Vozes de Tchernóbil

Vozes de Tchernóbil Svetlana Aleksiévitch




Resenhas - Vozes de Chernobyl


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EduardoCDias 29/11/2020

Sofrimento atômico
Talvez nenhum livro, entre as centenas que já li na minha vida, tenham me afetado tanto quanto esse... crianças, mulheres, homens, idosas, idosos, engenheiros, agricultores, médicos, professores... Todos contando suas vidas antes e depois da explosão do reator. Sua experiência, seu sofrimento, sua esperança, seus esforços... Tudo embrulhado na incapacidade e desonestidade do governo e dos políticos soviéticos. E tudo teve como consequência a queda definitiva do comunismo, que já estava desabando.
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Surrender_Nih 31/03/2024

É um livro difícil e profundo
Com certeza não é o tipo de livro para se manter uma leitura frequente. Será necessário soltar ele um pouco, respirar fundo e refletir isoladamente, principalmente por ser muita informação e ser revoltante em certas partes.

Mesmo após a leitura, não sei bem o que pensar sobre a administração do destrate. Nunca havia ocorrido algo daquela dimensão, havia o contexto da guerra fria e uma população praticamente agrária na Bielorrússia. É difícil você ajudar as pessoas quando elas não estão entendendo o que está acontecendo. Eles estavam preparados para uma guerra, mas aquilo era completamente diferente.

Esse livro também pôde mostrar o poder do partido comunista na vida dos indivíduos naquela época, como muitos morreriam pelo seu partido. O patriotismo é uma coisa tão estranha e magnífica de se ver, o poder que uma ideia e um padrão de vida tem sobre o ser humano.

São tantas coisas passíveis de fala sobre esse livro e eu não serei capaz de fazer jus a ele nessa simples resenha. É uma leitura que vale muito a pena, vai te impactar e emocionar, assim como gerar questionamentos e reflexões.

. Quotes:

"Nós somos fatalistas. Não tomamos nenhuma iniciativa, porque acreditamos que tudo será como tiver de ser. Cremos no destino. A nossa história é a seguinte: cada geração viveu a sua guerra. Houve muito sangue derramado. Como podemos ser de outro modo? Somos fatalistas."

"Somos metafísicos. Não vivemos na terra, mas nas nossas quimeras, nas nossas conversar. Nas palavras. Devemos somar algo à vida cotidiana para compreendê-la, mesmo quando estamos à beira da morte."

"A memória nos inspira. Nós sempre vivemos no terror, somos capazes de viver no terror; é o nosso habitat.
E nisso, o nosso povo não tem rivais..."
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Marcelomff_ 30/11/2021

Arrebatador
Svetlana Aleksiévitch tem uma forma peculiar de contar uma história.
Sempre que precisamos nos informar sobre um evento histórico, corremos em busca do que nos possa servir de uma boa referência, acabamos cercados de livros, filmes, áudios, documentos. Mas são essas as únicas formas de se conhecer de verdade uma história ?.
Svetlana me mostrou que não, que todo evento na vida deixa uma marca, uma cicatriz que as pessoas carregam consigo, que fazem parte delas.
Quem melhor pode assegurar o que são as consequências de uma guerra, do que as vítimas que ela faz ?.
Quem é qualificado o suficiente para avaliar os danos causado pelo acidente nuclear de Tchernóbil, do que as pessoas que perderam seus lares, seus amigos, seus familiares, suas crenças, suas convicções, sua fé e seu amor ?.
Muito se diz sobre as pessoas que viveram uma catástrofe, mas e o que elas dizem sobre elas mesmas, o que lhes dói a alma, o que lhes emociona recordar ?.
Svertlana fez o que dezenas de jornalistas, cientistas e escritores não fizeram. Ela deu voz ao povo, as vozes de quem esteve lá, as vozes de Tchernóbil.
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Roberto 26/08/2020

dolorosamente sublime
Uma tragédia humana que ainda badala nos temores e imaginários de todos nós, abrindo-nos às mais diversas reflexões e pensamentos angustiosos. Mas a autora consegue -- com o seu estilo ÚNICO --, em ritmo jornalístico e deixando as personagens-narradoras imprimirem o ritmo da história o que dá um sabor à obra irresistível. Svetlana, mais uma vez consegue que encarnemos os sentimentos das pessoas por ela entrevistadas e que sintamos quase na pele os acontecimentos tratados na obra com verossimilhança psicográfica.
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May 27/11/2020

