Alan kleber 07/02/2024
Fascinante e perturbadoramente escrito
Em "O Talentoso Ripley", Patrícia Highsmith nos apresenta Tom Ripley, um personagem complexo e intrigante.
A história se desenrola quando Tom é contratado para convencer um jovem bon vivant, Dickie Greenleaf, a retornar para casa nos Estados Unidos. No entanto, ao se envolver com Dickie e sua vida luxuosa na Itália, Tom desenvolve uma obsessão doentia pelo amigo, embarcando em uma série de mentiras e manipulações para assumir a identidade de Dickie.
Essa é uma obra que mergulha nas profundezas da psique humana, explorando temas como identidade, desejo e moralidade. Patrícia Highsmith tece uma narrativa cativante, e ao mesmo perturbadora, onde somos constantemente desafiados a questionar nossas próprias noções de certo e errado.
A complexidade de Tom Ripley como protagonista é um dos aspectos mais fascinantes do livro. Ele é simultaneamente encantador e pertubador, capaz de cometer atos terríveis com uma frieza calculada. A habilidade da autora em nos fazer simpatizar e repudiar Tom ao mesmo tempo é verdadeiramente impressionante.
Além disso, a ambientação na bela costa italiana é vividamente retratada, proporcionando um cenário rico e envolvente para os eventos da trama se desenrolarem. A atmosfera ensolarada e sofisticada contrasta de forma intrigante com a escuridão que se esconde por trás das ações de Tom.
Outro aspecto notável é a habilidade de Highsmith em construir tensão psicológica. À medida que acompanhamos a jornada de Tom, somos constantemente envolvidos em um jogo de gato e rato, sem nunca saber até onde ele está disposto a ir para alcançar seus objetivos.
Ansiamos pela punição de Tom Ripley durante a narrativa, mas no questionamos se a verdadeira punição não seria ele viver com o peso de suas mentiras e manipulações, imerso em uma atmosfera mental de paranóia constante. No entanto, surge o questionamento: e se Tom Ripley for um psicopata? Nesse caso, viver com o peso de suas próprias ações não seria uma verdadeira punição pois a falta de empatia e remorso característicos desse transtorno o permitiriam lidar facilmente com as consequências. A leitura nos leva a explorar essa possibilidade e a nos surpreender com o desfecho, revelando nuances inesperadas sobre a natureza de Tom Ripley e suas escolhas.