Resenhas - Perto Do Coração Selvagem

Marcilio Duarte 21/08/2023

Em sua primeira obra, surge a monumental esfinge Clarice Lispector
Prepare-se para ler um livro desafiador, que surge na terceira geração do modernismo brasileiro. Um obra sem trama, sem cronologia, não-linear, sem muita preocupação com a forma, com vários experimentos estilísticos, enfim, um livro completamente diferente de tudo o que você já leu, a começar pela voz principal do romance, Joana, uma mulher em busca de si mesma, em uma sociedade como a da década de 1940. Clarice nos desafia do começo ao fim com uma narrativa cativante, porém densa e exigente.

Fernanda.Rettore 21/08/2023

Explorando o Íntimo e o Indomável
"Perto do Coração Selvagem" é o primeiro romance escrito por Clarice Lispector, publicado em 1943. A obra retrata a vida de Joana, desde sua infância até a idade adulta, e explora os sentimentos e as experiências de uma mulher em busca do autoconhecimento.

A história é narrada de forma não linear, alternando entre o presente e flashbacks de memórias de infância de Joana. A protagonista é uma mulher introspectiva, que enfrenta conflitos internos e luta para compreender suas emoções e desejos.

Através da narrativa intensa e psicológica, Lispector explora as camadas complexas da mente de Joana e suas interações com o mundo exterior. A personagem enfrenta uma série de eventos marcantes, como a morte da mãe, o casamento problemático e a busca incessante por um sentido para sua existência.

"Perto do Coração Selvagem", é uma obra poética, que ao abordar temas como a solidão, a estranheza, o amor e a liberdade, explora as fronteiras entre a razão, a emoção e a loucura. E, inevitavelmente, nos faz refletir sobre a complexidade do nosso próprio "coração selvagem" e a questionar nossas relações com o mundo e com nós mesmos.

Vinicius 21/08/2023

Víbora!
Perto de Um Coração Selvagem é um romance de formação... É uma literatura pensante e talvez até mesmo pré-pensante ... Você deve estar confuso com a estranheza dessa sinopse, imagino, mas Clarice é exatamente isso.
A história é narrada em grande maioria subjetivamente, de acordo com os pensamentos de Joana. Joana desde criança era enigmática, tinha certeza que "daria para o mal", questionava valores sociais (parte que eu particularmente gosto bastante), afinal, segundo Joana: para que serve ser feliz ? As vezes sinto que Clarice estava em Joana, em uma das muitas vozes dentro de Joana, ora, pois em Joana habita muitas vozes... Joana mais do que sensível, sensitiva, os pensamentos se tornavam palavras e suas palavras viravam ações, afinal o mais importante eram as palavras
Esse romance é uma grande jornada em torno do auto-conhecimento da personagem, suas divagações, relações e de sua vida, com extremo desapego e necessidade de liberdade, ou segundo ela : " liberdade é pouco, o que desejo não tem definição" (acho que está escrito assim, talvez eu tenha alterado levemente).
Clarice trouxe uma inovação para a escrita da época, confesso que me identifiquei demais com a personagem central em alguns pensamentos, o que me aproximou da história, que sim dúvida ficará guardada na minha memória.
Essa edição é maravilhosa! Capa dura, com a "capa externa" vermelha com uma foto da Clarice, possui fotos dos manuscritos, e após a história comentários técnicos da obra e da escrita clariceana
Boa leitura !

min.melo_ 17/08/2023

?Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.?
?Quem me acompanha que me acompanhe: a caminhada é longa, é sofrida mas é vivida.?
?Mas sou o quê? a resposta é apenas: sou o quê. Embora às vezes grite: não quero mais ser eu!! mas eu me grudo a mim e inextricavelmente forma-se uma tessitura de vida.?
Esse livro me fez ter uma crise existencial meu deus muito bom recomendo para todos
uma leitura muito diferente do que estou habituada então foi um desafio, demorei mas terminei.

elli elli 17/08/2023

Relerei
A escrita, como sempre, foi perfeita. Clarice Lispector sempre consegue nesse aspecto. Os personagens são muito interessantes e o enredo principal é bom. No entanto, a protagonista é muito cheia de dissociações, muito mais que a outra obra de Clarice que já tive contato: 'A Hora da Estrela'. Por isso tive a sensação de que li este livro da forma errada, acho que deve ser um lido de uma só vez, com poucas pausas, para dissociamos tanto quanto a protagonista. É uma obra maravilhosamente feita, mas diferente de muitos, não recomendo como primeiro contato com Clarice. Relerei em breve.

Lu F. 16/08/2023

A solidão está misturada à minha essência?
Incrível como apenas Clarice Lispector consegue exprimir tão bem essa melancolia existencial que nós, mulheres de vinte e poucos anos, sentimos.

É um livro bastante poético e às vezes um pouco difícil de acompanhar. A escrita da Clarice não é linear, e cabe a nós, leitores, entender quando que é um diálogo e quando que tudo está acontecendo na cabeça de Joana.

