Império, Quincas Borba é, a sua maneira, uma obra que provoca os leitores para intensos debates, relacionados à inocência, futilidade, adultérios e materialismo nas relações humanas. É recomendável que o livro seja apreciado pela edição da Editora Penguin/Cia das Letras, que, além do bom acabamento, trás um texto de apresentação do professor inglês John Gledson, especialista na obra machadiana, que deve ser lido após a leitura da história, pois é quase que um ensaio a respeito da obra, com dezenas de análises das indiretas que Machado semeia em suas páginas. Aos mais ansiosos, a história do "fundador" do humanitismo pode ser encarada simplesmente como um resumo de todas as capacidades psicológicas, sociológicas e narrativas do maior escritor brasileiro de todos os tempos, cujo legado é eterno e imensurável.
meriam lazaro 17/01/2018minha estante
Bravo!!




Natalie Lagedo 28/12/2017

Quincas Borba é cíclico. Tanto o personagem quanto a obra como um todo. Rubião é um homem simples que herda uma bela fortuna. Por não ter formação adequada nem alguém que se preocupasse verdadeiramente em ajudá-lo a administrar os bens, é engabelado e volta ao estado inicial.
Machado pinta um homem encantado com as belezas proporcionadas pelo luxo da capital e a consequente bajulação que todos demonstram para com ele. A aparente prodigalidade com o dinheiro é, na verdade, ingenuidade. Cria o pobre Rubião que a mulher inalcançável dos seus sonhos poderia ser comprada com joias caras e associações com o seu marido. Por sinal, o espectro do adultério, tão característico da obra machadiana, não poderia estar de fora. Mas neste caso não há dúvidas para o leitor se a traição ocorreu ou não. É nítido que não. As sombras pairam no desejo de Sofia, na satisfação de ser objeto de sentimentos puros por um homem que faria qualquer coisa por ela.
A constituição da mulher nesse romance é o ápice. Sofia é como uma gata: às vezes cede, fica mansa e deixa-se acariciar, principalmente quando tem a vaidade aguçada. Nascida em baixa estirpe, o orgulho sobe à sua cabeça quando vê aumentar a riqueza. Dona Fernanda, ao contrário, é o altruísmo em pessoa.
O Humanitas se cumpre em Rubião. Não há loucura, porque a expansão da insanidade e do seu inverso se chocam e uma é condição de sobrevivência da outra. O desvario é necessário para a manutenção da lucidez como a guerra é crucial para a mantença da paz.
R...... 28/12/2017minha estante
Não entendi a última frase. Estranho para quem está de fora, mas no contexto do livro se encaixa em alguma coisa que fiquei instigado em conhecer também. Já vi frase similar, mas não lembro onde... Trump? Obama? Nesse meio, por aí talvez, ou outro livro que não lembro nada além disso...


Natalie Lagedo 28/12/2017minha estante
Rogério, o último parágrafo fala da tese filosófica criada por Quincas Borba, o Humanitismo, que é explicado logo no início do romance. Fiz um paralelo entre essa teoria e o que acontece com o personagem Rubião. Basicamente, o Humanitas é a convivência entre contradições e o "filósofo" comprova como isso é importante para o alcance do equilíbrio.


R...... 28/12/2017minha estante
Ah, ok! Humanitismo! É um livro bem maluco e vou buscar ano que vem também.


Natalie Lagedo 28/12/2017minha estante
É ótimo! Se ainda não o fez, leia Memórias Póstumas de Brás Cubas antes. Abraço.


R...... 28/12/2017minha estante
Legal! Vou sim, fiquei curioso, agradeço a dica e tenha um abençoado ano novo!


Jeferson 30/12/2017minha estante
Meu preferido da trilogia. " Ao vencedor as batatas" ...




