Belleville

Belleville Felipe Colbert




Resenhas - Belleville


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Ceile.Dutra 03/04/2014

Mágico
Depois de perder a mãe e ser surpreendido com um problema de saúde do pai, Lucius se muda para Campos do Jordão para cursar matemática . Lá tem o melhor curso e, com o apoio financeiro do pai, ele aproveita o momento para desfazer amarras, mesmo que se preocupe muito com a saúde do "velho". Lá, ele encontra uma casa bem antiga, mas considerando o valor, estava ótimo. Depois de instalado, ele encontra uma fotografia de uma garota enterrando algo perto de um pilar - até onde ele vai e encontra uma caixa com uma carta. Nesta carta, a garota fala do sonho do pai dela, que não pode ser realizado, e pede para que o próximo morador dê continuidade: construir uma montanha-russa para sua pequena no quintal de casa. Trata-se de Belleville.

"O que eu não sabia, ainda, é que não era eu quem construía os trilhos. Eles já estavam lá, a minha espera."

Apesar de empolgado com o desafio, ele percebe que é impossível, deixando a missão para o próximo - reiterando o pedido inicial de Anabelle com outra carta. O que ele não esperava é que ela encontrasse o papel naquele mesmo lugar junto da dela - 50 anos antes. Inicia-se assim, uma troca de cartas entre os dois: desacreditados e achando serem alvos de algum desocupado. Como aquela garota achava estar em 1964? Como aquele cara era do futuro? Talvez essas coisas não tenham explicação, mas o que surge a seguir parece fazer parte deste encanto - amizade, paixão e amparo.

Não há outra palavra para definir minha sensação com este livro a não ser: encantada. Essa é, definitivamente, uma história mágica. Mas não daquelas em que os personagens são transformados de uma página pra outra, acreditam em tudo em que lhe vêm - definitivamente não. Lucius e Anabelle me acompanharam no estranhamento aos fatos. Gente, como assim você conversar por cartas com alguém que está no mesmo lugar que você, mas, hm... 50 anos antes?

"Eu precisava me expressar, manter aquele contato. Era o único refúgio para a vida solitária em que encontrava. Só que, dessa vez, deveria escrever de maneira mais objetiva. Apenas dessa forma a história pararia de rebobinar na minha cabeça."

Foi impossível não lembrar de A Casa do Lago (já assistiu? Um dos romances mais lindos que vi) onde os personagens moram na mesma casa, mas com um tempo de diferença (parece confuso, porque o tempo presente de um é passado para o outro) só que em Belleville temos uma diferença gritante - muitos anos, muitos costumes e problemas os separam. É sempre complicado trabalhar com esta questão de viagem no tempo, porque, bem, não existe uma explicação, né? Até as teorias me são absurdas. Então, é preciso estar aberto aos paradoxos.

O livro é narrado pelos dois personagens (Lucius e Anabelle) e as vozes são levemente diferentes. O autor teve o cuidado de inserir - sutilmente - expressões e palavras utilizadas em cada época (seja no nosso presente ou no passado), assim como lembrou de expressar a confusão dela ao se deparar com certos termos. Fiquei ansiosa pelas cartas - elas deram um charme muito especial ao livro.

"Todavia, o papel que tinha nas mãos agora era uma carta de esperança, não de desistência. E a fábula de nós três - Belleville, Lucius e eu - ainda demoraria para ter um final."

A única coisa que me causou estranheza foi, perto do início, Lucius falar que com Anabelle se sentia à vontade, poderia ser ele, mas me parecia que eles não tinham essa intimidade. Por outro lado, por não se conhecerem pessoalmente, eles puderam mostrar exatamente o que eram depois. Fiquei tão agoniada perto do final do livro que sonhei com a continuação da história! Estava muito tensa, sério! Eu sofri tanto por Anabelle que nem sei dizer.

Me remexi inquieta tantas vezes enquanto lia, porque eu sou taurina, extremamente pé no chão e o protagonista fez umas coisas que... meu Deus, eu jamais teria coragem, ainda mais se tratando de dinheiro! Eu nunca tomaria as atitudes que ele tomou (ou seja: eu jamais poderia viver algo parecido rs). Eu temia pelo que ele teria que enfrentar, quando a realidade se abatesse sobre ele. Mas isso é algo pessoal, né?

Ultimamente tem sido difícil eu dar 5 estrelas para um livro, mesmo que eu goste muito. Mas Belleville é tão perfeito que não consigo avaliar de outra forma. Ambientes vívidos, história linda e apaixonante. Mais do que indicado.


site: www.estejali.com
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