spoiler visualizarMaria 04/02/2020
Poder feminino e quebra de tabu
Um livro revolucionário, não apenas por retratar mulheres em um ambiente predominantemente masculino, mas por sua coragem de tratar de assuntos tão delicados e atuais numa época onde não existia tanta discussão sobre tais assuntos.
Algumas páginas adentro e já temos Igraine questionando o seu dito "dever" de se deitar com um homem mais velho e gerar filhos apenas por ser sua esposa. A personagem fala de estupro e mostra ser muito ciente quanto às coisas erradas que lhe acontecem.
Tendo como um dos maiores conflitos da trama a fé do povo retratado, o livro também fala sobre intolerância religiosa e como os cristãos condenavam fervorosamente a religião de culto à Deusa, a qual a maior parte das personagens principais são devotas.
O aborto é um assunto tratado abertamente e com muita naturalidade, nos fazendo perceber uma perspectiva completamente diferente, como se entrássemos numa das personagens a medida que a mesma pensa sobre isso.
A autora fala bem sutilmente, já nas últimas páginas, sobre adultério feminino, jogando uma luz em cima da questão de independência sexual da mulher, do seu poder de escolha.
Apesar de estarem inseridas nesse contexto fortemente patriarcal, as mulheres não são retratadas como pobres coitadas e cada uma mostra sua força, sexualidade e independência de forma ativa e segura, são do tipo de personagens que não perdem sua essência quando se apaixonam, mas sim evoluem a medida em que refletem sobre o amor.
Um livro que eu indicaria a todos, aquelas que gostam de política, de mitologia, feminismo, religião, magia e fantasia, guerra e sociedades medievais.