Luciano.Costa 06/03/2018
Resenha descritiva Apologia de Sócrates
INTRODUÇÃO
Apologia de Sócrates é uma obra escrita pelo filósofo Platão que conta a história do julgamento do filósofo Sócrates. A obra é escrita em forma de diálogo dividida em três partes, na primeira parte Sócrates apresenta a sua defesa baseada nas acusações de Meleto, na segunda parte Sócrates é condenado e sugere a sua sentença e na terceira parte Sócrates se despede do tribunal, onde faz uma reflexão sobre as suas convicções de vida e morte, e a relação com os deuses.
PRIMEIRA PARTE
Na primeira parte Sócrates apresenta a sua defesa baseada nas acusações movida pelo processo de Meleto:
“ora bem, o que diziam os caluniadores ao caluniar-me? É necessário ler a ata da acusação jurada por esses acusadores: Sócrates comete crime e perde a sua obra, investigando as coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais débil, e ensinando isso aos outros” (p. 05);
“Sócrates comete crime corrompendo os jovens e não considerando como Deuses os Deuses que a cidade considera, porém outras divindades novas” (p. 11);
Em sua defesa Sócrates argumenta que, tudo começou quando, indo a Delfo perguntou ao oráculo se havia algum homem mais sábio que ele? Disse o oráculo, que, Sócrates era o homem mais sábio de toda Grécia.
Sócrates não acreditando no que Deus afirmou, foi procurar saber se realmente era o homem mais sábio, foi então que decidiu ir aos detentores da sabedoria para mostrar para o oráculo que eles possuíam a sabedoria.
Analisando um Político ateniense um desses homens que parecia ser o possuidor da sabedoria Sócrates percebeu que na verdade ele não sabia o que dizia saber, apesar de parecer que sabia, não sabia. Sócrates, portanto, concluiu, que era mais sábio que o político que não sabia nada e dizia que sabia, ao contrário de Sócrates que sabia que não sabia. Depois desse, Sócrates não conformando e não acreditando ser o homem mais sábio de toda Grécia foi até os poetas, e depois aos artífices, e todos os homens que pareciam ser inteligentes. Sócrates concluiu, que pela mesma razão que superava os políticos também superava os outros homens que dizia ser sábios.
Por tanto, foi dessa investigação que sugiram muitas inimizades tão odiosas e graves, que delas se derivaram outras tantas calúnias a que foram atribuídas a Sócrates pelo fato do oráculo ter afirmado que ele era sábio. Os jovens vendo que Sócrates mostrava para os ditos sábios que nada sabia, começaram a segui-lo e imita-lo por conta própria. Assim Sócrates é visto como o homem que corrompe os jovens. Sócrates e odiado pelos ditos sábios por mostrar que não são sábios. Sócrates afirma que:
“entre esses, arremessaram-se contra mim Meleto, Anito e Licon: Meleto pelos poetas, Anito pelos artífices, Licon pelos oradores. De modo que, como eu dizia no princípio, ficaria maravilhado se conseguisse, em tão breve tempo, tirar do vosso ânimo a força dessa calúnia, tornada tão grande” (p. 10);
Sócrates chega à conclusão que sua defesa aos primeiros acusadores é o suficiente, agora vai tratar apenas de defender-se das acusações feitas por Meleto, sendo um dos últimos acusadores. Meleto diz que Sócrates comete crime corrompendo os jovens e não considerando como Deuses os Deuses que a cidade considera, porém outras divindades novas.
A parti da acusação Sócrates faz diversas indagações cheias de ironia e sarcasmos a Meleto, de uma maneira que o deixa sem palavras, e quando tenta refutar Sócrates, as refutações não são convincentes. Em dado momento da discursão, Sócrates diz o seguinte sobre acusação de corromper os jovens:
“[...] se os corrompo, é involuntariamente, e em ambos os casos mentiste. E, se os corrompo involuntariamente, não há leis que mandem trazer aqui alguém, por tais fatos involuntários, mas há as que mandam conduzi-lo em particular, instruindo-o, advertindo-o; é claro que se me convencer, cessarei de fazer o que estava fazendo sem querer. Tu, ao contrário, evitaste encontrar-me e instruir-me, não o quiseste; e me conduzes aqui, onde a lei ordena citar aqueles que tem necessidade de pena e não de instrução” (p. 13);
Sobre a segunda parte da acusação que diz que Sócrates não acredita nos Deuses, Sócrates afirma que:
“[...] a coisa está bem longe de ser assim; porquanto, cidadãos atenienses, creio neles, como nenhum dos meus acusadores, e encarrego a vós e ao Deus de julgar a mim, do modo que puder ser o melhor para mim e para vós” (p. 24)
SEGUNDA PARTE
Sócrates é condenado por 280 votos a favor e 220 contra dos 501 juízes. E ainda comenta que, se Anito e Licon não tivesse acusado, Meleto teria sido multado em mil dracmas, não tendo obtido o quinto dos votos.
Sócrates e condenado e passa a refletir sobre as possíveis penas dentre elas o cárcere que para Sócrates seria como viver como um escravo, ou uma multa que seria como viver amarado, ou exilio que para ele seria impossível pois estava com idade avançada, ser exilado para outra pátria não adiantaria, pois, os jovens ainda iria ouvir seus discursos.
“[...] onde quer que eu vá, os jovens ouvirão os meus discursos como aqui: se eu os repelir, eles mesmos me mandarão embora, convencendo os velhos a fazê-lo; e se não os repelir, os seus pais e parentes me mandarão embora igualmente, sob qualquer pretexto” (p. 26)
Para Sócrates se aceitasse o exilio seria como não acreditar nos Deuses, e todas as suas virtudes e ensinamentos seria entendida como mentiras. Sócrates acreditava que não era digno de nem um mal, mais se multasse ele em uma quantidade que ele pudesse pagar, pagaria, mais o fato é que ele não tinha a quantidade eles requeriam.
TERCEIRA PARTE
Sócrates diz ter sido condenado pela ausência de pudor, e não por falta de argumentos, e declarou não estar arrependido de sua defesa, pois os que o condenam hoje, serão condenados amanhã. Aqueles que votaram favoráveis à condenação, por sua vez continuaram declarando-se como justos.
Antes de tomar o veneno Sócrates expõe sua reflexão sobre as suas convicções de vida e morte, e a relação com os deuses. Sócrates foi morto injustamente pelo fato de ser sábio, buscar a verdade e não abandonar suas convicções e também por provar para que os ditos sábios que nada sabiam. Antes de morrer Sócrates diz suas últimas palavras:
“É a hora de irmos: eu para a morte, vós para as vossas vidas; quem terá a melhor sorte? Só os Deuses sabem” (p. 30);
Será que Sócrates disse tudo isso? Platão escreveu os fatos como realmente aconteceu? Ou será que Platão usou da licença poética para mostrar sua indignação com a política da época? Não sei, o fato de nada saber faz de mim um sábio? Segundo Sócrates sim.
REFERENCIAS
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Disponível em PDF no site: (http://www.revistaliteraria.com.br/plataoapologia.pdf)