É isto um homem?

É isto um homem? Primo Levi




Resenhas - É Isto um Homem?


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Erudito Principiante 10/10/2019

Impactante!
Esse livro, com um relato perturbadoramente real, me assombrou mais do Drácula e os contos de Poe, me fez prender a respiração mais vezes do que Stephen King. Ou seja, o horror da realidade é pior do que o da ficção. No entanto obras como essa devem ser lidas por todos, à exaustão, para que não caia no esquecimento toda crueldade do que o ser humano é capaz para com seu semelhante.
Sheila Lima 10/10/2019minha estante
Li algumas resenhas sobre esse livro, me interessou muito. Em contrapartida, venho me debatendo com a maldade das pessoas e não sei até que ponto eu conseguiria ler. O fato é que o homem espiritual cada vez mais dá lugar ao homem animal. Lamentável!




Livros e História 25/09/2019

Um livro necessário
Esta é uma história verdadeira sobre a desolação humana em um campo de concentração alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Primo Levi é o autor e o homem que vivenciou e passou por todos os fatos descritos nesse livro. Ele foi detido pela milícia fascista no dia 13 de dezembro de 1943, aos 24 anos, e foi deportado para Auschwitz em 1944.
Primo era “cidadão italiano de raça judia”, foi parar no campo de concentração de Fóssoli, agora ele não tinha nome, ele tinha um número tatuado em seu braço, 174.517, com esse número, sabiam que ele era um judeu chegado da Itália. Primo descreveu muitas coisas que aconteceram enquanto ele estava no campo de concentração, como: os prisioneiros tinham trocas de roupa a cada 70 dias; trocavam ração (pão) por uma colher, faca, roupa, qualquer coisa que precisassem; havia espiões no campo; de tempos em tempos acontecia uma seleção para o gás; e quando o inverno chegava, de dez homens, sete morriam.
Quote: “A noite chegou, e todos compreenderam que olhos humanos não deveriam assistir, nem sobreviver a uma noite dessas. Nenhum dos Guardas, italianos ou alemães, animou-se a vir até nós para ver o que fazem os homens quando sabem que vão morrer” LEVI, 1988, p.14.
Conforme ele vai relatando o que vivenciou, várias coisas passam na minha mente, e a partir disso que vem a reflexão que é o título deste livro, é isto um homem? O que o ser humano seria capaz de fazer? Até onde ele chegaria por sua ideologia? É triste pensar que muitos deixaram a sua humanidade de lado e trataram os que eram “diferentes” de uma maneira tão horrenda. Temos que tomar cuidado para que coisas como essa não aconteçam mais.


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EduardoCDias 08/09/2019

Ainda a guerra...
Preso em Auschwitz na II Guerra, um químico italiano descreve de forma crua sua vivência no Campo de Concentração. Sofrimentos, amizades, sobrevivência, tudo se mistura num pool de emoções difícil de acompanhar sem se comover. Leitura obrigatória para quem se interessa pelaII Guerra e os limites do ser humano.
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Bruna 06/09/2019

Do que é feito o ser humano?
"Muitos, pessoas ou povos, podem chegar a pensar, conscientemente ou não, que "cada estrangeiro é inimigo". Em geral, essa convicção jaz no fundo das almas como uma infecção latente; manifesta-se apenas em ações esporádicas e não coordenadas; não fica na origem de um sistema de pensamento. Quando isso acontece, porém, quando o dogma não enunciado se torna premissa maior de um silogismo, então, como último elo da corrente, está o Campo de Extermínio."

Este trecho que escolhi para a abertura diz muito sobre este livro que vem sendo o melhor que eu li ainda este ano e, olha, eu li muitos livros bons que eu indico super. A questão é que este livro não falará apenas sobre o campo, com a sua rotina; hierarquia; e, a crueldade latente da engrenagem nazista. Mas falará de homens ou daquilo que fora feito deles ao atravessarem a cerca elétrica...e o que restou daqueles que sobreviveram, mesmo que por apenas 3 meses.

Primo Levi é um judeu italiano, químico e um magnifico escritor, sobrevivente de Auschwitz-Bikernau.

Neste livro, ele começara o seu relato sobre tudo que ele viu e vivenciou durante este tempo, mostrando não apenas os fatos, mas usando da psicologia e da filosofia para tentar entender tudo que lhe estava ocorrendo e fugia completamente de sua compreensão. Mas, não ache que só porque ele usa destas duas áreas do conhecimento para refletir sobre, que o livro é de uma leitura maçante, cheia de termos técnicos, uma competição entre texto corrido e notas de rodapé. Muito pelo contrário, uma leitura fácil, direta e ágil, que só não foi mais "ágil", porque definitivamente, este tema não permite.

