Larissa.Manucci 19/06/2022A Cidade do Sol
Esse foi o meu primeiro livro do autor, Kaled Hosseini, ele que é mundialmente conhecido por O Caçador de Pipas (que, inclusive, eu pretendo ler ainda esse ano). Apesar de conhecer os títulos do autor desde muito nova, nunca tinha tido a vontade (ou seria, coragem?) de mergulhar nessa história que eu já sabia que seria muito profunda. Eu finalmente comecei a ler depois de entrar em um clube do livro com algumas meninas da minha cidade e, apesar de não ter conseguido participar da discussão final, foi uma baita experiência.
A Cidade do Sol conta a história de duas mulheres, Mariam e Laila. O livro começa com Mariam, nos anos 50. Uma menina que morava com sua mãe em uma aldeia de Herat. Mariam não teve uma infância muito feliz, desde cedo sua mãe fazia questão de deixar claro que ela era uma bastarda. Seu pai, um homem muito rico, se envolveu com a governanta da casa, Nana e teve uma filha fora de seus casamentos. Por essa razão, Mariam morava longe do pai e recebi a sua visita apenas um dia da semana. Apesar de tudo, a menina era extremamente apaixonada pelo pai e foi só ao longo de sua adolescência que ela conseguiu entender a real gravidade da situação ao qual seu pai a submetia, ela era escondida da sociedade e não tinha os mesmos direitos que seus irmãos legítimos, não podia nem mesmo frequentar a casa de seu pai.
Depois de um importante episódio, Mariam, que na época possuía apenas 15 anos, é obrigada a se casar com Rashid, um homem muito mais velho que ela. Eles vão então morar em Cabul, o centro do Afeganistão, lugar onde as mudanças políticas são logo sentidas.
Um tempo depois, entra na história Laila. Ela era a filha de um casal de vizinhos de Mariam. Laila nasceu no período da invasão soviética no país, por essa razão, seus irmãos mais velhos estão desde cedo distantes combatendo na guerra. Em sua casa, a ausência de seus irmãos é muito sentida por sua mãe, que vive em uma depressão muito forte. Por outro lado, Laila tem a presença de seu pai. Um ex-professor universitário, muito a frente de seu tempo, que sempre incentiva Laila em seus estudos e a se casar somente se ela quiser e quando ela se sentir pronta. Além disso, Laila tem a companhia de um grande amigo, Tarik. Ele acompanha a menina em todas as fases de sua vida e se tornam uma dupla inseparável.
A vida de Mariam e Laila se entrelaça em um momento muito triste da vida de Laila e também na história do país. Juntas elas se mostram mulheres extremamente fortes e que precisam de unir para conseguir forças para superar as diversas perdas que enfrentam.
O livro aborda 40 anos de mudanças políticas dentro do Afeganistão e como tudo isso afeta a vida de ambas as mulheres. Dentre essas mudanças, a que mais me marcou durante a leitura foi, com certeza, a entrada do Talibã no poder. É completamente chocante ver como um grupo político pode fazer tamanha destruição no país, seja fisicamente como também em relação aos direitos das mulheres, que foram privadas da liberdade que estavam, aos poucos, conquistando.
Esse é aquele tipo de livro que eu não consegui ler muito de uma vez só, ele é triste, é pesado, é impactante e extremamente revoltante. Apesar de ser uma ficção, sabemos que essa é a realidade de muitas mulheres afegãs até o dia de hoje, e me fez pensar muito na minha realidade e como isso está muito longe de muitas mulheres pelo mundo.
Eu recomendo demais a leitura pra todo mundo, tá lista de leituras necessárias pra fazer esse mundo um pouquinho melhor.