No dia 26 de abril de 1986 aconteceu o acidente nuclear de proporção catastrófica que todos nós conhecemos. Existem filmes, séries, documentários, que contam como tudo aconteceu, apontam teorias sobre culpados, mas o que de fato sabemos? Nesse livro, Svetlana que nasceu na Ucrânia e é jornalista, transcreveu relatos e mais relatos de pessoas que viveram na zona contaminada, que trabalharam no reator, enfermeiros, liquidadores, físicos, crianças que nasceram pouco depois da catástrofe. E são relatos sensíveis, detalhados, memórias de pessoas que viveram coisas que nós jamais imaginamos. É terrível ver como o governo escondeu a verdade até dos moradores da região, quiseram abafar a gravidade do acontecido para que as pessoas não entrassem em pânico, para que os outros países não notíciassem a verdade. No fim, toda essa negligência foi por política e só isso. Esse livro foi feito para questionarmos muita coisa sobre o que pensamos sobre Chernobyl, todo mundo quer falar sobre o acidente de fato, mas o importante mesmo são as diversas formas que isso afetou os moradores de toda região, e ainda afeta, foi feito para termos a visão da verdade e desenvolvermos mais empatia. Impossível sair dessa leitura com o mesmo pensamento que tínhamos sobre o acidente.

"Mas Tchernobil é ao contrário: você morre justamente quando já está em casa." 
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Vanessa 15/02/2020

senti dificuldade em avaliar
o trabalho da jornalista é muito bom, deixar as pessoas contarem com as próprias palavras o que viram e passaram por lá faz o próprio sentimento trasparece no livro, e imaginar o que passaram se torna doloroso
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Dtorreshp 26/06/2021

Tchernóbil
Tchernóbil foi umas das maiores catástrofes do planeta e não me lembro de ser um assunto muito explorado na escola, aliás tenho até recordações que muitas vezes esse acontecimento foi tratado de forma banal ou até mesmo como uma piada. Depois dessa leitura a sensação que tive é que o homem não tem respeito pela vida não só do seu semelhante, mas pela vida do planeta. Uma leitura super difícil e densa (não recomendo a leitura se você estiver passando por momento difícil).
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nayanebrito 08/05/2020

Relatos fortes sobre Tchernóbil
#SLResenha

Vozes de Tchernóbil |  Svetlana Aleksiévitch 

Em abril de 1986, aconteceu uma explosão nuclear sem precedentes na usina de Tchernóbil, situada na Ucrânia (parte da antiga União Soviética), os quais milhões de partículas radioativas se espalharam pela atmosfera e a cidade de Pripyat teve que ser imediatamente evacuada. Foi um desastre que atingiu milhares de pessoas, ainda mais quando o governo soviético obrigou trabalhadores, cientistas e soldados a fazerem reparos na usina, levando-os diretamente a morte.

Pessoas comuns que trabalhavam e moravam perto da catástrofe de Tchernóbil, foram definhando após poucos dias de trabalho. As vozes dessas pessoas se tornaram relatos para escrever Vozes de Tchernóbil. Em memórias, Svetalana faz um aparato de relatos daqueles que estavam expostos a radiação direta sem nem ao menos saber o que estavam fazendo ali, e aqueles que bravamente se dispuseram em amor ao país.

"As perdas materiais de algum modo ainda podem ser calculadas, mas e as perdas não materiais? Tchernóbil foi um golpe para a nossa imaginação e para o nosso futuro. Estamos assustados com o nosso futuro."