Recomendo à todos mais este livro sobre o holocausto, mais este registro de uma história que nunca mais deve ser repetida, nem em seus mínimos detalhes.
E aposto com vocês que após lê-lo, os demais livros sobre esta experiência do autor vão entrar na sua lista de próximas aquisições 'facim, facim'.



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Valério 30/07/2019

Mais que uma narração dramática
"É isto é um homem?" ficou muito famoso por ter sido escrito e publicado pelo seu autor e narrador em primeira pessoa pouco depois de sua libertação de Auschwitz.
E foi com essa expectativa que iniciei a leitura. Já li muitos livros sobre nazismo e os períodos históricos que antecederam e sucederam essa anomalia. Em primeira pessoa e também narrados por terceiros. Histórias reais, fictícias e misturas das duas. Contadas por alemães, poloneses, ingleses, russos, judeus, dentre outros.
Mas nada é como este livro.
Primo Levi viveu no campo de concentração como judeu, no período mais crítico. E conta com impressionante (mesmo) riqueza de detalhes.
Mas o que mais diferencia este livro dos outros é sua qualidade literária. Primo Levi é um grande escritor.
As frases são fortes, martelam em nossas cabeças, nos levam a sentir o que sentiam prisioneiros judeus (melhor dizendo, nos ajudam a ter uma breve noção. A realidade deles era tão distante da realidade de qualquer pessoa que daí decorre o título do livro: Não eram mais homens. Os prisioneiros tornavam-se fantasmas apáticos, destituídos de vontades, sonhos, imaginação ou mesmo pensamento).
Sofremos imaginando o que passaram. E este sofrimento é necessário.
Porque a humanidade não aprendeu e insiste em cometer o mesmo erro. Coíbe o nazismo como se fosse apenas o nazismo que praticasse as atrocidades descritas. Mas esquece que o nazismo é apenas uma das formas de se praticar o genocídio covarde e ultrajante. Que outras formas de imposição totalitária e absolutista continuaram matando (e mataram muito mais ainda que o nazismo). Contudo, inacreditavelmente, embora a humanidade tenha corretamente abolido o nazismo, continua flertando com ideologias irmãs, como o comunismo, sempre disfarçado no início de socialismo - em nome do proletariado e dos pobres.
As justificativas se repetem e proliferam partidos comunistas pelo mundo.
Que o livro seja lido. Se mais pessoas tivessem "sentido" este livro poderíamos ter evitado tantas outras milhões de mortes. E poderíamos proibir partidos comunistas como já proibimos nazistas.
Grande livro, fundamental para a história da humanidade.

Trechos que destaco:

Ao embarcarem nos trens para Auschwitz:
"Cada um se despediu da vida da maneira que lhe era mais convincente. Uns rezaram, outros se embebedaram; mergulharam alguns em nefanda, derradeira paixão. As mães, porém, ficaram acordadas para preparar com esmero as provisões para a viagem, deram banho nas crianças, arrumaram as malas, e, ao alvorecer, o arame farpado estava cheio de roupinhas penduradas para secar. Elas não esqueceram as fraldas, os brinquedos, os travesseiros, nem todas as pequenas coisas necessárias às crianças e que as mães conhecem tão bem. Será que vocês não fariam o mesmo? Se estivessem para ser mortos, amanhã, junto com seus filhos, será que hoje não lhes dariam de comer?"

Sobre como se comportavam os prisioneiros que ganhavam alguma função:
"basta oferecer a alguns indivíduos em estado de escravidão uma situação privilegiada, certo conforto e uma boa probabilidade de sobrevivência, exigindo em troca a traição da natural solidariedade com os companheiros, e haverá quem aceite. Quando lhe for confiado o comando de um grupo de infelizes, com direito de vida e morte sobre eles, será cruel e tirânico"
Assim se comportam os soldados do exército de Maduro. Assim se comportaram os prisioneiros e se comportam os próximos de líderes como Hitler, Stálin, Mao Tsé Tung, Kim Jong Un, Fidel Castro, Franco, Mussolini e Pol Pot, entre outros.