A Joana, uma coitada. O Otávio, um mocorongo. A Lídia, uma sonsa. O tio e a tia, dois canalhas. Esse livro? Fantástico.

doarda 15/08/2023

Perto do coração selvagem
"Tinha a sensação de que a vida corria espessa e vagarosa dentro dela, borbulhando como um quente lençol de lavas."
Que livro espetacular, Joana é uma personagem fantástica, que não se dobra aos padrões impostos pela sociedade. Uma mulher com sede de liberdade e vida e que questiona sobre os mais diferentes aspectos e incertezas. Durante o livro nos sentimos dentro do íntimo da personagem, absortos com a trama. Clarice sempre magnífica!

mibautista 14/08/2023

Clarice.
Clarice Lispector, como você se sente sendo a maior do mundo? Que mulher genial, sensacional e esbelta.

Aline 11/08/2023

Perto do coração selvagem
"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada na parte alta do cérebro, nos lábios ? na língua principalmente ?, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer."

Clarice é de uma genialidade absurda, sua genialidade é tamanha que se torna de difícil compreensão pra mim, porém, ainda que eu não compreenda toda sua complexidade, é inegável que por mais que você não compreenda, você sente. Sente a intensidade da personagem, sua complexidade... Talvez, no fim das contas, a escrita de Clarice seja pra ser sentida e não entendida.

brunamp 10/08/2023

De profundis
É o primeiro romance que leio da Clarice, me senti assaltada por um sentimento catártico inexplicável. Ela parece saber qual nome dar as coisas, atribui sensações tão óbvias as experiências - mas que nunca antes foram ditas, só sentidas.
Confesso que o fluxo de consciência foi um desafio, muitas vezes me perdia e espera o sentido voltar sozinho. O máximo eram 20 páginas por vez, mais que isso e o embalo se tornava um castigo.
Amei te ler, Clarice.

Nicolly244 07/08/2023

Livro para ser sentido, não entendido.
Uma vez ouvi uma pessoa falar q os livros da Clarice era pra ser sentido, não entendido e eu ficava meio ?? mas agr q terminei entendo.

Não é um tipo de livro q eu leio rápido, inclusive demorei muitoo terminar de ler mas com certeza valeu muito a pena e eu estou com sentimento inexplicavel por esse livro principalmente pela a Clarice

JoaoVictorOF 05/08/2023

É bizarro pensar que esse livro foi a estreia de uma autora de 20 e poucos anos.
Não dá pra negar a genialidade do livro e nem do estilo de Clarice. A escrita é coisa de outro mundo, as metáforas e comparações são inusitadas, as reflexões são profundas, conflituosas, fáceis de se identificar. A capacidade de Clarice de perscrutar os cantos escuros da nossa mente e descrever impressões que nem sabíamos estarem lá assusta.
É um livro desafiador pelo fato de não se ater as convenções. O tempo não é linear, há súbitas digressões e mudanças de ponto de vista. O foco não é explorar a ação, a sequência de eventos, mas as emoções, pensamentos e caráter dessas personagens. Nesse sentido, como muitos outros eu achei impossível não comparar a obra de Clarice com a de Virginia Woolf, por exemplo, mas acho que a primeira autora tem ainda mais desapego pelos aspectos tradicionais de um romance do que a segunda.
Nenhum autor me deixou tão desorientado como Clarice fez aqui. Acho que não tenho a disposição que muitos outros revelam para sentar e processar cada trecho e reflexão, cada imagem que ela apresenta. Fico perdido lendo um romance tão sem muita estrutura, tão intimista assim; talvez seja essa mesma a intenção. Sinto que prefiro a bruxaria de Clarice em doses menores, como nos seus contos. Mas ainda assim aproveitei muito a leitura. Impossível não dar 5 estrelas para o livro apesar de ser completamente diferente do que geralmente busco em literatura.

LauraSky 04/08/2023

Perto do coração selvagem
Meu segundo livro da Clarisse Lispector e de novo foi muito bom para mim ler esse livro, me identifiquei com o pensamentos dos personagens e a forma como Joana passa pelos altos e baixos da vida e muito bem apresentada.

Estela Fernandes 03/08/2023

Meu primeiro livro da Clarice.
?Joana é uma personagem intensa e pautada pela complexidade. Múltipla. Quer e não quer. Pode tudo. Mas não pode. Segue. Mas não chega. Deseja. Mas não deseja mais. Não seria esse o próprio risco do intrincado bordado da vida, com avanços e recuos??

Bom, essa foi minha primeira leitura e contato que tive com a Clarice, fazia muito tempo que me interessava pelas obras dela e então resolvi começar logo por seu primeiro livro. Talvez não tenha sido uma boa ideia? Talvez, mas aqui estamos.
Esse livro tem muitas camadas, eu lia ele e sentia que estava entendendo mas se pedissem para explicar eu não saberia como rs é uma leitura complexa mas que não me deu medo, com certeza irei continuar lendo as obras dela e quem sabe meu apreço por Clarice vá crescendo a cada leitura.

biam 02/08/2023

O irmão distante de Tudo é rio da Carla Madeira?
O amor veio afirmar todas as coisas velhas de cuja existência apenas sabia sem nunca ter aceito e sentido. O mundo rodava sob seus pés, havia dois sexos entre os humanos, um traço ligava a fome à saciedade, o amor dos animais, as águas das chuvas encaminhavam-se para o mar, crianças eram seres a crescer, na terra o broto se tornaria planta. Não poderia mais negar... o quê? ? perguntava-se suspensa. O centro luminoso das coisas, a afirmação dormindo embaixo de tudo, a harmonia existente sob o que não entendia.

Clarice sempre me impressiona, indo pro quinto livro e sempre saio restaurada