 "Vozes de Tchernóbil" traz assuntos bem pontuais que poucos desconheciam e que foi veiculado pelo governo soviético, se tornando, então, algo concreto. Só que Svetlana desmitifica e tira das sombras o que realmente aconteceu após o desastre da usina nuclear. Centenas das milhares de pessoas que tiveram câncer de tireoide, que para a imprensa eram somente 31 pessoas.

Como a autora fala "existe uma pessoa antes e depois de Tchernóbil", o mesmo aconteceu comigo em relação a leitura desse livro. Me fez entender e ver o que acontece com as pessoas quando o governo quer que aconteça, sem nem ao menos sabermos o que se passa. Assim foi com a população de Tchernóbil sob a égide de um regime totalitário na finada União Soviética.

Só não avaliei em 5 estrelas pela falta de cronologia, pois me senti confusa em alguns momentos, mas, depois que terminei percebi o porquê a autora quis seguir por esse caminho. Outro livro da Svetlana que me traz muitos ensinamentos e reflexões. Vale MUITO a pena fazer essa leitura. Esse foi o livro escolhido para o projeto #mulherescontinentais.
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Aline Planellas 04/02/2020

Uma facada na alma...
Confesso que nunca havia lido nada sobre está catástrofe, sempre fiquei a base do que "ouvi".

Neste livro não temos informações específicas do "acidente", mas temos acesso a vários depoimentos de pessoas envolvidas diretamente.

Dói na alma ao nos depararmos com a realidade que estas pessoas tiveram que enfrentar.

É uma leitura difícil, pelo peso que carrega, porém, válida.
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Danilo Parente 08/09/2021

A vencedora do Nobel de Literatura, Svetlana Aleksiévitch, traz nesse livro, sob diferentes perspectivas, as vozes de pessoas comuns que sofreram uma mudança abrupta em suas vidas por terem sido vítimas do desastre nuclear de Chernobyl, em 1986.

Por meio de monólogos, Svetlana apresenta depoimentos extremamente fortes, os quais levam o leitor a sair da sua zona de conforto e a colocar-se no lugar dos outros. Por diversas vezes me questionei sobre a forma como a palavra Chernobyl é utilizada nas redes sociais (para definir pessoas tóxicas) e de como isso acaba gerando um desrespeito às vítimas desse desastre. Tenho certeza de que esse é um dos poderes transformadores dos livros, qual seja o de nos ensinar o significado da palavra empatia.

Alguns relatos acabam por serem repetitivos e isso pode cansar um pouco a leitura, mas nada que impeça o leitor de conhecer a fundo uma parte da história da URSS e da importância de dar voz aos que vivenciaram a tragédia de Chernobyl para que ela jamais possa ser esquecida ou subestimada.

Por fim, ao ler um livro com depoimentos de pessoas comuns, lembrei-me do que Tolstói apresentou em Guerra e Paz: a história é feita por pessoas comuns, as quais levam determinado personagem como principal representante daquele movimento e que sem essas pessoas tal personagem não teria feito ou conseguido tal intento. No caso do livro de Svetlana, podemos olhar e compreender o que aconteceu em Chernobyl sob diferentes ângulos da sociedade. Vozes de Tchernóbil é um relato nu e cru sobre a humanidade e sobre o que cada pessoa ou governo é capaz de fazer em dias conturbados.

“Antes de tudo, em Tchernóbil se recorda a vida ‘depois de tudo’: objetos sem o homem, paisagem sem o homem. Estradas para lugar nenhum, cabos para parte alguma. Você se pergunta o que é isso: passado ou futuro? Algumas vezes, parece que estou escrevendo o futuro...”.