"Aos pés da forca, os SS nos olham passar, indiferentes. A sua obra foi concluída, e bem concluída. Os russos já podem vir: já não há homens fortes entre nós, o último pende por cima das nossas cabeças e, para os outros, poucas laçadas de corda bastaram. Os russos já podem vir: só encontrarão a nós, domados, apagados, já merecedores da morte inerme que nos espera.
Destruir o homem é difícil: quase tanto como criá-lo: custou, levou tempo, mas vocês, alemães, conseguiram. Aqui estamos, dóceis sob o seu olhar; de nós, vocês não têm mais nada a temer. Nem atos de revolta, nem palavras de desafio, nem um olhar de julgamento."
Luci Eclipsada 30/07/2019minha estante
Esse ano pretendo ler esse livro também. Muita gente tem lido este ano, alias! Bom, nem preciso perguntar o que achou, pois já deu para perceber que super recomenda. Pretende ler o "A trégua"?


Valério 31/07/2019minha estante
Pretendo. Já comprei tanto "A trégua", como "Assim foi Auschwitz". Mas vou esperar um tempinho. Para intercalar com outros autores e outros gêneros.
Espero que goste. Ele escreve muito bem.


Luci Eclipsada 31/07/2019minha estante
Legal. Ficarei de olho quando comentar a leitura desses livros. Também espero gostar desse que acabou de ler!
:-)




bia prado 25/07/2019

a pior parte é saber que não é ficção
Em É isto um homem?, de Primo Levi, nos voltamos em direção as atrocidades ocorridas no campo de concentração de Auschwitz, na Segunda Guerra Mundial, através de um relato real e muito consciente de todo o sistema ao qual foi submetido. O trabalho forçado, as relações de poder, as configurações dos espaços e os indivíduos que integravam o campo são alguns dos elementos tratados no testemunho, emergindo o leitor nesse ambiente claustrofóbico e opressor. Ele também indaga sobre a fome, o frio e como o modo de vida que levava não poderia ser digno de ser considerado humano.

O primeiro fator que tiraram foi seu nome. Deram-lhe um número como substituto, 174.517, e o tatuaram em seu braço, para que ficasse consigo até a morte e o lembrasse de que foi reduzido àquilo. Não foi privado apenas de estar com sua família e de seu lar. Suas vestes, o cabelo, direto de ir e vir, de falar, de comer, nada daquilo o pertencia mais. Deveria seguir as ordens, pois se não seria batido e humilhado, e a punição para os que se rebelavam era a forca. Muitas vezes “quem perde tudo, muitas vezes perde também a si mesmo.” (p. 33) e eles precisavam achar formas de se agarrar em algo que fosse minimamente humano. A única opção que possuíam, segundo Levi, era a “de recusar nosso consentimento.” (p. 55), portanto seguir as ordens não para obedecer aos alemães, mas se lavar, andar ereto para manter a dignidade e continuar vivo, para não morrer aos poucos.

Por serem tratados como animais, inferiores e indignos, ficavam num estado letárgico diante da morte iminente. A questão para eles não era se iriam morrer lá, mas quando chegaria sua hora. Não havia mais um futuro além daquele lugar, somente o presente dominava suas mentes, pois o amanhã nunca estava garantido. Pensam constantemente se voltariam a ver a luz do sol e se em algum momento sairiam daquele período de escuridão e trevas, que parece que só ter fim com a morte. Os dias iguais, com uma rotina repetitiva e estressante, fazia com que os aniquilasse “primeiro, como seres humanos, para depois matar-nos lentamente.” (p. 70).

Dormir pouco, trabalhar durante horas excessivas, superar a exaustão, ter que conviver com a constante fome, são alguns fatores que mudam um homem. Por isso, a lógica no campo era diferente, como diz o autor “não há criminosos, porque não existe uma lei moral a ser violada; não loucos, porque somos programados; cada ação nossa é, neste tempo e neste lugar, claramente a única possível.” (pp. 143-144). Ali, cada um estava por si só e era “impossível sobreviver sem renunciar a nada de seu próprio mundo moral (p. 136). Não podiam fazer perguntas, pois seriam maltratados ou ignorados e Levi faz afirmações categóricas e muito tristes sobre o pensamento: "Porque nos Campos perdem-se o hábito da esperança e até a confiança no próprio raciocínio. No Campo, pensar não serve para nada, porque os fatos acontecem, em geral, de maneira incompreensível; pensar é, também, um mal porque conserva viva uma sensibilidade que é fonte de dor, enquanto uma clemente lei natural embota essa sensibilidade quando o sofrimento passa de certo limite. (pp. 251-252)"

