debora-leao 12/11/2023
Livro bom e exigente: não dá pra se desconcentrar
Neste primeiro livro de Clarice o fluxo da consciência me assustou pela intensidade. Isso, unido a uma personagem às avessas de Macabéa, como é Joana, mulher totalmente introspectiva, poética, flutuante, resulta em um livro poético em detalhes, que precisa de atenção a cada palavra para que se acerte o ritmo. Não conseguia lê-lo qualquer dia em qualquer situação. A narrativa em si acaba ficando em segundo lugar, pq o livro é sobre relacionamentos com uma pessoa como Joana (ou sobre relacionamentos sendo uma pessoa como Joana).
Para mim, pessoalmente, foi cheio de gatilhos de momentos e lembranças e sensações que tive e vivi, quando mais jovem. Eu comecei pq queria poesia para ver, justamente, se as lentes sobre meus olhos que me mostravam um mundo com cores mais brilhantes e profundas voltariam, mas não foi suficiente. Foi como ver um filme, em vez de viver. Mas há que se dizer, acima de tudo que disse aqui, que ler Clarice é uma experiência extremamente pessoal. Ela precisa do seu repertório, do seu olhar sobre a vida para tecer suas histórias, e, com isso, cada leitura é única. Daqui a alguns anos, checarei como estarei.