McGyver.Rego 03/06/2022
Como escalar o Everest
Um verdadeiro desafio é o que se pode dizer da experiência de ler este livro. É quase como escalar um everest, pois você é obrigado a ir galgando a subida em doses homeopáticas. Este livro que foi publicado no formato de folhetim na época, e quando você sabe dessa informação, fica mais fácil entender o tamanho bíblico da obra. Afinal, Victor Hugo estava escrevendo praticamente a novela da época, que seria, portanto, acompanhada com avidez, capítulo a capítulo. E comparando às novelas, existem capítulos que só estão ali para "encher linguiça". Claro que um simples leitor como eu não deveria se atrever a comparar o grande Victor H. com novelas, no entanto, acho válido, uma vez que tais capítulos os quais chamei de "encheção de linguiça", são capítulos digressivos, não envelheceram bem, já que retratam muito da França da época da juventude do autor, e ainda, carregado com o seu ponto de vista, que não tem a precisão de um historiador propriamente dito. O que faz que tais capítulos, sejam na maior parte do tempo dificílimos de tragar, e nos faz questionar porque ele desviou tanto da história principal. Mas aí, lembro-me que esta obra, como dito acima, era folhetinesca, portanto, para o Parisiense da época, que degustou a história, semanalmente, ou mensalmente, seja lá como tenha sido a frequência de publicações, deve ter achado um máximo as digressões que tanto usou VH. Já para nós, meros mortais do sec. XXI, que não somos franceses, nem estudamos história francesa, é maçante passar por estas partes. Sei que muita gente desiste da leitura numa dessas digressões, sendo a mais famosa delas, a batalha de Waterloo. No entanto, quando o livro se atém aos seus personagens principais, a história flui, se desenvolve, emociona, empolga! Todos os personagens cativam de alguma forma, seja evocando raiva, tristeza, amor... Até o final, que por sinal, é emocionante, parecendo até o final de um bom filme dramático.