Mesmo que não fosse fácil, é impressionante ver que eles conseguiam enxergar pequenas ausências de tristeza. Por exemplo, quando estava chovendo, mas não ventava. Esse detalhe, que pode parecer pequeno em um primeiro momento, faz completa diferença na vida desses escravos quando trabalhavam ao ar livro e faziam questão de se agarrar a esses pontos, pois ajudavam a suportar mais uma jornada de trabalho forçado. No caso de Levi, o poema épico A divina comédia, de Dante Alighieri, foi tanto um refúgio de sua condição no campo, como fazia comparações entre a ficção e sua realidade, pois ele estava no inferno na terra. Era uma forma de fugir daquele ambiente, pelo menos em pensamento.

As experiências vividas por Levi no período em que ficou no campo, de dezembro de 1945 a janeiro de 1947, não impediu que o autor contasse sua história. Ao contrário são elas que motivam sua escrita e impulsionam o testemunho. Ele se apoia integralmente na memória para contar sua história e, mesmo com falhas e buracos desta, o autor consegue transmitir como era o cotidiano. Arrisco dizer que o trauma fez com que recordasse com precisão dos detalhes para poder recontá-los. Era algo que o incomoda tanto, que como ele poderia esquecer? Ainda que a linguagem não dê conta de descrever tudo pelo qual passou, ele consegue passar esse mal-estar para o leitor, fazendo com que seja um livro indigesto.

O autor questiona, como poderia utilizar a mesma palavra em um ambiente livre e no campo. A experiência de sentir fome por não comer o almoço não se compara a fome de Auschwitz. Por isso que a incapacidade de narrar com precisão os acontecimentos a que eram submetidos, de degradação do corpo e da mente, é um obstáculo muito grande a ser ultrapassado. Conseguir contar e conseguir um público para receber o testemunho, dando-lhe o devido valor, são dois méritos de Levi. Seu livro tem uma importância imensurável, tanto para a literatura, quanto para a história.

É isto um homem? permanece conosco mesmo após o fim, pois foi algo real, milhares de pessoas passaram por situações semelhantes e iguais as descritas e não é fácil aceitar essa verdade. O que o homem fez a outro homem em Auschwitz choca. O capítulo “Outubro de 1944”, em que narra a seleção para a câmara de gás, me deixou enojada, pois evidencia ainda mais a crueldade e falta de humanização do holocausto. Não importava muito quem estava indo para o gás, pois os nazistas acreditavam que nenhum judeu tinha o direito à vida e o tratavam como coisa, pior que um animal. Não havia limites no campo e é impressionante ver alguém tão lucido como Primo Levi, mesmo depois de tudo o que enfrentou.
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Mario Miranda 08/07/2019

Tal qual o relato de Chil Rajchman é um relato imprescindível sobre o Campo de Extermínio de Treblinka, Primo Levi nos mostra a crua realidade do mais famoso campo de concentração nazista, Auschwitz.

Primo Levi é delatado na Itália quando fazia parte de uma organização paramilitar contrária a ocupação alemã na Itália, acaba sendo preso no momento que a Alemanha nazista decidia pela "Solução Final" da "Questão Judaica". Desde os primeiros capítulos é latente o quão disponível é a vida de um judeu, sendo sua sobrevivência, durante a saída de um trem, determinada se ele saiu pelo lado direito ou esquerdo. A questão muitas vezes envolvia idade/sexo (mulheres, crianças, idosos possivelmente iam diretamente as câmaras de gás).

Durante a leitura, que não é nem rancorosa tampouco revanchista, contudo muito mais descritiva. Primo Levi nos mostra a incansável rotina de trabalho (muitas vezes iniciando às 03 da manhã do inverno polonês), os requintes de crueldade dos soldados nazistas, bem como as sessões de violência a que eram submetidos, resultando em apenas 3 sobreviventes daquele trem que o levou ao Campo de Concentração.

Em épocas onde revisões históricas são ditadas, e revisionismos estapafúrdios são propostos - sendo o Revisionismo referente ao Holocausto um que, infelizmente, nunca sai de moda - poder ler o relato de quem sofreu diretamente a consequência do Nazismo torna-se uma fonte única de sabedoria. Fica a questão: Até que ponto a nossa sociedade, o ocidente, foi capaz de ir?

