Zapoo 12/04/2023
Notre-Dame, a verdadeira protagonista
Muitos já devem tá ligados que Victor Hugo escreveu esse Romance com o intuito de evitar a queda da catedral de Notre-Dame pelos arquitetos renascentistas (Livro foi publicado em 1832 e o Romance se passa em 1482). Nem preciso dizer que completou sua missão com sucesso!
Tanto no Brasil quanto na gringa, o título ficou conhecido como "O Corcunda de Notre-Dame", mas tenham a noção de que originalmente se entitula "Notre-Dame de Paris", justamente porque veremos vários personagens ao longo da trama viverem e interligarem suas vidas a outras e que a Catedral assiste e presencia todas. Não sou nenhum especialista, mas acredito nessa temática. Dito isso, claro que os personagens que estão em volta de Quasímodo, o corcunda, se destaca mais por terem a história mais frenética, absurda e interessante.
Apesar de um conto trágico, dei várias risadas em muitas partes, não sei se era a intenção do Victor Hugo, mas se acrescentava situações e diálogos em alguns momentos tão sarcásticos e cínicos que chegavam sim a ser engraçados. Gringoire, o primeiro personagem, de muitos a serem apresentados, foi o alívio cômico e descanso dos momentos tensos, meu preferido de todos.
Deixando a comédia de lado, a tragédia REINA aqui, vivenciamos de fato a Idade Média como ela era! Apática, mesquinha, ignorante, injusta e tapada! E é isso que torna o romance tão instigante, são apenas pessoas normais (Quasímodo e Frollo são exceções) em dias normais vivendo normalmente nessa maldita Idade Média kkkk. A tragédia está em todos os personagens apresentados, seja eles apenas para dar uma informação pra dar algum contexto ao leitor ou até os que estão presentes seguindo a linha da trama.
Por várias vezes a trama é interrompida pra focar em outros personagens que nunca ouvimos falar antes, mas no fim tudo se interliga, voltando a linhagem da trama.
Victor Hugo, aparentemente, era apaixonado pelas arquiteturas da idade média que estavam sendo destruídas em massa pelos renascentistas, ele separa dois capítulos INTEIROS pra demonstrar sua frustração e comentar sobre isso, e nos dar uma visão DE-TA-LHA-DA da Paris do século XV. Ele ainda comenta um pouco mais, de vez em quando, durante o conto, mas não tão notável quando esses dois benditos capítulos, maçantes, mas necessário para seu real objetivo de impedir os renascentistas a cometerem mais "crimes" contra Paris.
Sobre o livro, necessita-se uma edição comentada, de fato, pois terá várias citações históricas, poéticas, nomes importantes, nomes de cidades, palavras em latim e em grego em massa, que necessita de um contexto para a compreensão. E ficar parando a leitura toda vez pra dar uma pesquisada na Internet, é custante.
Esse Romance foi feito para Parisienses, não tem jeito. Então toda vez que Victor Hugo cita pontes, ruas, monumentos, VOCÊ NÃO VAI ENTENDER NEM FERRANDO. A não ser que você seja um estudante de Paris no Brasil, terá de pesquisar no Google Maps onde fica aquilo, como é aquilo, como era antes, pesquisar um mapinha de Paris no século XV. Isso se você quiser ter uma compreensão visual melhor da trama toda, claro.
Em geral, é uma história fantástica, triste, injusta, polêmica, chocante, uma obra-prima! Virei um apaixonado por esse. Quem se limita ao desenho da Disney (que passa longe de tudo isso, óbvio) não tem noção do que perde. Se tens a oportunidade, por favor, LEIA com toda a vontade que puder e deixe-se vivenciar na Paris Medieval.