Bruh 11/06/2022
O amor que dilacera
"Olhando aquela mulher atravessar a rua na chuva, pensei: eu daria um dedo para arrancar o vestido verde que ela está usando. Um dedo, não. Dois. (E acabei dando mais. Meus ossos, todos.)"
Ai Cauby, não só você faria de tudo por essa mulher, a está altura, eu também.
Este livro nacional de Marçal Aquino narra várias histórias da vida várias pessoas ao mesmo tempo que toma como principal a história de Cauby, um fotógrafo que atualmente vive no Pará e que, um dia, se ver loucamente apaixonado por Lavínia, e a partir daí conta como foi o processo do início e do fim deles, em concomitante a histórias diversas que dão mais profundidade e apego aos personagens, como o Careca, que doou a vida a uma grande paixão, Chang, assassinado por pedofilia, Viktor Laurence, o jornalista, Lavínia e o pastor (essenciais para a história), e a corrida do ouro, ou melhor dizendo, guerra, que está acontecendo entre os garimpeiros da cidade e os mineradores industriais.
Tudo isso em uma narrativa sensual, de fácil leitura, que lhe faz experimentar sensações enquanto se ingeri nela. É um amor trágico, uma vida trágica, um mundo trágico, e, ainda sim, o mais belo de todos. É um amor ardente, que não mede forças, que ao mesmo tempo que teme, não teme, e que nos obceca. Marçal Aquino fez um ótimo trabalho aqui, é uma leitura e tanto, ele mistura teor sexual e sensual com inteligência e filosofia, sem contar que o livro acaba sendo moderno, pois aborda nas entrelinhas temas lgbtqia+ e transtornos psicológicos, como TDI. Me surpreendeu demais a leitura.