O Deserto dos Tártaros

O Deserto dos Tártaros Dino Buzzati




Resenhas - O Deserto dos Tártaros


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Aline 05/06/2022

Qual é seu deserto de tártaros?
Um livro sobre a passagem do tempo... O tenente Drogo acaba de sair da escola militar e sonha com uma carreira de aventuras e heroísmo, é destinado a trabalhar num forte que fez fronteira com um deserto, no meio do nada onde ninguém sabe de sua existência... Lá chegando ele se vê no monotonia de fazer a mesma coisa todo dia, ele até pensa em ir embora, mas acaba se acomodando... Ele sabe que é jovem e tem a vida inteira pela frente para viver suas aventuras, mas quando se dá conta, passou 30 anos ali aguardando por uma guerra, e esqueceu de viver...
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Michelle 30/05/2022

Classico da literatura italiana
Livro bem curtinho mas denso na leitura.
A leitura se torna arrastada mas acredito que a escrita seja para retratar exatamente o sentimento do protagonista tem em sua jornada de ascensão e em todas as suas expectativas frustadas.
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Alan Martins 07/05/2022

Pequeno, mas profundo
Há livros que conseguem, com poucas palavras, dizer aquilo que vários calhamaços não são capazes. Um belo exemplo é "O estrangeiro", de Albert Camus. "O deserto dos tártaros" encontra-se nessa mesma seleta prateleira.

Certos clichês são válidos, condizem com a realidade. Os melhores perfumes estão nos menores frascos, assim como os venenos mais perigosos. Um imenso aprendizado está contido nas breves páginas dessa obra de arte do italiano Dino Buzzati.

ESPERANDO O QUE NUNCA VEM
Giovanni Drogo, um jovem na casa dos vinte anos, foi recentemente promovido a tenente. É, então, designado ao forte Bastiani, um edifício militar localizado numa região isolada e fronteiriça, próxima a um deserto. O autor não especifica a localização do cenário, o que torna o romance ainda mais universal, já que a ação pode se passar em qualquer lugar.

A fortaleza é rodeada por uma suposta história gloriosa, pois funcionou, ao longo da história, como um escudo, protegendo seu país contra invasões de povos estrangeiros. Em um primeiro momento, o lendário passado histórico impressiona o novo tenente.

Todavia, chegando ao local, se depara com um cenário bem menos ilustre, afinal a guerra deixou de ser uma ameaça há muito tempo. Drogo, desanimado, deseja sair dali o mais rápido possível e pede um atestado a um médico, que lhe dá quatro meses para uma realocação.

O tempo passa, muita coisa acontece, e Giovanni continua no forte Bastiani. Ele não consegue deixar a fortificação, algo o impossibilita. O que será esse algo que nos impede?

A VIDA É TREM BALA
O protagonista e seus companheiros de profissão estão trancafiados no Bastiani. Claro, se quisessem, poderiam ir para outro lugar. Entretanto, metaforicamente, cada um deles está enclausurado em seu forte pessoal.

Todo militar que chega ao lendário forte encontra dificuldade em seguir adiante, em realizar seus desejos e ambições. Jovens tornam-se velhos frustrados. O deserto promete uma invasão tártara, e todos aguardam a hora de entrar em cena, a razão de suas existências.

Quantas pessoas não vivem nesse marasmo, aguardando algo de melhor que está por vir? O que a maioria faz para alcançar a terra prometida? Quantos têm a coragem e a capacidade de dar o passo decisivo? Ora, essa também não é a lógica da sociedade capitalista? "Trabalhe duro, um dia a recompensa virá". Nesse meio-tempo, os ponteiros giraram loucamente, e o tempo é algo que não volta.

Nosso tenente Drogo passou uma vida toda servindo ao exército, até conseguiu uma promoção. Em seu íntimo, porém, sabe que não foi sincero consigo mesmo, que se entregou à monotonia, àquilo que parecia mais fácil e confortável. Dino Buzzati, por sorte, lhe dá uma redenção. Na hora em que seu tão aguardado momento dá as caras, recebe a visita do ceifeiro. Nesse instante de adversidade, encontra coragem e encara o desconhecido com bravura.

SOBRE A EDIÇÃO
Como todos os volumes da coleção Clássicos de Ouro, a edição de "O deserto dos tártaros" é em capa dura, seu miolo é em papel amarelado e a diagramação, agradável.

Tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade, muito boa por sinal. O texto, dividido em capítulos curtos, é simples e fácil de ser lido.

Li em meu Kindle. A respeito do e-book, está ótimo, bem formatado e funcionando em perfeitas condições.

A coleção teve tiragem limitada, por isso as edições em capa dura encontram-se esgotada. A editora Nova Fronteira repaginou a coleção, mas desta vez os livros são em brochura. O preço parece bom e o que importa de verdade é o conteúdo da obra, não sua estética visual.

CONCLUSÃO
Poucos livros conseguem tocar o leitor de maneira tão pessoal e universal. Todos nós sentimos receio em relação a novidades; o novo assusta! Devemos agir como Giovanni Drogo, acomodados, deitados eternamente em berço esplendido, ou devemos encarar os obstáculos com pulso firme? Seguir nossos sonhos, ou desistir na primeira oportunidade?