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Marita13 30/07/2020

o que dizer desse livro né? Vozes de Tchernobil deu visibilidade aquelas pessoas que viveram perto ou trabalharam nesse acidente. São relatos fortes, tristes e muito com sentimentos de Revolta.
Eu indico muito essa leitura para entender o contexto das pessoas, o que elas passaram. Foi uma leitura muito impactante para mim
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Yasmim 13/09/2020

Implacável
Leitura ideal para ser feita devagar, intercalada com outros livros, pois pode se tornar repetitiva. Porém isso não faz que nenhum relato perca seu valor. Ao final do livro já me sentia completamente imersa naquele universo, de dor, superação e inconformismo. Minha visão sobre o homem soviético e sobre o socialismo "doméstico" foi despertada, de forma que pretendo conhecer mais sobre o assunto.
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Carol 09/08/2021

Impressões da Carol
Livro: Vozes de Tchernóbil- a história oral do desastre nuclear {1997}
Autora: Svetlana Aleksiévitch {Belarus, 1948-}
Tradução: Sonia Branco
Editora: Companhia das Letras
384p.

À 01h23min58, do dia 26/04/1986, o reator de n° 04, da usina nuclear de Tchernóbil, em Pripyat, no norte da Ucrânia, explodiu. Uma catástrofe sem precedentes na história, uma catástrofe do tempo e da incompreensibilidade humana frente a ela.

"Em apenas uma noite nos deslocamos para outro lugar da história. Demos um salto para uma nova realidade, uma realidade que está acima do nosso saber e acima da nossa imaginação. Rompeu-se o fio do tempo..." p. 41

Como Aleksiévitch esclarece em sua "entrevista da autora consigo mesma', seu interesse não está em relatar as causas diretas e indiretas do acidente ou dar voz aos figurões implicados. Seu interesse reside numa perspectiva subjetiva da história: o testemunho, as experiências individuais, as lembranças e reflexões das pessoas atingidas.

Acho fantástica essa mediação narrativa que Svetlana faz entre o coro de vozes - dos entrevistados - e sua voz autoral, presente na escolha dos relatos, na ordem em que são apresentados, nas rubricas cênicas. Já dizia Paul Ricoeur, "é através da oralidade, que operamos memória e identidade".

São depoimentos pungentes. O da esposa de um dos bombeiros, acionado na noite do acidente. Os de pessoas que vivem na zona contaminada, pois não têm outra alternativa. Os de pais e de mães com filhos, pacientes oncológicos. Os de cientistas que foram calados. Os dos liquidadores, dos mineiros, dos voluntários. De pessoas que fizeram o que tinha de ser feito, pois a noção de dever foi mais forte do que o medo.

"Vozes de Tchernóbil" é um mosaico testemunhal triste e duro de ser lido. Mas necessário. Trinta e cinco anos após a catástrofe, não temos resposta para a questão filosófica que se impõe, qual o sentido de tanto sofrimento? ?O que nos cabe é falar, discutir, rememorar, para não esquecermos.

"Tchernóbil é um tema dostoievskiano. Um tentame de justificativa do homem." p. 268.

Reli "Vozes de Tchernóbil" para discussão no Clube do Livro Russo, mediado pelo @litrussa.
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Bia 10/05/2020

Resenha - Vozes De Tchernóbil

Eu não sabia se fazia ou não uma resenha sobre o livro. Não sei muito bem como expressar toda essa experiência de leitura, não sei descrever tudo o que li e o que me fez sentir, simples palavras como: horrorizada, furiosa, triste e pensativa, é pouco para descrever o tamanho de todos os sentimentos que tive durante a leitura e ao finalizar a leitura.
Mas eu vou tentar, e espero poder transmitir a vocês com clareza tudo o que eu pensei/penso sobre as vozes que tentaram calar, das vidas que foram obrigados a deixarem para trás.

As páginas são amareladas, a fonte é okay, e o livro é dividido em várias partes com diferentes temas ou áreas. No final temos o discurso da autora em cerimônia do prêmio Nobel da Literatura (que foi o discurso mais incrível que já li em toda a minha vida!).

