anapmoscoso 16/01/2024
"Há mais bem em você do que sabe, filho do gentil Oeste. Alguma coragem e alguma sabedoria, mescladas em boa medida. Se mais de nós dessem valor à comida, à alegria e às canções acima do ouro entesourado, este seria um mundo mais feliz."
Desde 2021, lanço uma proposta a mim e aos meus seguidores: escolher doze livros que consideramos desafiantes e incorporá-los as nossas leituras do ano. "Desafiante", entretanto, é uma palavra que deixo em aberto para cada um. Eu, por exemplo, gosto de colocar títulos que tenho há anos na estante, sempre digo que vou ler, mas nunca o faço. O Hobbit era um deles.
J. R. R. Tolkien é um daqueles autores que, mesmo que você nunca tenha lido, é bastante improvável - para não dizer impossível - que nunca tenha ouvido falar sobre. Seja você um fã da literatura fantástica ou não, Tolkien deixou um legado grande demais para ser ignorado.
O Hobbit, seu primeiro grande sucesso, é um livro infantil/infantojuvenil sobre Bilbo Bolseiro, um hobbit que deixa o conforto de sua toca para se juntar a treze anões em uma jornada até a Montanha Solitária, lar de um grande tesouro e também de Smaug, o dragão.
Como era de se esperar, escutei de tudo que poderia imaginar quando comecei minha leitura: você vai amar; você vai detestar; vai demorar meses para terminar; é muito chato; é muito bom; eu li em um dia; eu demorei um ano; a escrita é cansativa; você já vai querer emendar com a trilogia...
Bom, eu não demorei meses, mas também não li em um dia. Achei a escrita um tanto cansativa, principalmente no início, mas quando a história pega um pouco mais de ritmo fica fácil se concentrar e deixar a leitura fluir. Ou seja: uma dinâmica bastante conhecida para os fãs de fantasia.
Achei a história linda, com lições e mensagens típicas de livros voltados para crianças. Adorei, adorei, adorei de verdade o Bilbo. Amei acompanhar o crescimento e a evolução do personagem, vibrei ao vê-lo se impor, ao fazer as coisas certas e falar o que precisava ser dito. Passei raiva com o Gandalf só para depois voltar com o rabinho entre as pernas e mudar de ideia. Vi nos anões amigos que não eram perfeitos, como ninguém é, mas que tinham suas virtudes e jamais deixariam nada de ruim acontecer ao hobbit. Até ao dragão eu me apeguei.
Em resumo: eu amei O Hobbit. A escrita que, no começo, era cansativa, tornou-se bela. Os personagens, carismáticos. O desenvolvimento é leve, divertido e simples, como uma história infantil deve ser. Mas, sim, em minha opinião, Tolkien soube escrevê-la para todas as idades.
Entretanto, se eu puder dar uma dica àqueles que abandonaram e pensam em dar uma segunda - ou terceira, ou quarta - chance: acho que ajuda se, durante a leitura, nós tentarmos tirar da nossa cabeça quem escreveu e qual a importância da obra. Afinal, ao contrário do que muitos pensam: ninguém é obrigado a gostar de Tolkien.
site: https://twitter.com/anaestalendo