Ferreirinha 28/12/2017

Machado é só amor
Uma história que te envolve, te apaixona e te enlouquece. Como todo bom Romance de Machado você não sabe exatamente do lado de quem ficar porque até o final ficamos na dúvida sobre as reais intenções dos personagens. Vale muuuuuito a leitura.
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Israel145 13/09/2017

Quincas Borba é o último livro da trilogia à qual pertence Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Desses, talvez seja o mais insosso. Talvez por Machado já ter esgotado os temas que brilhantemente aparecem nas obras citadas ou simplesmente por fastio do autor.
Avaliando a obra num contexto geral, a história de Rubião é mais um “causo” da corte, envolvendo traições (amorosas e sociais), roubo, oportunismo e um pato na história.
Mais uma vez temos uma figura feminina forte e inesquecível que vira do avesso a pobre cabeça do Rubião, que herda a fortuna do filósofo Quincas Borba (que aparece em Memórias Póstumas) e seu cachorro batizado com o mesmo nome do dono.
Um deslumbrado Rubião se aventura na então surgente selva urbana do Rio de Janeiro daquela época, envolvendo-se com o pior da espécie humana. A lição que ficará a Rubião é uma alfinetada certeira do autor nos tipinhos sórdidos que perduram até hoje nas classes sociais.
Não tem como não deixar de comentar a horrível edição da DCL. A diagramação horrível, associada a fontes pequenas tornam a leitura tão cansativa que a tentação de largar o livro foi muitas vezes superior à de concluir.
Enfim, a obra machadiana culmina com esses 3 livros, suas mais conhecidas pérolas, que infelizmente não teve um final espetacular por conta do Quincas Borba que não merece uma nota melhor que razoável. Vale a leitura para os estudiosos.
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wesley.moreiradeandrade 07/08/2017

Na Estante 77: Quincas Borba (Machado de Assis)
Quincas Borba, de Machado de Assis, sucede a Memórias Póstumas de Brás Cubas e, apesar de aproveitar uma personagem secundária do livro anterior como mote para este romance, não trata-se de uma continuação da trama do defunto-autor. Quincas Borba, para quem leu o livro que deu início ao Realismo-Naturalismo no Brasil, era um dos amigos de Brás Cubas, acometido pelas ideias filosóficas do Humanitismo, estava na miséria e depois recebeu uma herança que o permitiu desenvolver as suas teorias. Morando em Minas Gerais, Quincas Borba tem Rubião como parceiro e cuidador de suas enfermidades que presencia os lampejos de loucura no amigo e o agravar do estado mental de Quincas. Quincas Borba também é o nome do cachorro que mora com o ensandecido filósofo.
“Ao vencedor, as batatas”, frase síntese da filosofia humanitista pregada por Quincas, é uma sátira às teorias positivistas e darwinistas tão em voga na época, as quais Machado guarda desconfiança e sequer aderiu a elas em sua literatura. Enfim, Quincas viaja para o Rio de Janeiro, falece e deixa Rubião como único portador da herança, sob a condição de cuidar do cachorro do amigo. Rubião decide mudar-se para a então capital do país e, numa viagem de trem, conhece o casal Palha e Sofia, com quem inicia uma longa amizade e de quem ele se torna sócio do marido e nutre uma paixão não correspondida pela esposa.
Duas palavras podem definir Quincas Borba: loucura e oportunismo. A primeira, tema recorrente em diversas narrativas machadianas. A segunda, sentimento frequente, mesmo que de forma sutil, na conduta de várias de suas personagens.
Não somente a loucura explícita de Quincas Borba, assim como os sinais mínimos que vão tomando conta de Rubião ao longo do romance, numa, como já disseram vários especialistas, espécie de herança maldita do filósofo ao amigo. Oportunismo, pois Rubião aproveita-se e omite a loucura cada vez mais crônica de Quincas para manter-se beneficiado no testamento, além dele próprio ser enganado e explorado pelas amizades que faz no Rio de Janeiro, incluindo o sócio e amigo Palha, que abusam da hospitalidade e o esbanjamento do dinheiro com luxos e favores.
A tinta da melancolia sublima a pena da galhofa e do cinismo de Memórias Póstumas, melancolia que se acentua perfeitamente nos romances posteriores de Machado de Assis (de Dom Casmurro a Memorial de Aires).
Recomendo a leitura de Quincas Borba em edições com textos de apoio e/ou notas de rodapé, é notória a grande erudição que o Bruxo do Cosme Velho possui e o autor lança diversas referências à cultura greco-romana, europeia, cristã e não saber o motivo de estarem ali (no que as notas ajudam bastante) é perder parte do entendimento do texto e as delícias de analisá-lo mais plenamente. Conhecimento que nunca vai parar à primeira leitura, Machado de Assis, como todo grande mestre da literatura, é um convite à releitura.

site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2017/08/na-estante-77-quincas-borba-machado-de.html
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May 24/07/2017

