Resenhas - Pesado

Tina.Lilian 14/02/2022

Pesado é viver com traumas
Relato autoficcional aparentemente superficial e referente somente ao homem afro-americano, esta estória traz muitas camadas subliminares: violência na infância, relacionamento materno abusivo, abandono paterno, transtorno alimentar, abuso sexual, família disfuncional, vícios. E, claro, os problemas inerentes ao homem afro-americano na sociedade racista do Sul dos Estados Unidos que todos vemos reiteradamente nos noticiários. A ambivalência no comportamento da mãe é a força motriz do enredo: cientista política respeitada que ajuda seus alunos a se protegerem da violência oriunda do racismo, porém em casa pratica violência física e psicológica. E esse caldeirão de traumas resulta num comportamento autodestrutivo com consequências físicas. Pesado é a vida desse ser que ama mas não consegue amar, sobretudo a si mesmo. Dá muito o que pensar. Não leria de novo, mas daria de presente e leria outro livro do autor.

Kimberly30 14/02/2022

Verdadeiramente Pesado
Um nome digno das memórias que relata. Não foi uma leitura fácil, mas como todos os livros que a TAG traz, aprendi um pouco mais sobre tópicos que são ao mesmo tempo tão distantes e tão próximos.

Queila - Meu vício literário 13/02/2022

Que livro!
Teve uma galera reclamando desse livro dizendo que alguns fatos são escritos de forma superficial e arrastado.

Eu discordo completamente!

A narrativa de Kiese, endereçada a mãe, é direta, crua e muitas vezes visceral. Essa narrativa vai e volta no tempo. Vamos acompanhando Kie falar de suas memórias da infância, adolescência e vida adulta. E sobre suas relações com sua mãe e avó, no Mississipi, estado predominantemente rascista.

Ki.. enquanto narra sua vida, destrincha temas importantíssimos para sua sobrevivência, o racismo, a gordofobia, anorexia e compulsão alimentar, além de abuso sexual e parental, feminismo negro e queer. São assuntos pesados, narrativa pesada para entendermos a sua existência, muitas vezes pesada.

Um livro inesquecível, já favoritado! Quantas lições! Incrível!!

Sol 62 12/02/2022

O primeiro livro que recebi da TAG. A escolha do título reflete seu conteúdo, uma leitura pesada no sentido do leitor estar sempre na perspectiva de acontecer algo muito violento. A violência do racismo perpassa toda a leitura. O romance é uma autobiografia do autor, negro e obeso, é centrado em sua relação com sua mãe, uma mãe autoritária que vê na educação a única forma de proteger seu filho da violência presente nas relações com os ? brancos?. A partir dessa premissa, a mãe é exigente (às vezes violenta) em relação ao progresso do filho na escola e nas atividades de leitura e escrita que a mesma determina a ele. O romance avança até a fase adulta do narrador.

davioved 12/02/2022

Vícios norte americanos
Kiese Laymon com certeza tem o domínio da escrita. Davi soube pegar bem demais na tradução!

A prosa tem o ritmo certo, tem a narrativa acertada e a as repetições servem muito bem pra afirmar a ideia do autor. O sofrimento, a angústia, os desesperos, os vícios, todas as passagens difíceis do autor são afirmadas, reafirmadas e acentuadas pelas repetições.

Os pensamentos e a introspecção são passadas sem dificultar ou deixar a leitura muito intimista!

Ótimo livro!

Rafaela.Romeroo 11/02/2022

Pesado!
Nesse livro o Kiese Laymon registrou suas memórias, o livro é escrito como se fosse ele escrevendo para sua mãe, falando de sua vida, das situações que os dois passaram em sua infância/adolescência e como o garoto enxergava tudo.

Kiese cresceu no estado do Mississippi (EUA) e conheceu o racismo logo cedo, era instruído pela sua mãe e por sua vó a não dar oportunidade aos brancos de se aproveitarem dele, e isso com certeza é um choque pra uma criança que só quer viver normalmente sem precisar pensar se vai ser morto se sair correndo na rua à noite.

"Mas nunca entendi como sobreviver podia ser o nosso grande poder coletivo, se os brancos eram tão eficientes em nos matar"

Logo no começo do livro, Kiese diz: "eu queria escrever uma mentira" e como eu queria que esse livro fosse uma mentira, ele é realmente pesado! A princípio eu achei a capa sem sentido, mas ao ler a história consegui entender a fonte e o preenchimento total da capa com a palavra, porque é realmente isso que o livro é: PESADO.

Além de todos os problemas pessoais na vida de Kiese, ele ainda precisa lidar com o relacionamento tóxico com a sua mãe super abusiva, e pra mim foi muito marcante os momentos que ele passa a perceber como sua mãe o faz mal, eu acredito que uma pessoa que tem a mãe abusiva só nasce de verdade quando se liberta, e foi lindo acompanhar a libertação de Kiese.

Jefrodris 10/02/2022

Corpo(s)
um livro de corpo, com corpo e sobre corpos. Não se interessa em responder nada, mas questionar e incomodar muito [muito, muito!?]: já se sentiu pesado? quais pesos carregamos? quais as formas de pensar o corpo? o corpo sofre a ação das relações de poder?

Kelly.duarte 09/02/2022

Gostei do livro, porém achei raso, queria mais aprofundamento nos acontecimentos, que pra mim por muitas vezes ficaram corridos e sem muito significado! Mas entendo que o livro foi escrito como uma espécie de talvez um relato, ou carta para a mãe, porém achei cansativo e arrastado, não funcionou pra mim! Já li livros melhores sobre o tema, que me consientizaram muito mais, e fora que o relacionamento dele com a mãe é extremamente doentio e nada saudável e ele parece ver como se não fosse, isso me incomodou bastante ao longo da leitura!

