Leonardo1245 26/01/2024
O livro sobre o qual eu nada sabia.
Penso que todo mundo conhece (ou, pelo menos, pensa que conhece) a história do Fantasma da Ópera. Eu era um desses até ler a introdução desse livro e descobrir que eu tava redondamente enganado.
Ao plot: nesse romance, nós temos a história do triângulo amoroso entre a atriz e cantora Christine Daaé, o visconde Raul de Chagny e Erik, o Fantasma da Ópera. O enredo inteiro se passa em Paris, mais especificamente no interior da Ópera de Paris, e mais especificamente ainda nos bastidores e subsolo da Ópera. A trama começa quando Raoul, depois de muitos anos, reencontra Christine e, enquanto tenta se reaproximar da cantora, descobre que ela vem tendo aulas de canto com o sobrenatural Anjo da Música - isto é, um dos muitos disfarces sob o qual Erik se apresenta na tentativa de manipular a menina.
Fiquei com a impressão de que, ao mesmo tempo que o livro é muito severo com o Erik, é também muito brando com o Raoul e com a Christine. O triângulo amoroso central é, sob qualquer ângulo, altamente possessivo e abusivo. Temos dois homens disputando o afeto de uma mulher enquanto se julgam seus donos legítimos, enquanto a mulher, por sua vez, tira vantagem do favorecimento do "Anjo" para aprimorar o seu talento musical.
Achei a construção dessa narrativa muito interessante. O narrador do romance está, o tempo todo, tentando convencer o leitor que o Fantasma existiu de verdade, e desenvolve o livro quase como um dossiê, expondo todas as evidências que corroboram a sua tese da veracidade desse relato. A mistura de narração literária e transcrição de depoimentos dão um sabor diferente à história, na qual mergulhamos esperando encontrar um romance de terror e nos deparamos com um livro policial.
O ponto alto dessa história não foi nem o clímax, mas o epílogo, no qual aprendemos um pouco mais sobre quem era Erik. Amaldiçoado desde o seu nascimento com um rosto cadavérico, Erik foi, desde o berço, escorraçado pras margens da sociedade pura e simplesmente por ser (muito) feio. Ainda que isso não justifique as ações dele para com Christine, uma leitura minimamente crítica nos faz entender que o Fantasma também carregava as suas próprias cruzes.
Leria tranquilamente um spinoff desse livro, contando a história de vida do Erik antes dele habitar o subterrâneo e as paredes da Ópera de Paris. Ao final dessa leitura, defini que uma das minhas metas de vida é assistir à encenação do Fantasma da Ópera no teatro algum dia. Recomendo essa leitura a todos que pensam que conhecem essa história! E que saibamos olhar com um pouco menos de rispidez a esse fantasma.