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Nati Sampaio 04/02/2019

Que livro!
É um relato cru sobre os eventos ocorridos no Campo de Concentração em que Primo, um sobrevivente, viveu. A leitura é maravilhosa, a escrita é belíssima, e o autor nos faz pensar diversas vezes sobre assuntos de extrema importância. Em nenhum momento o autor conta sobre sua história pessoal de antes ou depois do Campo, ele apenas narra de forma muito clara como era a vida dentro do Campo, como os prisioneiros agiam uns com os outros, e divide também muitos pensamentos dos quais nem todos ele se orgulha.
É uma obra magnífica. Recomendo pra todos.
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01/02/2019

Como resenhar um livro que é o relato de uma experiência de vida do outro? E ainda uma tão forte? Alguma coisa que se disser pode acabar soando como desrespeito pela vida alheia. O que posso dizer é quanto ao que foi o impacto desse livro em mim e um ou outro detalhe o mais objetivo possível. A leitura foi, por um sem número de vezes, assustadora. É assustadora a riqueza de detalhes, o quão fundo o autor se dispôs a narrar da própria humilhação/miséria, o quanto descobrimos e que não vemos facilmente em outras descrições sobre os campos de concentração. Por ter sido personagem daquilo que conta, Primo Levi pôde ir muito além de um mero relato descritivo; ele provoca o leitor com discussões sobre a moralidade do campo, a transformação que o campo impõe aos homens. Quanto de humanidade resta naqueles seres (detentores de poder ou não)? Quanto de humanidade há nas relações de uns com os outros?
Com certeza uma leitura valiosíssima (olha aí um meio julgamento da vida alheia). Com todo respeito ao sofrimento por que passou Primo Levi, um livro magnífico e favoritado.
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Gláucia 26/11/2018

"Pensem que isto aconteceu"
O que aconteceu nos campos de extermínio nazistas, o que acontece hoje pelo mundo, do Oriente Médio às nossas periferias, a profunda desigualdade que se impõe pelo mundo é uma repetição triste da história, um acúmulo de culpas e tentativas de desumanização, em sistemas sustentados por elites de poder que não têm pudor em descartar - não antes de sugar a dignidade - aqueles que veem como entrave aos seus projetos ("justificados" ao longo dos séculos pela religião e pela ciência). O relato de Primo Levi é absolutamente triste não apenas pelo que aqueles terríveis atos significaram em si mesmos e para aquelas vítimas. Mas também porque eles se repetem e nós... bem, nós assistimos. 11 milhões de pessoas estão prestes a morrer de fome no Iêmen. E o que falar do massacre imposto pelo Estado de Israel, com a conivência das potências ocidentais, aos palestinos? Essas mesmas potências ocidentais poderiam ter agido antes de 1945 para denunciar e acabar com os campos de extermínio, evitando, senão todas, mas boa parte da tortura e morte dos judeus. Mas não o fizeram, não é mesmo?

O silenciamento e a conivência gritam a cada linha em "É isto um homem?". E o que é pior, visivelmente o que mais colabora para a tristeza crescente de Primo Levi, é que não apenas parte de quem tinha poder para efetivamente mudar aquele cenário. Parte também dos oprimidos (lembrança imediata a Paulo Freire e sua clássica consideração sobre educação e liberdade), aqueles que estavam dispostos a negar qualquer noção de solidariedade e fraternidade em prol de algum status (a sobrevivência - momentânea, porque o plano da "solução final" era o extermínio - poderia ser garantia pela obediência e, claro, pelo que Levi chama de "casualidade"). Em um momento do texto, Levi evidencia que o suicídio era possível no campo, mas a humanidade parecia um sacrifício menor que a vida, por mais precária que fosse, exceto para alguns, esses que ele refere como sendo "feitos de outra substância", mais "próxima aos santos", mas para os quais não havia tolerância, muito menos perdão.

A indignação e o luto pelos judeus, homossexuais, ciganos, opositores políticos assassinados pelos nazistas com a cumplicidade de outras potências, devem ser alinhados à denúncia constante e à consciência de que não estamos livres desses cruéis massacres, que eles aconteceram e acontecem, ainda que em diferentes formas, em diversas partes do mundo e, muitas vezes, estamos sedados demais para vê-los. Primo Levi sabia que, separados/individualizados, aqueles prisioneiros não teriam chances contra a SS e o estado nazista se empenhou em precarizar todas as condições de existência nos campos a fim de desunir os prisioneiros e encaminhar a artificialização de uma hierarquia que destroçava o coletivo e sua humanidade. Mas também seria ingênuo pensar na união dos prisioneiros contra todo o poder bélico hitlerista. Eles não tinham chances sem a ajuda externa e militar dos Aliados. Porque se a solução para esses massacres e explorações não for pensada globalmente e contra o sistema que vive a partir dos lucros que essa desigualdade gera, eles estão fadados a se repetir.
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Sandra Silva 31/10/2018

