Allisson 11/06/2020A Peste- Albert CamusO livro trata sobre as transformações em uma cidade representadas nos impactos nas vidas de protagonistas que ao fim estão unidos pelo mesmo fio, a peste.
Cada um dos protagonistas possui histórias de vida bem distintas, representando várias camadas da sociedade. Com isso o autor extrai reflexões brilhantes e profundas à cada uma delas.
?Quem afirmar que a eternidade de uma alegria pode compensar um instante da dor humana não seria um cristão, certamente, cujo mestre conheceu a dor nos membros e na alma. É preciso crer em tudo ou negar. E quem, dentre vós, ousaria negar tudo? Deus concedia hoje às suas criaturas a graça de colocá-las numa desgraça tal que lhes era necessário reencontrar e assumir a maior virtude, a do tudo ou nada.?
Ver ou experimentar a morte (ou mais próximo que se possa estar dela), conduz cada um a tomada de decisões de acordo com o que eles agora concebem como sendo de real sobre suas vidas, totalmente substanciados pelo forçoso exercício diário da iluminação imposto pela atual e brutal realidade, sempre em conflito com o passado (não tão distante, para alguns). Esse é o tacho para que a dialética seja posta até sobre o marejar das ondas.
Camus comprova o que se perde na tranquilidade superficial (a que vivemos na correria diária do dia, que chamamos de ?normal?) e os bônus das perdas. Não obstante, ele é realista o suficiente para dizer que nem a perda de uma mãe é suficiente para que o homem aprenda.
?...Quando a inocência tem os olhos vazados, um cristão deve perder a fé ou aceitar que lhe furem os olhos. Ele preferiu a fé?.
Por fim, neste livro fica bem evidenciado o platonismo do Camus, sua abjeção à guilhotina (representada na condenação à morte), o nivelamento igualitário das pessoas nas situações ?naturais? e a principal, a libertação de um ?sentido a viver? e aceitação da situação para se viver melhor.
?...alegria é uma queimadura que não se saboreia?.
Vale a pena conferir A Peste e vale a pena ler sobre Albert Camus antes de ler seus livros.