O talentoso Ripley

O talentoso Ripley Patricia Highsmith




Resenhas - O Talentoso Ripley


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aarrgh 20/02/2016

Tom Ripley é um salafrário. Sobrevive em Nova York de aplicar pequenos golpes para ganhar dinheiro, golpes que dificilmente o colocaria na cadeia por serem difíceis de serem descobertos, como roubar de velhinhas falsificando assinaturas. Um sujeito extremamente insatisfeito com a vida e consigo mesmo, o prazer de Ripley é imitar outras pessoas, mesmo que seja por alguns instantes, para o divertimento de convidados em festas ou reuniões sociais.

Mas ao mesmo tempo que Ripley despreza sua constituição franzina, ou reflete sobre sua vida injusta, poucas pessoas conseguem agradá-lo. Ripley é um esnobe. Mas não poderia deixar de ser. Afinal, ele não conseguiria fazer seus trambiques se não fosse dotado de uma notável capacidade mental. Os movimentos de Tom são friamente calculados: mesmo quando age no calor do momento, imagina toda a situação na cabeça, mede todas as consequências. E isso se deve a sua incrível capacidade de criar histórias. Quando conta uma mentira, acredita piamente nela, conhece todos os detalhes da situação, mas conta apenas o suficiente para conseguir crédito; gagueja e hesita nos momentos certos, como se precisasse lembrar, e olha confiantemente nos olhos para ver se acreditam.

Lições valorosas esse livro oferece.

Patricia Highsmith construiu o personagem de tal forma que os sentimentos de admiração e desprezo se confundem na mente do leitor. No entanto, chega um momento do livro que seria insuportável para Tom caso tomasse conhecimento: você se cansa dele. Nas idas e vindas de Tom pela Itália, você deseja que algo aconteça a ele. Não apenas para dinamizar a leitura, mas também porquê, embora tenha tido uma infância difícil – morando com uma avó que não o apreciava -, Tom é a pessoa mais sortuda do mundo. Muito da sua boa sorte é por conta de sua engenhosidade, mas chega um momento do livro que você quer apenas ter o prazer de dizer: toma, miserável.

Mas por que Tom está na Itália, afinal? O livro já começa com ele recebendo uma proposta para passar um tempo na Europa, e o pouco que se sabe sobre sua vida anterior a isso é contado por meio de lembranças no decorrer do livro. O homem que lhe dá a proposta o seguia, pensando ser ele um amigo íntimo de seu filho, Dickie Greenleaf, por tê-lo visto numa festa em que Tom não foi necessariamente convidado. Tom, é claro, aceita a proposta: passar um tempo na Itália com tudo pago só para tentar convencer o filho de um milionário a voltar pra casa é uma coisa difícil de recusar. Mal conhecer Dickie não é um problema assim tão grande.

Nos primeiros dias que passa em Mongibello, um vilarejo no litoral da Itália, Tom está realmente preocupado em tentar convencer Dickie a voltar, e chega a contar a verdade para ganhar ganhar sua confiança; mas à medida que Tom vai se aproximando de Dickie, mais ele deseja a sua vida (bem, esse é um trocadilho infame…). Ripley não sabe disso ainda, até o momento que culmina na viagem de barco no litoral de San Remo.

Não é difícil imaginar o que acontece. E acho que a capa da edição de bolso (talvez a melhor capa da Companhia de Bolso, curiosamente a que mais se desloca do padrão das outras, também ilustradas no estilo inconfundível de Jeff Fisher) evoca precisamente o teor do livro, e dessa cena em particular. Olha esse barco desolado, sozinho nesse oceano cinza.

No fim, não recusaria ler o resto da série caso caísse em minhas mãos, mas também não correria atrás dos outros livros.

Mais um blog literário:

site: treslendo.wordpress.com
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Altieris 21/01/2016

O Talentoso Ripley - Patricia Highsmith
Quando se diz que Tom Ripley é um anti-herói, não se pode ser mais exato ao descrevê-lo. O protagonista criado por Patricia Highsmith é um psicopata em toda a amplitude da palavra, uma dessas pessoas que todos nós, no fundo, tememos. Você, dificilmente, sentirá simpatia por Ripley. Seus atos apenas mostravam sua mente doentia e perturbada - e nem por isso o livro é ruim. Pelo contrário: colocar uma pessoa detestável como protagonista é o grande atrativo dessa obra. Tom Ripley trata-se de um esquizofrênico ao mesmo tempo charmoso, ambicioso, totalmente desprovido de moral e dado a arroubos de extrema violência.

