spoiler visualizarnicolas 10/08/2021
escravo da cura
a primeira parte nos mostra o personagem do alex, quem ele é, o que ele faz, o que ele gosta de fazer, nos apresenta sua personalidade formada, seu caráter (ou a falta dele). A moralidade do alex é duvidosa, mas é a essência dele, a ultraviolência faz parte do eu interior e exterior dele e ele tem convicção disso, ele tem certeza de quem ele é e, de repente, precisa ser curado? Como eles pretendiam "curar" uma essência? Como eles conseguiriam curar o "ser"? A essência de alguém é nascido e formado ao longo dos anos à medida que as coisas vão acontecendo e te moldando, não é algo que muda só porque alguém quer, não é algo que pode ser controlado e existe um ponto da vida que você se conhece e sabe quem você é e o alex sabia. Então, quando chegou na parte dois, eles arrancaram a força tudo que o formava, pelo menos de uma forma exterior, tiraram com brutalidade seu eu exterior, mas seu eu interior ainda continuou lá, eu acredito que se você quer impedir ou destruir algo você tem que ir direto na raiz da fonte que jorra tudo e não arrancar de forma superficial. Com esse procedimento de retirar seu eu exterior para que suas ações fossem petrificadas, ocorria uma batalha dolorosa dentro do alex quase que o tempo inteiro porque o seu eu queria ser manifestado, mas era como se a ponte que liga a sua fonte de pensamentos e desejos ao seu corpo que pode expressar isso tivesse sido arrancada, deixando um abismo ali, fazendo com que fosse impossível ele passar, tirando sua liberdade e expondo a falta do livre arbítrio. Sempre que algum pensamento sobre todas as coisas que ele costumava gostar ameaçava aparecer ele sofria muito física e psicologicamente, completamente programado para sentir repulsa de sua essência, incapaz de analisar qualquer situação com sua visão porque se tornou escravo da cura. O início da parte três nos mostra essa escravidão, ainda quando ele se expressa dizendo o que não quer fazer logo se rende porque a dor e sofrimento ameaçam chegar e o pensamento que mais habita sua mente nos primeiros capítulos é o de tirar sua própria vida e, então ele é obrigado a ouvir música, que o lembra de tudo que aconteceu durante a técnica Ludovico e o faz sofrer e, então, ele coloca em prática o que vem pensando. Creio eu que ser forçado a ouvir Otto Skadelig foi o início da "cura" da "cura" e quando ele se desestabilizou e pulou ali, houve a ação e reação, o impacto que ele precisava para ter sua liberdade de volta. Ah, quando ele percebeu que finalmente poderia expressar seu eu novamente e mostrar quem ele é, ele se sentiu, de fato, curado. A liberdade e opção de escolha foram dadas a ele novamente e ele encontrou um novo grupo de pessoas, de "druguis", mas, ao longo do tempo, vemos que ele vai perdendo a vontade de fazer o que ele mais gostava, o que ele mais sentia prazer, até ele encontrar o antigo amigo dele e perceber que estava crescendo e, na medida que você cresce, as coisas mudam, você também muda, eu achei esse final muito incrível.
Esse foi, de fato, um dos melhores livros que já li, nos mostra muito bem a retirada do livre arbítrio.
— Eu, eu, eu. E eu? Onde é que eu entro nisso tudo? Será se eu sou apenas uma espécie de animal ou de cão? (...) — Será que eu serei apenas uma laranja mecânica?
— Mas a intenção essencial é o verdadeiro pecado. Um homem que não pode escolher deixa de ser um homem.
" Ele olhou para mim, irmãos, como se não tivesse pensado nisso antes e, de qualquer maneira, não importava, comparado com a Liberdade e aquela kal total, e ele tinha um ar de surpresa por eu ter dito o que disse, como se eu tivesse sendo egoísta por querer algo para mim mesmo."