Vanessa Rodrigues @letrasdavanessa 09/02/2018Escrito por Ian McEwan e publicado pela Editora Companhia das Letras, em 2001, Reparação já é considerado um dos 100 maiores romances de língua inglesa do último século. E isso não é pouca coisa! Concordo plenamente que o livro deveria fazer parte dessa lista.
Briony é aquela personagem que você ama odiar, Cecília é a mocinha mais antipática dos romances de época, e Robbie é o galã mais apático pelo qual me encantei. E são esses três que compõem o enredo de um dos melhores romances que já li na vida.
Reparação é um romance dividido em três partes que acompanha a família Tallis e o romance entre Cee e Robbie. O enredo é completamente original e o final é inusitado e inédito. A trama é muito bem amarrada, não há inconsistências e o autor desenvolve um complexo processo de metalinguagem na narrativa. O estilo de escrita é vitoriano, embora a história se passe durante a Segunda Guerra Mundial, McEwan é muito descritivo, mas faz isso na medida certa para não tornar o texto cansativo, pelo contrário. É a qualidade da linguagem do autor um dos grandes trunfos desse livro genial. Uma das técnicas usadas pelo autor é a narrativa do mesmo fato sob o ponto de vista de diferentes personagens. Essa técnica foi utilizada para reforçar as informações do narrador de que os fatos ocorreram exatamente daquele modo como ele narrou da primeira vez.
Os personagens definitivamente não são do tipo que nos fazem torcer por eles (a exceção de Robbie, talvez), mas o contexto e a história que os envolvem é que despertam identificação com eles. São vítimas das situações e joguetes do destino e essa, mais uma vez, é uma das melhores características da história.
A edição da Companhia das Letras é diagramada com uma fonte pequena, que pode ser cansativa às vezes, mas as páginas amareladas cumprem bem o seu papel de trazer mais conforto a leitura. A capa do livro, com uma cena do filme, não me agradou muito, mas ouvi várias pessoas comentando que adoraram.
Repito aqui que a linguagem do autor e seu brilhante final é o que tornam esta obra uma das mais belas que li e, com certeza, seu final agridoce não será esquecido por mim.
Ian McEwan se inspira na escrita de Jane Austen para escrever esta obra (o que deu muito certo, na minha opinião) e até usa uma citação da autora no início do livro. Ao trazer para a história a questão do autor que brinca de ser deus, McEwan traz ao leitor questionamentos que não se faz em qualquer romance. Não é à toa que a trama virou roteiro e foi adaptado para os cinemas em 2007, dirigido por Joe Wright, o mesmo diretor de Orgulho e Preconceito.
Recomendo este livro a todos, leitores ávidos ou esporádicos, amantes de um bom romance, ou de um grande suspense, que admiram a arte da escrita ou gostam de bons filmes, que queiram se apaixonar por um grande escritor, ou estejam a fim de a apenas odiar uma vilã das boas. Enfim, a todos, apenas leiam Ian Mc Ewan, o autor que conseguiu colocar seu nome na minha lista negra e no meu coração ao mesmo tempo!
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