Lançado originalmente em 1955, o romance "O talentoso Ripley" se tornou uma referência na literatura policial. Patricia Highsmith acaba criando um personagem inesquecível e cheio de contrastes. Tom Ripley tem uma personalidade dividida entre a fragilidade e ambição. Ele acaba conquistando os leitores, porque é sensível e ao mesmo tempo dotado de uma inteligência analítica que utiliza para matar e assumir a identidade do jovem milionário Dickie Greenleaf na Europa.

A fronteira que Highsmith estabelece entre, de um lado, a psicose e, de outro, a inveja social e o desejo sexual, implica que podemos interpretar o comportamento de Ripley como uma simples patologia ou uma complexa manifestação das ambições burguesas e do desejo sexual reprimido.

No centro da história está a relação entre Ripley e Dickie Greenleaf, um rico herdeiro que se muda com a namorada Marge para uma pacata cidadezinha da costa italiana. Ripley fica horrorizado com as infrutíferas incursões de Dickie na pintura e com a relação dele com Marge, certo de que ali não há amor; ao mesmo tempo, se encanta com o estilo, a riqueza e a beleza física do novo amigo. Essa desconcertante mistura de sentimentos culmina em tragédia quanto Ripley mata Dickie e assume a identidade dele, numa calculada manobra para enriquecer. O talentoso Ripley é perseguido pela polícia através das belas paisagens italianas. Highsmith, no entanto, introduz em sua trama um sem-número de complexidades morais, psicológicas e filosóficas.

Um pequeníssimo ponto negativo foi o fato da autora, não ter dinamizado um pouquinho mais o enredo. Longe de tirar o brilho da obra, mas para um criminoso que vive fugindo das autoridades, a narrativa deveria ser um pouco mais ativa, gerar mais expectativa no leitor. Ao contrário disso, é como se você estivesse lendo a rotina de um homem comum. A leitura flui pouco, pois não há ações suficientemente envolventes. A linguagem usada por Patrícia Highsmith é direta e simples, um fator positivo, pois ela não se preocupa com informações desnecessárias, embora a obra tenha muitas narrações e poucos diálogos. Algo interessante também são as descrições dos ambiente europeus frequentados por Tom, principalmente os restaurantes e seus pratos.
Allan.PAu 14/02/2016minha estante
Ótima resenha, amigo. Obrigado.




TMLQA 19/09/2015

Tom Ripley é uma das grandes criações da literatura pulp do século XX: um esquizofrênico ao mesmo tempo charmoso, ambicioso, imperscrutável, totalmente desprovido de moral e dado a arroubos de extrema violência. A fronteira que Highsmith estabelece entre, de um lado, a psicose e, de outro, a inveja social e o desejo sexual, implica que podemos interpretar o comportamento de Ripley como uma simples patologia ou uma complexa manifestação das ambições burguesas e do desejo homossexual reprimido. No centro da história está a relação entre Ripley e Dickie Greenleaf, um rico herdeiro que se muda com a namorada Marge para uma pacata cidadezinha da costa italiana. Ripley fica horrorizado com as malogradas incursões de Dickie na pintura e com a “inexplicável” associação dele com Marge, certo de que ali não há amor; ao mesmo tempo, se encanta com o estilo, a riqueza e a beleza física do novo amigo. Essa desconcertante mistura de sentimentos culmina em tragédia quanto Ripley mata Dickie e assume a identidade dele, numa calculada manobra para enriquecer.
Nas mãos de um autor menor, O talentoso Ripley (The Talented Mr. Ripley) talvez se reduzisse a uma simpática historinha de “gato e rato” enquanto Ripley é perseguido pela polícia, por Marge e pelo pai de Dickie através da bela paisagem italiana. Highsmith, no entanto, introduz em sua trama um sem-número de complexidades morais, psicológicas e filosóficas. Como podemos distinguir entre diferentes categorias de desejo – sexual e material? Como podemos falar de identidade como algo imutável, se Ripley consegue “encarnar” Dickie com tanta facilidade e sucesso? Em que medida o desejo sexual e a repulsa estão relacionados? Quanto a nós, leitores, até que ponto é aceitável torcermos secretamente por um assassino frio e calculista?
Denis Silva 03/11/2015minha estante
Interessantíssima resenha.




