Luigi.Schinzari 27/05/2020
Notre-Dame e Paris: dois amores de um autor
Com toda a certeza você já assistiu ou pelo menos já passou por seu radar o desenho da Disney "O Corcunda de Notre Dame", animação extremamente bem feita e muito emocionante. Uma das melhores do estúdio, com certeza (e com a melhor trilha sonora, vale citar). Mas saiba que aquela história não nasceu ali: ela possui uma origem literária! Sim!, e muito mais trágica ? sendo a animação já tão densa, talvez a mais "adulta" da Disney ?, e ainda por cima um dos maiores clássicos franceses de um de seus mais célebres autores, Victor Hugo: "Notre Dame de Paris. E você deveria ler, de preferência imediatamente.
Victor Hugo, autor renomado mundialmente e ainda um jovem escritor mas que já tinha trilhado um bom caminho e ainda percorreria muitos outros anos (agitados, aliás, sendo desde gênio consagrado da poesia ? fase mais desconhecida dele em terras tupiniquins ?, da boa prosa, até uma figura pública, literalmente, da política francesa), primeiramente, tem de ter um tabu quebrado ante os novos leitores que se amedrontarem só de ouvir a palavra "clássico", já associando a algo pedante e complicado: sua linguagem é extremamente tranquila. O autor descreve as vidas de personagens clássicos como o corcunda Quasimodo (uma das figuras mais conhecidas da cultura mundial), o ?vilão?, o arquidiácono Claude Frollo (atormentado pelo conflito entre o carnal e o celibato divino encontrado na figura sedutora da cigana Esmeralda, levado a vias extremas da perseguição), Esmeralda, Phoebus, Gringoire (que não está na animação e é um dos principais elementos do romance, para mostrar como ambas são diferentes).
Além das personagens, Victor Hugo tem para si duas protagonistas, diferentemente da animação e dos outros filmes inspirados na obra: Notre Dame e Paris. O autor passa capítulos e mais capítulos explicando como funciona o cosmos da igreja e da cidade, exaltando uma a partir da outra. Chega até mesmo a dizer, por exemplo, que o melhor ponto da igreja é a vista que ela proporciona da cidade, e, por outro lado, como a cidade vive com um colosso instalado em seu seio médio, como um coração pulsante que faz toda a vida parisiense ? e sendo Paris um microcosmo representante do espírito francês como um tudo, também a vida francesa ? se locomover e transitar por suas ruas muitas vezes imundas, outras tantas vezes encantada pelo fervo de sua populaçãao marginalizada. O autor se utilizou de um momento da Renascença, 1482, que tambémm é o subtítulo do romance, para expressar suas críticas contemporâneas (e muitas continuam sendo relevantes, mesmo após quase duzentos anos do livro ter sido escrito, durante a primeira metade do século XIX).
Enfim, Victor Hugo era um homem apaixonado por Paris, e isso está refletido em cada uma das pãginas desse seu livro, que possui muitos reflexos que virão a expandir em sua, creio eu, obra prima, "Os Miseráveis". É um livro apaixonante e triste, profundamente triste, trágico e questionador, que com toda a certeza será levado em suas recordações e momentos de reflexão por um bom tempo.