Fernanda631 26/11/2022
O Fantasma da Ópera
O fantasma da ópera escrito por Gaston Leroux, que foi publicado em 23 de setembro de 1909.
Uma das histórias de terror e amor mais famosas do século XX, O Fantasma da Ópera mescla romance e suspense para narrar o triângulo amoroso entre a talentosa cantora lírica Christine Daaé, o frágil e apaixonado visconde Raoul de Chagny e o sinistro e obcecado gênio da música que habita os porões do teatro.
O livro tem um teor histórico: a narrativa conduz o leitor pelos labirintos da Ópera sob o ponto de vista de um historiador/jornalista. Os acontecimentos são relatados aos poucos, em alguns momentos de forma não-linear, como se fossem fragmentos de um quebra-cabeça. Esse é um livro que mescla terror com romance, isso é algo pouco usual em livros da época.
Ambientada na Paris do século XIX, mais especificamente na Ópera de Paris, edifício luxuoso construído entre 1857 e 1874, sobre um lençol de água subterrâneo. Os antigos diretores da Ópera de Paris estão aposentando e outros novos diretores assumem o empreendimento, mas essa mudança não passa despercebida, pois há festa e alegria no local. Contudo, nem tudo são flores e alegria, pois os novos diretores descobrem que a ópera não é um local apenas de inúmeras apresentações, pois o edifício serve de morada para um inquilino no mínimo estranho: o Fantasma da Ópera.
Esse inquilino é na verdade Erik, o fantasma. Erik é o responsável por diversos acidentes na Ópera de Paris, ele é bastante temperamental, além disso exige a quantia mensal de 20 mil francos, sem contar que não abre mão do camarote número cinco para todas as atuações.
Todavia, os diretores não levam isso a sério, acreditando que tudo não passava de uma brincadeira, eles não acreditam nos avisos dos antigos diretores, muito menos os novos colaboradores da ópera acreditam na existência de tal fantasma.
Mas nem todos aqueles que frequentam e trabalham na Ópera de Paris são céticos, pois uma jovem e inexperiente bailarina chamada Christine Daaé acredita que é algo diferente no ar. A verdade é que Christine acredita que está sendo guiada por um "Anjo da música", anjo esse supostamente enviado por seu pai após a sua morte.
O Fantasma é um ser misterioso que apresenta-se para Christine Daaé como se fosse um verdadeiro Anjo da Música. Christine é a típica mocinha ingênua, pura, idealizada e romantizada, que precisa sempre de alguém para salvá-la. Prometendo ensiná-la a cantar como ninguém, Christine cai nas graças do Fantasma, que se aproveita da situação e declara que a moça é “somente sua”, impedindo que ela tenha uma vida normal.
O visconde Raoul é um amigo de infância apaixonado por Christine que tenta conquistar seu amor, mas precisa compreender se esse amor é recíproco ou se a cantora se entregou 100% ao Fantasma. Ele é um personagem insistente, que nunca se convence de que Christine não o ama, além de ser fraco e bastante dramático.
A parte mais interessante de O Fantasma da Ópera é tentar entender quem é o Fantasma, os motivos que o levam a agir com tanto ódio e violência (ele é psicopata, e o livro o mostra como um ser asqueroso e maligno).
Christine descobre que o ‘anjo da música’ que guia sua vida é na verdade o ‘fantasma’ que aterroriza a Ópera de Paris, e que ele não é de fato um fantasma, mas Erik, uma pessoa fisicamente debilitada, que usa uma máscara para esconder sua deformidade. A partir daí, Erik decide prender Christine em seu mundo, não deixando-a ir se esta não prometer não amar ninguém além dele.
O Fantasma é um personagem profundo e peculiar, ele é controlador, manipulador, agressivo, violento e tóxico, mas esse aspecto comportamental é compreensível tendo em vista por tudo que ele passou. A verdade é que Erik tem uma triste história de vida.
Além do trio principal, outros personagens integram a história com relativa importância, especialmente os diretores da Ópera. Eles assumem o comando do teatro sem imaginar o quanto teriam que sofrer com as ameaças do Fantasma.
Há uma sutil crítica de Leroux aos franceses e ao estilo de vida dos parisienses em determinados momentos. Um detalhe interessante é o tom de sarcasmo adotado pelo autor na trama, fica claro que ele satiriza os romances clichês.
O Fantasma da Ópera também traz muitas referências musicais, principalmente de peças de teatro, óperas famosas e artistas consagrados da época. A importância dada à música e ao teatro pelos personagens e a sociedade da época torna-se quase inexplicável nos dias de hoje.
É importante ressaltar também que o Fantasma tem uma doença inexplicável de nascença, que o transformou em um “monstro” aos olhos da sociedade. Por ter um rosto cadavérico e assustador, sempre manteve-se isolado e na mais profunda tristeza, usando uma máscara para disfarçar sua feiura.
Ele nunca foi amado por ninguém – nem por sua mãe – e viu em Christine uma chance para conhecer o amor. Apesar de ser um psicopata, o pano de fundo do protagonista é cruel – uma característica comum dos romances góticos.
Esse livro leva o leitor a refletir sobre o modo de agir e viver em sociedade, mas também sobre os padrões de beleza que é imposto pela sociedade como “aceitável”.
O Fantasma da Ópera é um clássico que fala sobre exclusão, solidão, abandono e marginalização. Esse é um romance trágico, violento e repleto de mistérios.
Se você gosta de histórias com pano de fundo gótico, com muita música, romance, drama e terror misturados vai amar O Fantasma da Ópera.