spoiler visualizarCarolina 02/05/2023
Uma linda amizade eternizada em um livro.
Mais uma livro marcante e autobiográfico de Patti Smith pra encher os meus olhos. E nesse, como era de se esperar, me encantou profundamente! Patti sempre tem essa coisa de escrever suas memórias de forma leve, empolgante e cheio de magia. Não, não é um livro fantasioso. É um livro sobre a realidade, sobre uma amizade acima de qualquer dificuldade. Sobre dois apaixonados pela vida e pela arte. O livro é nada mais que um presente (algo que ela prometeu fazer) para Robert Mapplethorpe, seu amigo e amante de longa data.
"Robert confiava na lei da empatia, segundo a qual seria capaz, por sua vontade, de se transferir para um objeto ou uma obra de arte, e assim influenciar o mundo externo. Ele não se sentia redimido pelo trabalho que fazia. Não buscava redenção. Procurava ver o que outros não viam, a projeção de sua imaginação."
Uma das coisas que mais amo na Patti é a sua maneira otimista em enxergar a vida. O tanto que ela pode se doar em uma amizade, ou para aqueles que ela tanto ama. E foi assim durante todo o livro, e até os dias finais de Robert.
"Partir é sempre lancinante. Eu vivia assombrada pela ideia de que se eu ficasse por perto ele sobreviveria. Mas, ao mesmo tempo, às voltas com uma resignação cada vez maior. Senti vergonha por isso, pois o próprio Robert vinha lutando como se pudesse sarar só com sua força de vontade. Tentara de tudo, de ciência a vodu, tudo menos rezar. Isso, pelo menos, eu podia lhe fornecer em abundância. Rezei por ele incessantemente, uma oração desesperada. Não por sua vida, ninguém podia livrá-lo desse destino, mas para que ele tivesse força de suportar o insuportável."