O livro é sobre cidadãos de vidas tão similares e ao mesmo tempo tão diferentes, mas no fim das contas todos estavam juntos numa tragédia que toda a humanidade experimentava pela primeira vez e que ninguém sabia o que estava acontecendo, como proceder ou sequer pra onde correr. Svetlana Aleksiévitch nos trás relatos, pesquisas e muito mais, de certa de 10 anos após o desastre, sobre sobreviventes da tragédia de Tchernóbil na fronteira entre a Ucrânia e a antiga Bielorrússia em 26 de Abril de 1986. Foi o maior desastre nuclear de todos os tempos. A proporção desse acontecimento até hoje é desconhecido, e através dos relatos é possível identificar que a população sofreu e ainda sofre muito, desde Stálin e a segunda guerra mundial (que era um meio que "recente" nas memórias de muitas pessoas em 1986) e também com o desastre nuclear que deixou sequelas em milhares de pessoas até hoje. O que aconteceu deixou varias vítimas, pessoas que sofrem até hoje com as consequências da explosão do reator.
A autora coletou/entrevistou diversos testemunhos ao longo de muitos anos sobre os sentimentos das pessoas. O livro é todo contado através das vozes das pessoas envolvidas e afetadas pela tragédia. A vida do antes, durante e depois de Tchernóbil. Aqui temos uma união de vozes desesperadas, raivosas e devastadas de pessoas que sofreram não apenas com a radiação, mas com o antigo Governo Soviético que tentou abafar muito o caso na época e até mesmo hoje em dia, tanto é que não se sabe ao certo quantas pessoas foram afetadas, e na época o povo demorou a acreditar no quanto essa explosão iria afetar suas vidas. A forma como o governo tratou essas pessoas, como o governo solicitou a ajuda mentindo e enganando os “voluntários” e depois os dispensando, pois de acordo com o governo: eles se tornaram inválidos. Doses e mais doses de radiação enquanto eram “voluntários” e depois dispensados com migalhas (mereciam muito mais!), pois se tornavam inválidos. Na época o Governo Soviético era governado por Gorbatchov, que negligenciou todos os fatos e não informou a população para não causar alarde. Sendo assim, o mundo só ficou sabendo do que estava acontecendo após as chamas radiativas chegarem a boa parte da Europa. E isso porque, em época de guerra fria existia o jogo de poder entre EUA e URSS, e a URSS não poderia ser vista como um lugar em que coisas ruins pudessem acontecer.

“[…] A minha filha morreu por culpa de Tchernóbil. E ainda querem nos calar. Dizem que a ciência ainda não comprovou, não há banco de dados. É preciso esperar cem anos. Mas a minha vida humana… Ela é ainda mais curta. Eu não vou esperar. Anote. Anote ao menos que a minha filha se chamava Kátia. Katiúchenka. Morreu aos sete anos.”

O governo tentou tirar muitas pessoas de seus lares. Em alguns lugares (os mais próximos da usina) tiverem que sair mesmo, mas os de outros lugares, outras pessoas, se recusaram a sair da “zona de exclusão” próximo da Usina. Era toda uma vida ali, era a casa deles ali, para onde mais iriam? Svetlana nos apresentou relatos de moradores que escolheram ficar, de como é a vida deles lá, de como as pessoas do mundo todo até mesmo do próprio país os vêem. É intrigante até se parar para pensar... Alguns habitantes descreveram como às vezes são tratados, como quando um jornalista, por exemplo, vai até sua casa e você oferece um copo de água ou qualquer outra bebida e ele se recusa a beber, pois aquela água está contaminada. Tudo ali está contaminado, tudo é radiação ali. Mas se pararmos para pensar, ouvi esse exemplo no Resenhando Sonhos e achei legal citar aqui como uma forma de explicar melhor, por mais “frio/sem educação” que tenha sido a ação da pessoa ao recusar uma água, de certa forma (pro lado mais frio) ele estava se protegendo ali, porque aceitando ou não aquela água realmente estava contaminada.
A perda de muitas famílias, não apenas pelas pessoas próximas, mas pelas casas. Tchernóbil foi evacuada e até hoje é inabitável. A cidade fantasma; a cidade morta.

