Nana 06/10/2023Exercendo pensamento críticoLi esse livro pra fazer um trabalho da faculdade, então sinceramente não consigo mais julgar usando meu gosto pessoal. Fiz análise de contexto histórico, enredo, personagens, focalização e narrador, tempo e espaço, e depois de tudo isso posso concluir com certeza: Úrsula é um livro romântico como qualquer outro da época que foi esquecido pela história, o que torna a história relevante é seu caráter abolicionista trazido por meio de personagens secundários.
Soa maldoso dizer isso, mas a história de Úrsula, que leva o nome do livro, é quase que irrelevante pensando em termos de literatura. É uma história bonita e cativante, sim, nós torcemos pela protagonista e por um final feliz, mas acaba por aí. O que faz dessa obra obrigatória e extremamente importante para a história do Brasil, é: 1) a autora, primeira mulher preta a publicar um livro no país, e pioneira ao falar de abolicionismo no Brasil; e 2) os dois principais personagens pretos do livro, Susana e Túlio, trabalhando sob o comando da família de Úrsula e recheando o livro de falas, reflexões e atitudes abolicionistas. A história brilha aí, nesses dois que, propositalmente ou não, têm suas histórias contadas no pano de fundo da história.
Acho a escrita fácil e fluída para a época, temos milhares de livros do mesmo século com uma linguagem rebuscada mais complicadinha de se entender e que não ajudam muito a engatar na história. É bem acessível, eu diria, por isso considero uma boa obra para quem quer se iniciar em literatura brasileira. A linguagem não é das mais difíceis, o enredo é uma grande novelona e ainda trata de um tema importantíssimo. É ótimo que Úrsula finalmente esteja recebendo a atenção merecida, com sorte crescerá mais nos próximos anos.