Anisans 25/05/2024
Permanece excelente. Digo isso porque é a primeira releitura que faço do livro e as impressões são praticamente as mesmas da primeira vez, a leitura é leve, flui demais e a escrita dos autores todas as vezes me fazia querer voltar para ler mais. A premissa aqui é envolta nos dias que antecendem o Armagedom e o motivo pelo qual ele não deveria acontecer segundo Aziraphale e Crowley ? respectivamente um anjo e um demônio enviados de seus 'escritórios' para dar suporte (seja negativo ou positivo) aos humanos desde os primórdios da terra, mas que, com o tempo e o serviço, desenvolveram grande afetuosidade pela terra e pela vida que levam nela. Falando dessa dupla que eles formam ? a energia que emerge deles é sem dúvidas um dos pontos altos do livro, de modo que suas interações são grandemente aguardadas todas as vezes que outros focos/personagens estão em cena, e todas as vezes em que eles voltam a aparecer, fazem valer a pena a estadia, entregando conversas que me fazem pensar ? são dignas somente deles. Os outros personagens são tão bem pensados quanto, e alguns deles entregam umas passagens que me fizeram rir por tempos, fora que adoro os motivos por eles estarem aqui, cada um tão improvável de estar junto mas que cumpre um papel tão necessário para a trama e fecha uma ponta tão essencial da narrativa que chega a parecer que não poderia ser feita por mais ninguém. Também gosto muito da discussão que é estabelecida praticamente nos fundos da trama mas que se mostra muito presente principalmente nas páginas finais ? a questão sobre o Grande Plano e a Inefabilidade, deixa o leitor pensando, o Armagedom foi realmente evitado ou é apenas uma calmaria que antecede a tempestade, mais precisamente, ele ser evitado fazia parte dos planos? O que Deus realmente planejou com tudo isso? E se o cessar-fogo do fim do mundo já era esperado por Deus, o que ele realmente planejou como a grande guerra entre o céu e inferno?
Essas e outras respostas nós provavelmente teríamos tido a chance de ver na sequência que os autores pensaram em escrever mas que no fim das contas, acabou não vendo a luz do dia, mesmo assim, felizmente temos a série do Prime Video (para os de nós que gostaram) e que podemos esperar ver esse arco na terceira temporada. Aproveito que mencionei a série para recomendar ela para aqueles que curtiram o livro, principalmente para os leitores que gostaram da dinâmica e interações entre Crowley e Aziraphale, já que na série elas são intensificadas, tanto pela performance dos atores quanto pelo roteiro ? feito em parte pelo próprio Neil Gaiman. Como eu disse na outra resenha que fiz, em se tratando de Crowley e Aziraphale, gosto de pensar na versão deles da série como se fosse uma extensão dos personagens do livro, diferente de algumas pessoas que optam por separá-las, para mim, soa muito agradável pensar que o Neil fez algumas adições/alterações que teria entrado no material base, mas que viu a oportunidade de vir agora na produção audiovisual, o que, do meu ponto de vista, é tudo de bom.
Enfim, acredito que é isso, o livro continua sendo ótimo, traz aquele humor misturado com reflexões que servem muito bem à nossa realidade atual, mesmo tendo se passado pouco mais de 30 anos desde a primeira publicação, é original, criativo e hilariante, daquele jeito bem inglês de ser.