Paulo Guerra 08/09/2015

O Talentoso Ripley
O TALENTOSO RIPLEY
Tom Ripley é um americano que vive de trambiques e malandragens em Nova York. Nomes falsos, crimes e fraudes são algumas das ações ilícitas que o levam a ser procurado por toda a polícia. Numa determinada noite, é seguido até um bar por Hebert Greenleaf, um homem que mais tarde descobriu ser o pai de seu amigo de infância, Richard Greenleaf (Dickie para os íntimos), que agora residia na Europa. O Sr. Greenleaf então propõe a Tom, depois de muito conversarem e relembrarem sobre o passado, que viajasse à Itália com o objetivo de convencer Dickie a voltar para a América. Uma viajem com todas as despesas pagas, a oportunidade de conhecer a Europa e rever um antigo amigo fizeram com que Tom aceitasse imediatamente. Ele via nisso tudo a possiblidade de uma nova vida: era a sua chance de apagar o passado e ter uma vida de paz e tranquilidade. Ao chegar na Europa, porém, algo muito estranho acontece, o que modificará por completo o rumo da história.
O livro aparentava ser muito promissor. A autora, entretanto, não soube dinamizar o enredo. Para um criminoso que vive fugindo das autoridades, a narrativa deveria ser mais ativa, gerar mais expectativa no leitor. Ao contrário disso, é como se você estivesse lendo a rotina de um homem comum. A leitura não flui, pois não há ações suficientemente envolventes para o prazer dos leitores.
A linguagem usada por Patrícia Highsmith é direta e simples, um fator positivo, pois ela não se preocupa com informações desnecessárias, embora a obra tenha muitas narrações e poucos diálogos (um dos pontos que contribui para que a leitura não fluísse).
“O Talentoso Ripley” é um romance policial do tipo psicológico, no qual todas as características mais íntimas do protagonista são reveladas. Os sentimentos e emoções de Tom Ripley são apresentados ao leitor com o intuito de demonstrar o quão difuso é a razão humana e as transformações que ela pode sofrer diante de determinadas circunstâncias. É por meio desse psicológico exposto pela autora que nós passamos a conhecer o ser peculiar que é Tom Ripley.
Um personagem que possui qualidades, mas também defeitos, decisões impulsivas, e decisões pensadas. Um personagem humano. Acredito que todos os leitores conseguem encontrar pelo menos uma característica em comum com Ripley. Uma personalidade interessante, que aprecia mais as outras pessoas do que a si próprio. É nessa tentativa de explorar a fundo a psicologia de Tom que Highsmith esquece de um dos pontos mais importantes: a trama. Esta que não é bem desenvolvida, mas cansativa.
Algo interessante também são as descrições dos ambiente europeus frequentados por Tom, principalmente os restaurantes e seus pratos. Em um deles, por exemplo, o personagem pede pão-doce e café-com-leite, que eu fiquei com muita vontade de comer. Eu sou o tipo de pessoa que sempre sente fome durante a leitura.
Foi o primeiro livro que li em PDF (não tinha a versão física nem e-book), e me arrependi grandemente. Por algum motivo o texto veio carregado de erros gramaticais, pontuações fora do seu devido lugar – ou a falta delas-, e tudo o mais que possa atrapalhar na hora da leitura.
Com relação ao final, não me surpreendeu nem um pouco. É bem previsível, e se não acontecesse daquela maneira, não teria sentido nenhum. A história poderia ser muito boa se fosse melhor desenvolvida.
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Marselle Urman 29/05/2015

Novamente me surpreendo com o talento de Highsmith em desenhar personagens profundas. Tom Ripley é uma delas. De natureza tímida e insegura, ele é levado a pequenas fraudes (tirar proveito financeiro de pessoas se passando por fiscal do Imposto de renda) e se justifica consigo mesmo por não ter sacado os cheques de seus vítimas.
"Não foi imoral, foi só por diversão".

