spoiler visualizarGrazi 13/06/2021
Foi difícil largar esse livro…
Essa leitura foi densa, pesada, mas, ao mesmo tempo, foi uma leitura que me fez ficar presa ao livro e devorá-lo o mais rápido que o tempo me permitia. No final da leitura me aflorou uma necessidade crescente de conversar sobre esse livro, e nesse momento me peguei sendo um pouco Eva e colocando no papel, questionamentos de forma indiscriminada, sem medo, pensando em apenas colocar tudo o que essa obra me trouxe.
Claro, que nesse momento e nesse texto as palavras já são mais caprichadas e o cuidado, já é maior. Apesar disso, a necessidade de tornar alguns dos meus questionamentos públicos permaneceram, então, estou aqui para dar a minha opinião sobre esse livro pesado, mas maravilhoso, com personagens complexos e muito reais, com problemáticas mais do que válidas. No entanto, vamos nos deter no momento e seguir a ordem de apresentar o livro antes de falar mais sobre esses tópicos.
Esse livro é uma história escrita em forma de cartas, ou melhor, desabafos escritos por Eva para Franklin, que é apresentado inicialmente como seu companheiro. Você é apresentada a uma pessoa que declara que um acontecimento banal desencadeou sua necessidade de falar. Fala sobre tudo, mas temos como um norteador de muitas das suas narrativas o seu primogênito que está preso por ter cometido um assassinato em massa em sua escola (e não isso não é spoiler). Então essas cartas trazem momentos de relembrar, trazendo períodos passados e também acontecimentos do presente.
Entretanto, o que mais essa história traz são reflexões sobre a maternidade e sobre as pessoas, pelo menos foi isso que essa leitura me proporcionou. As reflexões foram tantas que eu assim que terminei tive a necessidade além de escrever sobre o livro, a de assistir e ver o que outras pessoas pensavam sobre o assunto e foi uma surpresa ser apresentada ao termo maternidade compulsória e admito que até um pouco confuso. Afinal, tinha interpretado que a Eva teve vários momentos entre querer e não ter o filho. Mas, depois de algum tempo, entendi sobre essa nomenclatura ser levantada. Eva era uma mulher assim como muitas outras que não queriam necessariamente ter um filho, mas viam isso como uma possível virada de página, como uma coisa que segue o rumo da vida de uma mulher, um momento que possivelmente ela teria que passar. Uma questão social, muitas vezes imposta às mulheres, depois do casamento, ter filhos é o caminho correto e seguro, o rumo que se deve seguir. Mas será mesmo?
Contudo, antes que seja levantado a questão de ser um livro contra a maternidade, não é assim. Vocês poderão notar isso ao ler o livro. Na minha opinião tem o intuito de colocar a maternidade como um assunto em pauta, de te fazer questionar, por que você quer ter um filho? Esse foi um dos questionamentos que eu já me fazia e ainda me faço. Por que quero ter um filho? Até onde é a minha vontade, até onde eu considerando que esse é o caminho correto a se seguir? Além disso, é medo de me arrepender? Claro que esses entre diversos outros são pensamentos de uma mulher de 26 anos, que já quis ter filhos, já abominou a ideia e agora se encontra em dúvida sobre a questão. Afinal, por que você quer ter um filho?
O livro traz aspectos bons e ruins da maternidade, não espere apenas momentos ruins. Mas traz desmistificações sobre o assunto, como o momento do nascimento do Kevin e a expectativa da Eva de se pegar amando aquele bebê e quando aquilo… enfim. Acredito muito na ideia de que o tão famoso amor incondicionado que informam que as mães têm, na verdade, é uma escolha feita consciente ou inconsciente de amar aquela criança, uma escolha que é tomada por ambos os lados. Polêmico, sei, mas muitas coisas antes desse livro, me trouxe a essa crença. Outro assunto polêmico levantado neste livro é a suposta maldade intrínseca de Kevin, afinal ele nasceu mal é ponto final?
São algumas questões levantadas durante a leitura, que podem não ser do interesse de todos, mas vale os questionamentos. Essa foi algumas das minhas questões de forma resumida, pensando em não levantar mais spoilers do que possivelmente eu já levantei. Questões que estão aqui para serem conversadas e debatidas.
Para finalizar como uma devida resenha. No que penso que talvez seja a função da resenha. O livro tem uma história bem construída, personagens bem elaborados e com diversas camadas. A narrativa de uma história contada pela mãe de um jovem, que se tornou assassino e onde você pode ter detalhes e momentos que podem te levar a várias teorias.