Franklin Moreno 14/12/2023O século XXINão sei o que escrever nessa resenha. Li esse livro depois de ler o "A abolição do Homem" do C.S Lewis, pois esse é o mundo que Lewis aponta com as mudanças desejadas pelos relativistas. E como ele é atual. Ao invés do autor nos assustar com as barbaridades que acontecem do início ao fim, o espanto vem da identificação dessas cenas com a vida real. É como se ele tivesse narrando os dias atuais, tirando as invenções e desenvolvimentos que ainda não vieram.
Particularmente eu não gostei nada dos personagens. Mas são personagens criados para se encaixarem na história. Lenina, Bernard, Mustafá, John, Thomas e por aí vai. Se encaixam na história em si, dão o engrandecimento para ela, e de nenhuma forma impactam ou dão um novo rumo para a trama. O selvagem, John, é o mais fraco deles. É um personagem difícil de criar, complexo, mas é um tanto problemático na minha opinião. Em um momento ele está no mais alto diálogo com o Mustafá, um representante de um cargo altíssimo do governo. Outro, ele está fazendo qualquer coisa estúpida que não tem nada a ver com nada.
Por fim o universo fictício criado, que na minha opinião, é o ponto que faz esse livro ser conhecido até os dias de hoje. Há uma riqueza de detalhes, detalhes esses que têm muitas camadas de significado. Como a felicidade é único sentido para todas as coisas, como Ford e Freud são referências nesse novo mundo. Um mundo onde a comunidade dividida em castas é o ideal, onde a morte é normal (natural), onde o entretenimento é sempre o ponto principal, onde o cientificismo é religião (excluindo até a ciência), as drogas (o soma) são obrigatórias, onde a sexualidade é grupal (todo mundo é de todo mundo, desde criança) e feita para ser um instrumento de degradação e por aí vai. Os níveis e as camadas de detalhes são cada vez maiores segundo a percepção do leitor sobre os assuntos. Tirando os assuntos abordados pelo selvagem, que foram chatos e conflitantes para mim, o livro é uma obra prima do começo ao fim.
É uma frase que podia ser dita em qualquer filme em 3d, ou em qualquer streaming novo de filmes e séries, em qualquer slogan de rede social nova, que teria total significado: bem-vindos ao século XXI, o admirável mundo novo.