Mas ao pequeno e perigoso Ripley é dada uma oportunidade de viajar para a Itália numa missão diplomática, ocasião em que seus dotes sociais e de atuação são postos à prova e ele é dolorosamente confrontado com a pequenez de sua realidade. Sua ambição e a inveja desabrocham como uma bomba atômica. E, levado por sua confiança na impunidade, leva adiante seus crimes, ainda que continue tentando se justificar para com sua própria consciência distorcida e sempre numa linha tênue entre o sucesso de sua rede de mentiras e o medo iminente de ser descoberto.
Naturalmente muito melhor que o filme, esse livro é uma pérola na psicologia de "crime e castigo" e mais uma vez a tensão na atmosfera é um deleite.
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Lucas 14/03/2015

O Talentoso Ripley
Thomas "Tom" Ripley é a personagem principal do romance O Talentoso Ripley escrito por Patricia Highsmith. Ripley nos é apresentado como um jovem adulto com um talento muito incomum, Ripley consegue assimilar os hábitos e trejeitos de qualquer pessoa, possui uma vida muito instável, sobrevivendo de pequenos golpes nos quais utiliza seu talento. Sua vida toma um novo rumo quando em uma noite é visitado por Herbert Greenleaf, um milionário pai de Richard Greenleaf, um jovem com o qual Ripley acabara por ter alguma proximidade mesmo que passageira. O Sr. Greenleaf informa que seu filho atualmente mora na Europa e se recusa a assumir os negócios da família, e tendo conhecimento que este era amigo de Tom, acredita que o mesmo possa dissuadi-lo a voltar à America.

A partir deste ponto o livro se divide em dois momentos específicos, a aproximação de Tom Ripley do jovem Richard, causando certa intriga para com sua namorada Marge e até mesmo sua separação, e um segundo momento onde após assassinar o jovem Greenleaf, Tom decide assumir sua personalidade, mantendo todos os conhecidos distantes e utilizando apenas telefone e cartas para contata-los.

Apesar de seu início lento e tedioso, Patricia Highsmith consegue nos apresentar um romance policial crível, cujo ápice se dá apenas perto do final, onde Ripley precisa de um esforço descomunal para manter a própria sanidade enquanto interpreta a si próprio e a Richard Greenleaf e planeja uma forma de sair impune de seu crime e manter o dinheiro conseguido como Richard Greenleaf.
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Luiza 07/02/2015

But I love you so much I wish I were you
Tom Ripley era um trambiqueiro que vivia em New York e é pago por um milionário para ir à Itália convencer seu filho a voltar para os EUA, já que supostamente os dois eram "amigos". Ripley, na verdade, conhecia-o vagamente e aceitou só para fugir da cidade que considerava um pesadelo e ter férias de graça.
Já na Itália, ele reencontra Dickie, que vive numa cidadezinha com sua amiga Marge, e os dois criam um laço... Forte para Tom, pelo menos. Marge detesta-o e sempre alertou Dickie contra o americano, e aos poucos, ele vai notando o que Marge quer dizer: Tom é problema.
Os sentimentos desenvolvidos por Tom para com Ripley são claramente uma paixão, mesmo que ele não note ou admita isso, e vê-lo se afastando o faz entrar em desespero. Ele não podia deixar Dickie fugir, e no melhor exemplo de "se eu não posso tê-lo, ninguém pode", Dickie é morto.
A narrativa é interessante, mas o ponto forte do livro é a história. Primeiro, não há heróis, e todos os personagens são, da sua forma, detestáveis. Depois, Tom Ripley é um personagem interessante e complexo. Ele não se apaixona por Dickie só sexualmente: ele se apaixona por quem ele é, pela sua vida, seus dinheiro, suas coisas... Tom chega ao ponto de desejar ser Dickie e de tirar um prazer inexplicável disso.
Por fim, mesmo o livro seja narrado através de Tom, é impossível torcer por ele. Apesar de, na sua mente, tudo ser justificável, ele é logo de cara um personagem doentio. E talvez esse seja o ponto mais forte do livro.
Marselle Urman 29/05/2015minha estante
Parabéns Luiza, acho que fez uma interpretação muito precisa das ondas emocionais que rolam no subterrâneo de todos os acontecimentos do livro.




Egídio Pizarro 26/09/2013

Quando se diz que Tom Ripley é um anti-herói, não se pode ser mais exato em sua descrição. O protagonista criado por Patricia Highsmith é um psicopata em toda a amplitude da palavra, uma dessas pessoas que todos nós, no fundo, tememos.

Em momento algum senti simpatia por Ripley. Seus atos apenas mostravam sua mente doentia e perturbada - e nem por isso o livro é ruim. Pelo contrário: colocar uma pessoa detestável como protagonista é o grande atrativo dessa obra.

