Almeida 12/05/2023O "tempo" é desesperador"Aos poucos a fé é enfraquecida. É difícil acreditar numa coisa quando se está sozinho e não se pode falar com ninguém. Justamente naquela época Drogo deu-se conta de que os homens, ainda que possam se querer bem, permanecem sempre distantes; que, se alguém sofre, a dor é totalmente sua, ninguém pode tomar para si uma mínima parte dela..."
Um livro sucinto, direto, forte, e ao mesmo tempo belo, carregado de uma poesia doce, sonhadora. Mas que no seu corpo, traz uma sensação "desesperadora" no que se refere TEMPO. Tempo aos que nasceram para esperar ou para aqueles que decidiram por "esperar".
Em O deserto dos Tártaros, a austeridade heroica do protagonista, destinado a só ganhar a vida, na hora da morte, depois de gastá-la no limiar fantástico do Deserto dos Tartaros. Lá, o tempo se esvaiu para ele na Fortaleza enorme, estirada de escarpa a escarpa, fechando o mundo numa paragem de pedra antecedida por montanhas e desfiladeiros, cercada de penhascos, sucedida pela estepe. Tudo vazio, tudo segregado, como palco solitário onde se agitam homens possuídos por um impossível sonho de glória. Esta mesma glória que o Tempo não quis findar a espera.