Triste
É tão impactante! Tão devastador! Tão amedrontador!
O que o ser humano é capaz de fazer com outra pessoa é apavorante!
É tanto sofrimento, tanta humilhação..
Primo Levi trás um relato pormenorizado do que viveu, e ainda vive em suas lembranças... e é assustador!
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Daniel Fessler 21/06/2018

Não apagar o passado para não repeti-lo no futuro
"É um homem quem mata, é um homem quem comete ou suporta injustiças; não é um homem que, perdida já toda reserva, compartilha a cama com um cadáver. Quem esperou que seu vizinho acabasse de morrer para tirar-lhe um pedaço de pão, está mais longe (embora sem culpa) do modelo do homem pensante do que o pigmeu mais primitivo ou o sádico mais atroz.
[...] Não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa ante os olhos de outro homem."
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leonel 16/04/2018

vou estar criando uma lista chamada 100 livros para ler depois de morrer.
vou estar incluindo este.
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meriam lazaro 12/04/2018

Apenas pitacos sobre um livro já muito resenhado
É isto um homem? A pergunta título do livro serve para questionar atitudes tanto dos algozes nazistas, como de suas vítimas. Merecem certas atitudes com vista à sobrevivência tomadas num campo de concentração os mesmos critérios de avaliação das atitudes praticadas fora dali? Na medida em que é possível uma narrativa despojada de aspereza e ódio, Primo Levi narra de forma simples sua experiência nos últimos 14 meses da Segunda Guerra Mundial. Era formado em química, o que lhe serviu para sobreviver no período final de cativeiro.

Como disse, não é uma resenha, que nem sei fazer. Apenas um breve comentário. Há ótimas resenhas desse livro por aí.

Fiquei curiosa para ler outros livros dele: "Trégua", "A tabela periódica", "Os afogados e os sobreviventes". Aproveitei para ler a entrevista com o escritor, feita em 1985, para a "Paris Review".

1 "É isto um homem?"
PRIMO LEVI
Editora Rocco
2 "As entrevistas da Paris Review"
Editora Companhia das Letras
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Paulo Sousa 24/12/2017

É isto um homem?
Lista #1001livrosparalerantesdemorrer
Livro lido 3°/Dez//60°/2017
Título: É isto um homem?
Título original: Se questo è un uomo
Autor: Primo Levi (Itália)
Tradução: Luigi del Re
Editora: @editorarocco
Ano de lançamento: 1958
Ano desta edição: 1988
Páginas: 256
Classificação: ??????
_______________________________________________
?os personagens destas páginas não são homens. a sua humanidade ficou sufocada, ou eles mesmo a sufocaram. lourenço, não. lourenço era um homem; sua humanidade era pura, incontaminada, ele estava fora desse mundo de negação. graças a ele, não esqueci que eu também era um homem? - pág. 180.
.
o ano está findando e eu tinha de justamente pegar para ler o triste e sombrio relato do escritor primo levi sobre sua funesta estada em auschwitz, o temível campo de concentração nazista.
.
apesar da escolha certa em um impróprio momento, estas linhas comoventes são um forte soco no estômago e no cérebro. levi, escritor italiano importante, engajado, amigo de philip roth, foi deportado para auschwitz em 1944, aos 24 anos de idade onde ficou confinado por quase dois anos. como judeu, sentiu na pele todo o furor da máquina do terceiro reich. como humano, sentiu a esmagadora fome, o frio intenso, os maus tratos diários, a falta de esperança. viu ser mitigado o orgulho de ser homem, reduzido a mera coisa, viu cada sonho ser envolvido pela escuridão da incerteza, dicotomicamente avultada pela certeza da morte nas temíveis câmaras de gás.
.
levi teria todo o direito de fazer um relato embargado de ódio e vingança. mas não. sobreviveu. e resolveu contar as atrocidades porque passou nesse comovente, intenso e verídico relato. ?acho desnecessário acrescentar que nenhum dos episódios deste livro foi fruto de imaginação? - pág. 8.
.
não, não é necessário, signore levi.
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