Entre as tantas passagens que me chamaram a atenção, destaco uma com míseras duas letras: o simples "Ei!" que Dickie emite no barco, fruto de sua reação. Incrível como uma expressão que não diz nada conseguiu dizer tudo nessa passagem.
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Gláucia 23/08/2013

O Talentoso Ripley - Patricia Highsmith
Thomas Ripley é o personagem mais famoso da autora e acabou protagonizando mais 4 livros após esse primeiro de 1955. Ainda não li sua biografia mas pelo pouco que pesquisei a seu respeito parece haver um pouco de Ripley nela (ou vice-versa).
Tom é uma espécie de vigarista que vive de pequenos golpes quando recebe o pedido do pai de um conhecido, Richard Greenleaf, atualmente vivendo na Itália, de partir para lá a fim de convencer o rapaz a voltar para sua casa nos EUA e assumir os negócios da família. Parece um bom plano mas algo dá errado para Richard pois Tom se revela uma espécie de sociopata capaz de qualquer coisa para manter o status que acabou adquirindo.
A trama é tensa e aparentemente frágil, como se a autora estivesse baseando o suspense numa ideia que não tem como se sustentar. No final ela conseguiu unir todas as pontas e acabei me convencendo.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 15/12/2012

Patricia Highsmith - O Talentoso Ripley
Editora Companhia das Letras (selo Companhia de Bolso) - 296 páginas - Tradução Alvaro Hattnher - Lançamento 03/04/2012.

Lançado originalmente em 1955, o romance "O talentoso Ripley" se tornou uma referência na literatura policial, gênero nem sempre respeitado pela crítica, mas enquadrar este romance em um único gênero, seja ele qual for, me parece uma injustiça com Patricia Highsmith (1921 - 1995) que criou um personagem inesquecível e cheio de contrastes. Tom Ripley tem uma personalidade dividida entre a fragilidade e ambição. Ele acaba conquistando os leitores porque é sensível e ao mesmo tempo dotado de uma inteligência analítica que utiliza para matar e assumir a identidade do jovem milionário Dickie Greenleaf na Europa.

O cinema ajudou muito a popularizar o livro que foi adaptado pela primeira vez em 1959 com o título no Brasil de "O sol por testemunha" pelo diretor René Clémente com Alain Delon interpretando Tom Ripley e, mais recentemente em 1999, por Anthony Minghella que contou no elenco com: Matt Damon, Jude Law e Gwyneth Paltrow.

Na minha opinião, o romance é bem mais convincente do que o roteiro adaptado para o cinema que acaba exagerando muito no brilhantismo de Ripley em detrimento de sua fragilidade psicológica, muito bem explorada pela autora. Esta fragilidade é a chave para o entendimento do seu comportamento psicótico e o truque que cria a identificação com o leitor, apesar do comportamento maquiavélico que transforma o farsante em um assassino serial.

Patricia Highsmith, também apaixonada por Ripley, escreveu outros quatro romances para o personagem. A série completa foi publicada em um "box" comemorativo em 2008 pela editora W. W. Norton & Company: The Talented Mr. Ripley (1955), Ripley Under Ground (1970), Ripley's Game (1974), The Boy Who Followed Ripley (1980) e Ripley Under Water (1991).
Daniel 11/10/2013minha estante
Uma dúvida: "O Talentoso Ripley" e "O Sol por testemunha" são o mesmo livro?


otxjunior 11/12/2013minha estante
Sim, Daniel. Por sinal, li como "O Sol por Testemunha". O original é The Talented Mr. Ripley, mas por conta do filme com Alain Delon, as primeiras edições brasileiras receberam o título "O Sol por testemunha".




Paulo 11/09/2012

O Bom Vilão
Dickie Greenleaf, um bon-vivant herdeiro de um império naval norte-americano, refugia-se no litoral italiano em busca de tranqüilidade e inspiração para a arte da pintura. Seu pai, entretanto, discorda da “fuga” de seu filho para o velho continente, e cansado de inutilmente tentar trazê-lo de volta, observa em Tom Ripley uma possibilidade de sucesso.

O Sr. Greenleaf procura Ripley e lhe propõe um acordo. Ripley, envolvido em trapaças e trambiques na cidade de Nova Iorque, embarca, com todas as despesas pagas, para a Europa. Lá, Tom encontra Dickie e uma outra norte americana- Marjorie Sherwood. Marge nutre uma paixão um tanto platônica por Dickie. Ripley inicia uma amizade um tanto obsessiva com Dickie, que logo nota o peculiar tratamento que Ripley lhe dá. Marge, aflita e enciumada, tenta dissuadir Dickie de se envolver com Tom. No entanto, uma viagem a San Remo transforma completamente a vida dos Três.