“Nós perdemos não a cidade, mas a nossa vida inteira.”

Uma das coisas que mais me comoveu foi o primeiro relato: o de um casal que estava lá, pertinho do local. Tinham acabado de se casas, estavam começando uma vida juntos, o marido era bombeiro e assim que ouviu a explosão foi ajudar sem saber o que era e do que se tratava (os bombeiros chamados para combater o incêndio não faziam a menor ideia da proporção do que estava havendo. Muitos morreram na hora, ou definharam por cerca de 14 dias até a morte). A esposa estava grávida e quando o marido ajudou por longas horas, ele foi levado para Moscou para ser tratado por conta das altas doses de radiação... Foi muito triste a história, muito agonizante e tocante. Já logo no inicio do livro eu fiquei sem reação, fiquei chocada e me sentindo mal, pois temos detalhes de muitas feridas graves. É um livro pesado de diversas formas: os sentimentos de todos os relatos, as perdas, a gravidade do acontecimento, o erro do governo e as escolhas que eles tomaram para proceder com tudo isso, etc.

“[...] Estão morrendo, e ninguém lhes perguntou de verdade sobre o que aconteceu. Sobre o que sofremos, o que vimos. As pessoas não querem ouvir falar da morte. Dos horrores…
Mas eu falei do amor… De como eu amei[...]”

Eu acreditava que essa seria uma leitura muito arrastada. É o primeiro livro que leio do gênero, e esse tipo de livro não me chama a atenção, pois simplesmente não me prendem, não fazem meu tipo. Mas eu fiquei curiosa sobre Tchernóbil e quando vi o livro eu decidi me arriscar, pois eu queria entender melhor, saber mais, então a curiosidade falou mais alto. A leitura felizmente não foi arrastada em nenhum momento, o que foi uma surpresa para mim. Li em menos de uma semana, simplesmente devorei o livro. Eu não favoritei o livro, pois simplesmente não consegui... Não sei explicar, mas eu amei o livro. Eu fiquei animada em ler outras obras da autor, já até coloquei na lista alguns livros.
Fiz uma leitura conjunta com uma amiga, pois nós duas estávamos curiosas e em busca de informações, então decidimos fazer essa projeto pessoal de leitura conjunta para debatermos sobre nossas opiniões e sentimentos com relação à leitura.
Ainda não assistir a série, mas estou pra começar. Gostaria de estar postando essa resenha juntamente com a minha opinião sobre a série descrita aqui também, mas como é incerto exatamente quando irei assistir, não queria deixar essa resenha guardada por muito tempo.

"A culpa é da radiação ou de quem? Como ela é? Ela é branca? De que cor? Uns contam que não tem cor nem cheiro, outros contam que é negra. Como a terra! Se não tem cor, é como Deus: está em todo lugar, mas ninguém vê."


site: http://biiabrito.blogspot.com/2019/08/resenha-vozes-de-tchernobil.html
Leituras da Maju 11/05/2020minha estante
Sensacional, entrou para a minha lista. Parabéns (e obrigada) pela resenha


Bia 11/05/2020minha estante
Fico feliz que tenha gostado anjo ??




FalaLud 23/06/2020

Difícil de ler.
Eu peguei uma amostra no Kindle e li o primeiro depoimento, da esposa de um dos primeiros bombeiros a chegar no local do acidente. Não sei nem expressar o que eu senti quando terminei. Comprei o livro pra continuar, mas voltei a esse depoimento algumas vezes durante a leitura. É chocante, terrivelmente triste, mas também é uma bonita e trágica história de amor.
E seguimos acompanhando essa tragédia através de diversos pontos de vista, intimistas e com uma pesada carga emocional; cada um nos fornece uma peça do quebra cabeça para montarmos o quadro de Chernobyl, que por muitos é conhecido apenas de forma generalizada e técnica. Além da dor compartilhada, os relatos fazem uma grande crítica ao regime comunista e a cultura soviética.
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