Pobre Rubião!
Para uma apaixonada pelo forma machadiana de escrever, Quincas Borba é um prato cheio. Rubião tornou-se rico com a morte de Quincas Borba, porém nunca deixou a sua ingenuidade de lado. A riqueza repentina, o tornou fanfarrão e ludibriado pelo casal e principalmente, pela bela Sofia; Rubião é o seu maior inimigo. Não daria pra ter outro final diferente. Acho linda a obsessão de Machado por braços de mulheres e como tudo isso mudou, a contemplação dos braços. Difícil até de acreditar!
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Gabriel 09/04/2017

Aos vencedores, às batatas
Machado como sempre ácido não poderia deixar de satirizar o rescém surgido evolucionismo. O homem vindo do macaco à época soava de forma cômica. Inobstante o grande acerto de Darwin a sátira machadiana se imortalizou aqui em terrae brasilis. "Aos vencedores, às batatas".
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Yuri410 18/03/2017

Ao vencedor, as batatas!
Publicado em 1891, o romance de Machado de Assis, cujo personagem-título provém de outra famosa obra de sua autoria, "Memórias póstumas de Brás Cubas", ambos romances conhecidos como porta-vozes do romance realista. Nesse, o filósofo, que herda uma fortuna de seu tio, morre em decorrência da pneumonia. Seus últimos momentos foram passados em companhia de seu cão, de mesmo nome, e de um amigo de Barbacena, o Rubião, não apenas detentor da fortuna deixada pelo finado como também incumbido da missão de divulgar uma filosofia conceituada como Humanitismo, apontada por uns como uma sátira à teoria da seleção natural de Darwin e cujo lema é "Ao vencedor, as batatas!". Dessa forma, o mineiro decide se mudar, com o cão, para o Rio de Janeiro, com o intuito de desfrutar na capital dos luxos concedidos, uma vez que ele já nutria certo interesse pelas posses do finado amigo quando este vivia. Na viagem, conhece um casal com quem logo faz amizade, Cristiano Palha e sua esposa Sofia, por quem ele se apaixona ao decorrer da história. De olho nas riquezas do novo amigo, Palha trata de apresentá-lo à alta camada da sociedade, convidando-o aos bailes, aos jantares e às visitas, e chegando ao ponto de propor uma sociedade com o ingênuo professor, cada vez mais enamorado de sua sedutora esposa.
O romance, contado à maneira machadiana, ou seja, contado com a ironia e o niilismo batendo às portas dos destinos dos personagens, apresenta pungente crítica social. Pautada na ingenuidade e na ganância do ser humano, bem como em sua capacidade em construir relações interpessoais (seja na amizade ou no matrimônio) baseadas em interesses financeiros, é uma história que vale a pena para ser desfrutada sem limites, bem como o Rubião usa e abusa dos bens concedidos ao longo da história e em toda a sua ingenuidade. Recomendável ao leitor que, além de dispor de uma bagagem mais sólida, tenha paciência e consideração quanto ao rebuscamento da linguagem machadiana, notável e diretamente dirigida aos leitores da época. E que vençam (as batatas) os melhores (e inocência, ao menos no mundo de Machado, está longe de ser um requisito, ok?).
Neuza.Matos 20/07/2017minha estante
Muito boa essa sua resenha. Você realmente conseguiu penetrar o verdadeiro sentido da obra. Num trabalho, na universidade, o professor de literatura perguntou quem dava nome ao livro. O que você pensa disso? Achei que no decorrer da história o Rubiao se torna a imagem humana do cachorro Quincas Borba. Penso que esse é o melhor livro de Machado de Assis.


Yuri410 25/07/2017minha estante
Concordo plenamente, Neuza. Ainda digo mais, acredito que a intenção do Machado ao longo da história foi promover uma fusão entre o cachorro e o seu falecido dono. Também considero Quincas Borba o melhor livro do Machado que li até agora.




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JJ 29/12/2016

Qualidade bem inferior se comparado com Memórias Póstumas de Brás Cuba
O que me levou a ler esse livro foi o outro livro de Machado de Assis, "Memórias Póstumas de Brás Cuba". Porém, esse livro não me impressionou. De fato, é um livro importante para quem admira um dos nossos maiores escritores brasileiros, e continua na mesma linha irônica do autor, mas achei um pouco cansativo e uma história fraca que poderia ser bem mais aproveitada.
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