Tom Ripley se apropria da vida de Dickie e adota, então, suas maneiras de agir e viver. Uma série de situações inusitadas ocorre no romance policial e Ripley, agora na pele de Dickie, se torna um fugitivo de seus próprios medos e se esquiva ao máximo do que poderia se transformar na ruína de sua vida, ou melhor, na ruína de sua nova identidade: Dickie Greenleaf.

Embora passe por fases de iminente derrota, Tom Ripley conta com uma inaudita sorte. E o acaso favorece, então, o protagonista crápula. Até mesmo o leitor passa a acobertar os caminhos trilhados por Ripley na tentativa de se esquivar da punição, e se esquivar sob seu novo nome.
Em o Talentoso Ripley há um caso de heroísmo às avessas, na leitura há a compulsão em torcer pelo sucesso do vilão - que é, afinal, o próprio protagonista- Thomas Ripley. A obra rompe com paradigmas tradicionais como o quão fino e delicado é o limite entre o que é considerado certo e o que é reprovável. O leitor, absorto nas aventuras de Dickie; ou melhor; Tom não percebe que também muda de identidade e se infiltra nos estratagemas tramados pelo herói-vilão. O livro e o protagonista propõem juntos libertação, e é claro que, ao menos um deles, alcança seu objetivo.
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v1gn2r 27/08/2012

Um daqueles raros casos onde o filme é melhor que o livro.
Sei que são mídias diferentes, mais todo o clima de suspense e erotismo é melhor explorado na versão cinematográfica.
Os jogos de manipulação, a obsessão, o amor e ódio existente na relação entre Tom Ripley e Dickie, é retratado em poucas páginas, e de forma extremamente subliminar pela autora, que preferiu dar enfoque a trama policial.
Enfim, apesar da leve decepção, "O Talentoso Ripley" é um bom livro e se eu tiver a oportunidade gostaria de ler as continuações.
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JP 02/11/2011

Adorável psicopata
"O Talentoso Ripley" é sempre apontado como um clássico do gênero policial. Rendeu inclusive duas boas adaptações cinematográficas em 1959 e em 1999 (a segunda, diga-se, muito mais fiel ao "clima" da história).

No entanto, se você espera entrar em contato com refinamento literário e frases bem elaboradas, desista. Ler este livro é ler o enredo (que só começa a empolgar depois da metade).

Apesar do tédio inicial, há de se levar em conta a criação de uma personagem dotada de alta complexidade. Dono de uma mente perturbada, vivendo alheio ao mundo e às pessoas que o cercam, Ripley vai desenvolvendo uma relação doentia com quem passa por sua vida, revelando uma mistura de inveja e compaixão.

Além da composição do perfil psicológico de Ripley, o romance expõe, ainda que sem grande profundidade, questões como o moralismo e o conservadorismo cultivados pela sociedade norte-americana na metade do século XX e descortina, ainda que de forma tímida, alguns tabus relacionados ao comportamento sexual da juventude da época.

A maneira como Patricia Highsmith constrói a psicopatia do protagonista é um dos trunfos da narrativa e o motor que impulsiona os acontecimentos. O final, para quem não é entusiasta do politicamente correto, pode agradar. Vale lembrar que é com "Talentoso" que a autora inicia uma série com mais quatro volumes que narram os crimes de Ripley em suas viagens pela Europa.
Fabio.Mendes 28/03/2017minha estante
Cretino, vigarista




Psychobooks 11/05/2010

Tom é um rapaz que alimenta um ódio secreto de si mesmo, tudo relacionado que conquistou para sua vida: amigos, emprego, festas, ele simplesmente despeza. Ele mora no quarto de um amigo e vai sobrevivendo de trambique em trambique.


Depois de ir atrás do filho do milionário Greenleaf, Tom se torna o melhor amigo de Dickie, pois o rapaz tem tudo o que ele sempre sonhou na vida: dinheiro a seu dispor.


Acontece que Marge Sherwood, amiga íntima de Dickie e apaixonada por ele, se interpõe no caminho. Com medo de ser despezado, Tom reage de uma maneira inesperada matando Dickie e assumindo sua identidade.


Freddie Miles vai visitar seu velho amigo Dickie, no apartamento dele em Roma, mas acaba encontrando Tom Ripley, imediatamente ele suspeita do Tom e de que algo está errado.

Leia mais: http://psychobooks.blogspot.com/2010/05/resenha-o-talentoso-ripley.html
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