Eu vivo em meu próprio forte Bastiani, e você também. A decisão de deixá-lo cabe a nós mesmos. Do contrário, passaremos a vida inteira aguardando algo que, no fim das contas, não pode ser conquistado se ficarmos apenas parados.

Em certos momentos a leitura fica um tanto quanto monótona e tediosa, refletindo o cotidiano dos personagens militares. Esse é o trunfo desse pequeno romance: dialogar com o leitor, pondo-o em reflexão a respeito de sua vida e escolhas.

Minha nota (de 0 a 5): 4,5 ⭐

site: https://anatomiadapalavra.com/2022/05/07/resenha-livro-o-deserto-dos-tartaros/
Vicente 07/05/2022minha estante
Sou apaixonado por esse livro.


Alan Martins 07/05/2022minha estante
É muito bom mesmo!




Mateus 06/05/2022

Os lugares de solidão, a esperança, o tempo e tudo mais...
Estava em uma profunda ressaca literária, tendo inclusive adiado a continuidade da leitura dessa obra por meses. Dado momento, quando consegui retornar, não consegui mais parar. Os lugares de solidão expressos na obra são extremamente profundos, promovendo reflexões sobre a esperança, a vida, o tempo e as companhias da vida. Não é apenas Drogo que passa por isso, mas também o leitor. O Deserto dos Tártaros é vazio de ações senão a espera e questiona se nossa própria espera é um remédio de esperança ou um veneno que nos paralisa.
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lu.comin 02/05/2022

O que o tempo vai dizer sobre nossas escolhas?
Essa leitura provoca uma grande autorreflexão sobre nossas escolhas, principalmente sobre o que escolhemos esperar da vida.
Todos temos um deserto dos tártaros para chamar de nosso. Nesse sentido, o livro é um alerta poético.
O livro é pequeno, mas a leitura é densa, por muitas vezes melancólica. Sentimos na escrita o tempo dilatado do forte. Mais pro final, a escrita se enche de beleza. Uma beleza triste, reflexiva, profunda. Dá para entender porque O deserto dos Tártaros é considerado um clássico do século XX.
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Ediane.Siqueira 24/04/2022

Tino consegue nos segurar do início ao fim do livro amarrados na mesma expectativa de Giovanni Drogo, vi o personagem como vejo alguns amigos ou como vejo muitas vezes, a melhor resenha está na contracapa o livro não é sobre a guerra é sobre a vida de todos nós.
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Rittes 20/04/2022

Triste condição
Um clássico que envelheceu pouco, apesar de sua aparente lentidão. Aparente, porque intencional. No escoar do tempo, a relatividade de sua passagem e da nossa condição de seres finitos fica bem clara ao longo de todo o livro. Na triste história de Giovanni Drogo está cada um de nós que abandona sonhos, anseios e espera eternamente por algo que talvez não venha. Já a morte, certeza absoluta, sempre vem. O que fazemos entre nascer e morrer é que pode fazer toda a diferença. Só não dou 5 estrelas porque a edição da Nova Fronteira é bem meia boca.
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Joao.Gabriel 19/04/2022

Simplesmente perfeito
Há livros que tomam as palavras de nossa boca. Frequentemente, digo isto por aqui, e mais frequente ainda é acontecer comigo.
E Deserto dos Tártaros é um desses casos.

Curioso é eu tentar encontrar, por menor que seja, um defeito na escrita, mas brilhantemente fracassar na busca. Com efeito, não encontro uma passagem, uma linha, um ponto sequer que Buzzati não tenha escrito com uma genialidade e beleza tão grande.

Em termos claros, é uma narrativa bela, genial, com profundas descrições e comparações mais ainda. Não é uma escrita pesada, densa. Pode-se ler sem problemas. Mas o gosto da obra está no digerir, está no ler e reler cada trecho como se fosse impensável. O que contrasta com o enredo.
Nos mostra cenas pensadas e minuciosamente escritas. O autor nos presenteia com uma explosão de reflexões durante a leitura da obra. Não raramente me via tendo pensamentos interessantes acerca do tédio, do hábito, da imobilidade na vida, a espera de algo novo, a esperança, a depressão, a injustiça, a vida como ela é.

Uma curiosidade: o tempo que Giovanni Drogo passa no Forte Bastiani (em anos) é a mesma quantidade de capítulos do livro.

É uma obra prima.
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Márcia Moura 09/04/2022

Perfeito
O protagonista vive sua expectativa e a vivemos com ele. O livro fala nas entrelinhas sobre como estagnamos enquanto esperamos pelo momento perfeito. O final é daqueles de deixar um buraco no peito. Ressaca literaria garantida!
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Guy 30/03/2022

A VIDA DESERTA SEM MOLHO TÁRTARO
Um livro que aborda a alienação de uma pseudo-guerra, o cumprimento dos formalismos das regras militares sem olhar para si e para o mundo, perdendo um dos maiores bens do ser humano, o tempo. Também mostra o lado psicológico onde se persiste na ilusão de que o importante ainda está para vir e assim se acomoda na rotina.
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