Rayssa Bonissatto @livrosdarayssa 08/02/2022

Relato da realidade da pessoa que sofre racismo e transtornos alimentares
🚨GATILHOS: abuso parental, violência, racismo, transtornos alimentares, gordofobia.

Heavy, an american memoir, é uma autoficção, baseado na vida do próprio autor. Acompanhamos como é ser um homem negro e obeso estadunidense, desde sua infância, em Jackson, Mississipi, até se tornar professor na Faculdade de Vassar, em Poughkeepsie.
Acompanhamos o peso de crescer marcado com o racismo, pelo abuso, pela violência (principalmente, materna), pelos traumas, pelo transtorno alimentar, pelas mentiras e pelo vício.
Esse livro de memórias é direcionado à mãe de Kiese, responsável por grande parte de suas feridas. Ela é uma mulher extremamente inteligente, que luta para obter seu doutorado, que ensina ao seu filho que o estudo e a escrita são as ferramentas para se proteger dos policiais, dos brancos e dos EUA. Por isso, ela sempre exigiu nada menos que a excelência para que Kiese se mantivesse à salvo. Mas, frente à realidade, a régua da excelência para um negro é diferente. Mesmo quando é atingida, nada vale, não redime: o mundo ainda é racista e opressor.
A questão alimentar é outra de destaque: seja no excesso, seja na falta. É mecanismo de automutilação e espelho de como Kiese lida com o mundo.
A avó é outra figura central - fonte de amparo frente à relação sufocante com a mãe. Uma senhora com pouca instrução que inventa palavras explicava ao neto o motivo da mãe agir daquela maneira e qual a lógica dos brancos.
Essa leitura é desafiadora: vemos como a sociedade fracassou com essas pessoas através da fala de um sobrevivente que revive todas suas feridas.
Pesado retrata uma família negra que se ama, mas não sabe como demonstrar, marcada pela violência à gerações. Kiese, através da obra, diz o que precisa ser dito para entender o que passou e o que os seus passaram, pois, apesar de silenciados, suas vivências fazem parte da história americana.
Foi um soco no estômago. E os gatilhos foram diversos para mim... Um livro tocante, visceral.
Nota: 9/10

site: https://www.instagram.com/livros_da_rayssa/

Carol Jusvi 08/02/2022

Uma memória americana.
O relato da vida de Kiese Layman é dilacerante e envolvente. A confusão entre o amor e o abuso de uma mãe confusa e também abusada? O ódio ao próprio corpo caminhando para extremos na intenção de estar sempre se machucando. Nós, leitores, costumamos nos esquecer dos detalhes de alguns dos muitos livros que lemos, mas tenho a impressão de que sempre lembrarei dessa obra. Porque ela vive perto de nós. Ela é também a história das crianças negras do Brasil.

?? eu aprenderia, com quinze anos de atraso, que pedir e conceder consentimento, que sobreviver à violência sexual, que ser chamado de um bom menino e nunca forçar o início das realtors sexuais não me impediu de ser um indivíduo emocionalmente abusivo?.

Gláucia 07/02/2022

Pesado - Kiese Laymon
Livro de memórias do autor, negro, obeso, nascido e criado no Mississipi.
Não se trata apenas de racismo, fala sobre vários tipos de violência, relações familiares, compulsão.
A narrativa é construída como uma conversa ou uma carta de Kiese para sua mãe, em como ele passou a compreender suas atitudes após vários anos. Como sua criação por ela foi sempre guiada pelo medo do racismo, em como os negros tem sempre que se superar, sempre lutando para provar ao mundo sua inteligência, capacidade, honestidade. E que há pouco espaço para erros, mesmo que mínimos.

Fernanda Sleiman 06/02/2022

Pesado
Esse livro é como título, pesado, cru, realista, é um soco no estômago.

Obrigada Tag por me proporcionar essa experiência

Mari Pereira 06/02/2022

É um bom livro. Leitura ágil, escrita que envolve. Boas sacadas em algumas cenas. E mesmo com esse título, o livro possui alívios cômicos muito bem-vindos.
Gostei da forma que o autor fez um uso tão inteligente da semântica das palavras, e também como mobilizou algumas categorias de memória por meio dos silêncios e dos não ditos.
Mas, em geral, a narrativa me pareceu um pouco roteirizada demais. Reflexões e elaborações profundas sobre si apareceriam às vezes como conselhos fáceis de um companheiro de quarto, ou num bilhete amassado.
E me incomodou o fato da história que mesmo com seus percalços e dificuldades, seguir essa estrutura narrativa tão linear e monótona, apesar do caos que pretendia narrar. Assim, senti como que um descompasso entre a forma e o conteúdo.
Acredito que isso fez com que o livro, mesmo sendo bom, não me arrebatasse...

Cami 05/02/2022

aprendizagem
pesado é um realmente um livro muito pesado, e pode te ativar certos gatilhos? mas o quanto esse livro é enriquecedor? eu nem sei descrever em palavras.
Kie, nesse romance autobiográfico, aborda assuntos como racismo, violência (das mais variadas), transtornos alimentares, vícios, patriarcado etc. e a gente não precisa dizer que tais temas são tão presentes na nossa sociedade - infelizmente, né?
obrigada por me ensinar tanto através desse livro, Kie??não basta apenas não ser racista, é necessário ser antirracista?.

Laryssa 05/02/2022

Muito bom! Amei a temática contemporânea. Como é um livro de memórias, me identifiquei com o autor. Ele carrega muitas dores.